O presidente e os diretores do BC t�m hoje um sal�rio de R$ 17.327,65 mensais.
Segundo relatos colhidos pela Folha de S.Paulo, a concess�o de reajustes e a realiza��o de novos concursos para carreiras do BC foram os principais assuntos da reuni�o com o Minist�rio da Gest�o. No Planejamento, o t�pico tamb�m foi abordado dentro de um card�pio mais amplo de temas.
As reuni�es foram inclu�das na agenda p�blica de Campos Neto. Procurado, o BC n�o quis comentar.
De acordo com fontes do governo, Campos Neto elencou uma s�rie de entregas do BC, entre elas o Pix, sistema de pagamentos instant�neos lan�ado em novembro de 2020 e que teve r�pida ades�o da popula��o, para valorizar a categoria.
O presidente da autoridade monet�ria citou ainda recentes aumentos concedidos a carreiras do Legislativo e do Judici�rio, al�m da exist�ncia de um b�nus para servidores da Receita Federal e de honor�rios de sucumb�ncia a advogados da Uni�o — penduricalhos que turbinam os sal�rios dessas categorias.
A remunera��o da diretoria do BC tamb�m foi alvo da discuss�o colocada por Campos Neto.
Segundo os relatos, o presidente da institui��o disse enfrentar dificuldades para recrutar novos nomes para repor a sa�da de diretores, pois o sal�rio � considerado baixo para um mandato de quatro anos.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, Campos Neto iniciou conversas com agentes do mercado financeiro em busca de um novo nome para o cargo de diretor de pol�tica monet�ria. O mandato do atual titular, Bruno Serra Fernandes, termina em 28 de fevereiro. Ele poderia ser reconduzido por mais quatro anos, mas n�o deve permanecer.
O presidente e os diretores do BC t�m hoje um sal�rio de R$ 17.327,65 mensais. Antes da autonomia formal da institui��o, sancionada em fevereiro de 2021, Campos Neto tinha status de ministro e ganhava quase o dobro: R$ 30.934,70 por m�s.
Desde 1º de janeiro de 2023, ministros de Estado recebem R$ 39.293,32 mensais, gra�as ao aumento do teto remunerat�rio federal e a um decreto legislativo estendendo a medida ao alto escal�o do Executivo.
Segundo fontes do governo, o presidente do BC n�o chegou a apresentar uma proposta concreta de reajuste durante as conversas com as ministras.
Em maio do ano passado, a institui��o causou mal-estar ao enviar ao Minist�rio da Economia, ent�o comandado pelo ex-ministro Paulo Guedes, uma proposta de MP (medida provis�ria) para conceder reajuste salarial de 22% aos servidores a partir do m�s seguinte e incluindo uma reestrutura��o de carreira.
A proposta tamb�m previa aumentos de 78,5% no sal�rio de Campos Neto, voltando aos R$ 30.934,70, e de 69,6% na remunera��o dos diretores, para R$ 29.387,96.
Uma MP tem validade imediata, ou seja, os reajustes seriam aplicados antes mesmo do aval do Congresso Nacional. A praxe na discuss�o de reajustes de carreiras � encaminhar o tema via projeto de lei.
Na �poca, o envio da minuta irritou a equipe de Guedes, pois o governo anterior avaliava uma proposta de reajuste linear de 5% a todos os servidores — que acabou nem saindo do papel. Mas a proposta do BC jogou mais lenha na fogueira das discuss�es.
Diante da m� repercuss�o, a autoridade monet�ria retirou a minuta do sistema no mesmo dia do envio, alegando "inconsist�ncias".
"O Banco Central detectou inconsist�ncias no texto de minuta de medida provis�ria para a reestrutura��o das carreiras e a moderniza��o da gest�o de pessoas nesta autarquia. Por isso, fez sua retirada do Sistema de Gera��o e Tramita��o de Documentos Oficiais do Governo Federal (Sidof)", comunicou na ocasi�o.
A Folha de S.Paulo questionou o BC para saber se essa proposta ser� mantida ou modificada, mas n�o obteve resposta sobre este ponto.
Na primeira reuni�o do Copom sob o governo Lula, a institui��o elevou o tom dos alertas sobre as incertezas fiscais. O BC relatou ver piora nas expectativas de infla��o, que est�o se distanciando da meta em prazos mais longos, e sinalizou manuten��o dos juros no patamar atual por mais tempo — o mercado prev� o in�cio do afrouxamento monet�rio em setembro.
Uma das principais fontes de incerteza � o desenho da nova regra fiscal que balizar� o rumo das contas p�blicas brasileiras, ainda em gesta��o no Minist�rio da Fazenda. O formato ser� decisivo para ditar a trajet�ria futura da d�vida p�blica e sua sustentabilidade.
Por outro lado, Campos Neto tamb�m � pressionado pela corpora��o de servidores do BC.
Na tarde desta sexta (3), ele se re�ne com membros das entidades sindicais — Sinal (Sindicato Nacional dos Funcion�rios do Banco Central do Brasil), ANBCB (Associa��o Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil), e SinTBacen (Sindicato Nacional dos T�cnicos do Banco Central do Brasil) —, que esperam um posicionamento do chefe da autarquia sobre as reivindica��es da categoria.
Segundo relatos, o presidente da institui��o tampouco � a primeira autoridade a buscar o Minist�rio da Gest�o em defesa de reajustes.
O aumento salarial a servidores p�blicos � uma das promessas de campanha de Lula, que pretende abrir mesas de negocia��o com as categorias. At� o momento, por�m, o Or�amento reserva apenas R$ 11,6 bilh�es para reajustes a servidores do Executivo.
Em janeiro, o petista sancionou um aumento parcelado de 18% nos sal�rios de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), o que eleva o teto remunerat�rio do funcionalismo dos atuais R$ 39.293,32 para R$ 41.650,92 a partir de 1º de abril de 2023, R$ 44.008,52 em 1º de fevereiro de 2024 e R$ 46.366,19 em 1º de fevereiro de 2025.
No BC, as reivindica��es por recomposi��o salarial e reestrutura��o de carreira interferiram na rotina da autoridade monet�ria em 2022. A insatisfa��o levou a categoria a cruzar os bra�os de abril a julho, com uma tr�gua na greve de duas semanas.
A principal demanda da categoria era um reajuste salarial de 27%. No BC, analistas recebem um sal�rio bruto mensal em torno de R$ 19 mil a R$ 27 mil, enquanto a remunera��o de t�cnicos varia aproximadamente de R$ 7.500 a R$ 12,5 mil.
Quanto � pauta n�o salarial, os funcion�rios pleiteavam mudan�a na nomenclatura de cargos — de analista para auditor, por exemplo — e exig�ncia de n�vel superior para ingresso como t�cnico do BC, entre outras prerrogativas.
Tamb�m estava entre os pedidos a cria��o de um b�nus por produtividade institucional, cuja regulamenta��o depende da diretoria do BC, e a corre��o no valor de benef�cios, como aux�lio-alimenta��o.
A greve chegou ao fim com a negativa do governo federal de reajuste ao funcionalismo p�blico no ano passado.
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