Frente de loja da Americanas

Frente de loja da Americanas

Zanone Fraissat/Folhapress
Existe um claro sinal de deteriora��o no balan�o das empresas brasileiras, em meio a um cen�rio de aperto monet�rio e desacelera��o econ�mica, v� o presidente e fundador do banco de investimentos BR Partners, Ricardo Lacerda.

"Isso faz com que um n�mero crescente de companhias venham renegociando suas d�vidas com credores, algumas at� chegando � recupera��o judicial", diz Lacerda � Folha. O BR Partners acaba de fechar um contrato com a Marisa, que soma d�vidas de quase R$ 600 milh�es, para fazer renegocia��o com os bancos. Lacerda, no entanto, n�o comenta o caso.

A crise, por�m, deve movimentar os neg�cios do BR Partners em 2023 que, al�m da renegocia��o de d�vidas, � especializado em assessorar fus�es e aquisi��es -um caminho para resolver situa��es de "estresse" no balan�o, diz ele. Em 2022, o BR Partners registrou lucro l�quido de R$ 147,1 milh�es em 2022, uma alta de 6% em rela��o a 2021. Na receita total, alta 13% para R$ 413,5 milh�es, enquanto o ROE (retorno sobre patrim�nio) avan�ou 19%, enquanto a margem l�quida atingiu 36%.

Apesar dos problemas apontados nos balan�os das �ltimas semanas, Lacerda n�o cr� que seja uma quest�o sist�mica -ainda. "Em grande parte, o balan�o das empresas permanece muito saud�vel nos diferentes setores, sendo capaz de absorver esse choque de juros observado desde a pandemia -quando a Selic saltou de 2% para 14%", afirma.

"Mas obviamente haver� um cen�rio de retra��o muito forte no curto prazo em fun��o das incertezas causadas pelo caso Americanas", disse.

Nesse cen�rio, uma das sa�das para o varejo � partir para fus�es e aquisi��es, tendo em vista a dificuldade do setor de se mostrar rent�vel, especialmente na opera��o online -como sinalizou o ex-presidente da Americanas, Sergio Rial, na apresenta��o para investidores na sede do BTG, em S�o Paulo, em 12 de janeiro, um dia depois de trazer � tona o esc�ndalo cont�bil de R$ 20 bilh�es, que acabou levando a companhia a uma recupera��o judicial, com d�vidas declaradas de R$ 43 bilh�es.

Questionado sobre o tema, Lacerda afirma que "a �nica opera��o que mostrou que n�o para em p� at� agora no varejo � a da Americanas".

"A empresa arquitetou uma fraude colossal, a maior da hist�ria do Brasil, claramente perpetrada por uma quadrilha que agia de forma un�ssona", disse o presidente do BR Partners, fazendo quest�o de ressaltar que o banco de investimentos n�o est� exposto � varejista.

Procurada pela Folha para comentar as declara��es, a Americanas n�o respondeu at� a publica��o deste texto.

Lacerda n�o v� uma crise generalizada no varejo, setor que re�ne "empresas muito fortes e saud�veis". "Algumas podem, sim, estar queimando caixa, mas t�m caixa para queimar", afirma.

No banco de investimentos, o principal neg�cio � o de assessoramento a fus�es e aquisi��es (M&A, na sigla em ingl�s). "Este � um caminho para resolver situa��es de estresse no balan�o", diz Lacerda, que tamb�m v� oportunidades de fus�o e aquisi��o em situa��es de renegocia��o de d�vidas, inclusive nas varejistas.

Segundo ele, o n�vel de transa��es em M&A caiu em fun��o de condi��es negativas de mercado em 2022. "Mas existe um ritmo intenso de conversas e interesse em dar seguimento a essas negocia��es. Vamos ter um cen�rio bastante din�mico nos pr�ximos 12 meses", afirmou.

No ambiente macroecon�mico o l�der do BR Partners ainda v� "uma certa volatilidade pol�tica" provocada pela gest�o de Luiz In�cio Lula da Silva (PT).

"As pessoas esperavam um Lula mais pragm�tico", diz ele. "Esse tipo de coisa, de combater a independ�ncia do Banco Central, n�o estava no radar de ningu�m", diz ele, lembrando que as declara��es impactam diretamente o c�mbio.