Carro

O debate sobre o pre�o dos autom�veis est� em destaque.

Alexandre Guzanshe/EM
Um estudo realizado pela consultoria Jato, especializada no mercado automotivo, revela uma distin��o expressiva entre os valores de ve�culos comercializados no Brasil e no M�xico. Por exemplo, um Renault Kwid, considerado um dos autom�veis mais acess�veis, � vendido por R$ 68.990,00 no Brasil, enquanto no M�xico o mesmo modelo custa 46.130,71, uma diferen�a de R$ 22.859,29. Essa discrep�ncia tamb�m � observada em outros ve�culos, como o Toyota Corolla Cross e o Volkswagen Nivus.

A an�lise busca entender os motivos por tr�s dessas diferen�as, especialmente quando se compara com uma na��o emergente com desafios econ�micos semelhantes ao Brasil, como � o caso do M�xico. Recentemente, o debate sobre o pre�o dos autom�veis ganhou destaque ap�s o an�ncio de medidas do governo federal para aquecer o setor automotivo no pa�s.

Segundo Milad Kalume Neto, diretor da Jato Brasil, a diferen�a de pre�os come�a pelos impostos. No Brasil, os tributos correspondem a 30% e 50% do valor final dos ve�culos, variando conforme o modelo. Os mais baratos s�o menos taxados. J� no M�xico, a carga tribut�ria � de aproximadamente 16%.
 

Entretanto, Kalume Neto destaca que h� outros aspectos a serem considerados. O chamado 'custo Brasil', que engloba dificuldades estruturais, burocr�ticas, trabalhistas e econ�micas que impactam os neg�cios no pa�s, tamb�m encarece os produtos nacionais. Ele cita como exemplo a prec�ria log�stica nacional, que aumenta o valor do frete.

Outro fator mencionado pelo consultor da Jato � a demanda. A ind�stria automobil�stica mexicana se beneficia da proximidade com os Estados Unidos para manter um volume de produ��o sustent�vel, resultando em pre�os mais competitivos. Kalume Neto afirma que a produ��o voltada � exporta��o no M�xico � tr�s ou quatro vezes maior do que a direcionada ao mercado interno, enquanto no Brasil a situa��o � inversa, com foco no consumo interno.

Al�m disso, o especialista aponta outros elementos como a desvaloriza��o cambial e o n�vel de ociosidade da ind�stria. No entanto, ele ressalta uma peculiaridade brasileira: mesmo com uma parcela menor de produ��o voltada � exporta��o, em compara��o ao M�xico, a demanda externa � suficientemente forte para sustentar o valor dos autom�veis no Brasil. Kalume Neto conclui que o brasileiro ainda aprecia carros, o que permite �s montadoras estabelecerem pre�os elevados e encontrar compradores para ve�culos de entrada pr�ximos a R$ 70 mil.