fachada do banco central do Brasil

A Associa��o Brasileira de Bancos (ABBC) tamb�m projeta, para esta semana, a manuten��o da taxa de juros em 13,75%.

Marcelo Casal/Ag�ncia Brasil
Enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta dar sinais ao mercado financeiro de que est� conseguindo avan�ar nas conversas com o presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), sobre o desenho do novo arcabou�o fiscal — sem abrir o teor da proposta —, agentes financeiros reiteram a aposta de que a taxa b�sica da economia (Selic) ser� mantida na reuni�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom), do Banco Central, que come�a hoje e termina amanh�.

O Copom desta semana coincide com os mesmos dias da reuni�o do Fomc, comit� de pol�tica monet�ria do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Analistas preveem que o Copom mantenha a Selic no patamar atual e que o Fed diminua o ritmo de alta dos juros norte-americanos de 0,50 ponto percentual para 0,25 ponto.

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, demonstra preocupa��o com o fato de Haddad levar tanto tempo para apresentar o arcabou�o fiscal. Para o analista, a demora pode sinalizar uma proposta ruim, que acabe tirando muitas despesas da regra do teto de gasto e, assim, jogar por terra o compromisso com o equil�brio fiscal. "N�o d� pra acreditar em queda de juros antes de o arcabou�o ser aprovado pelo Congresso", alerta. Vale prev� que o Copom s� dever� iniciar o novo ciclo de queda da Selic a partir do terceiro trimestre deste ano.

A Associa��o Brasileira de Bancos (ABBC) tamb�m projeta, para esta semana, a manuten��o da taxa de juros em 13,75%. "Acreditamos que a Selic deva ser mantida, ainda que tenham ocorrido alguns eventos no sistema banc�rio internacional que trazem riscos consider�veis � estabilidade financeira e ao cen�rio econ�mico", aponta Everton Gon�alves, Superintendente da Assessoria Econ�mica da ABBC, em nota.

Alberto Ramos, chefe de estudos para a Am�rica Latina do Goldman Sachs, tamb�m avalia que o Copom manter� a taxa Selic inalterada em um restritivo 13,75%. A autoridade monet�ria deve ainda, segundo ele, reiterar uma postura vigilante, apesar do enfraquecimento da atividade econ�mica, com sinais de desacelera��o do mercado de trabalho e das condi��es de cr�dito mais restritivas.


"Esperamos que o Copom manifeste desconforto com a deteriora��o adicional das expectativas de infla��o de curto e de m�dio prazos desde a �ltima reuni�o (que leva a uma trajet�ria de infla��o projetada mais alta e aumenta o custo da desinfla��o) e o alto n�vel e rigidez do n�cleo da infla��o; isso provavelmente limitar� o escopo para uma flexibiliza��o precoce e agressiva da pol�tica monet�ria, embora, em nossa avalia��o, n�o elimine totalmente o espa�o para um in�cio lento de um ciclo de flexibiliza��o at� o terceiro trimestre de 2023", observa.

A XP Investimentos tamb�m refor�a as apostas de manuten��o da Selic em 13,75% no Copom desta semana, mesmo patamar que a institui��o prev� para a taxa de juros b�sica no fim do ano. "Reconhecemos, entretanto, a possibilidade de cortes mais cedo, a depender da evolu��o dos choques financeiros e da forma que o Copom optar� por administrar o balan�o entre desacelera��o da atividade e converg�ncia da infla��o", avalia a empresa. Segundo a XP, a infla��o continua pressionada com aumento das proje��es para o IPCA deste ano de 5,6% para 5,4%; as do ano que vem, de 3,4% para 3,5%.

O Boletim Focus, divulgado ontem pelo BC, apontou uma pequena redu��o na expectativa do mercado para a infla��o em 2023. A proje��o do ano caiu de 5,96% para 5,95%. A expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) tamb�m recuou de 0,89% para 0,88%.

A pequena oscila��o aponta para uma estabilidade em 2023, mas com uma expectativa de alta nos pr�ximos tr�s anos. Em 2024, a proje��o do �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), segundo o Focus, avan�ou de 4,02% para 4,11%. J� em 2025,a proje��o saltou de 3,80% para 3,90%; E, para 2026, subiu de 3,79% para 4,00%.


Os n�meros tamb�m apontam a piora nas expectativas para o PIB nos pr�ximos anos. Em 2024, o crescimento retraiu de 1,50% para 1,47%, em 2025 recuou de 1,80% para 1,70%, e o projetado para 2026 passou de 1,98% para um crescimento de apenas 1,80%.

As previs�es do mercado consolidadas pelo boletim Focus se mostram mais alarmistas do que a perspectiva da gest�o Lula. Na �ltima sexta-feira, a equipe econ�mica do governo apresentou a primeira previs�o para a infla��o e para o PIB. A an�lise aponta para uma infla��o menor, mas mais pr�xima � estimada pelo mercado, em 5,31% — 0,64% abaixo dos 5,95%. J� a estimativa do Minist�rio da Fazenda para o crescimento do PIB em 2023, demonstra mais otimismo, com a previs�o de alta de 1,6%, contra a expectativa do mercado de 0,88%.

Para especialistas, o n�mero do PIB apresentado pelo governo � historicamente mais otimista que os projetados pelo mercado. "O mercado sempre v� com mais pessimismo que o governo. Eu acho que (o PIB) vai crescer bem menos, n�o t�o baixo como a do mercado, algo em torno de 1,2%. Mas isso tudo vai depender de fatores dom�sticos e internacionais que n�s ainda n�o temos como calibrar" pondera o economista e pesquisador da Funda��o Get�lio Vargas (FGV), Andr� Braz.