pasto recuperado e gado nelore na propriedade do produtor Sutero Caetano Neto, na regiao de Riacho do Fogo, município de Montes Claros, no Norte de Minas.

15, de 18 cortes, tiveram queda nos pre�os

Luiz Ribeiro/EM/D. A Press
Ap�s disparar na pandemia, a infla��o da carne bovina mostra sinais de al�vio para o bolso do consumidor brasileiro. O principal fator por tr�s da tr�gua � a maior oferta dispon�vel em 2023 no mercado interno, dizem analistas.

 

Segundo eles, produtores aproveitaram os pre�os em alta nos �ltimos anos para refor�ar investimentos, o que gerou aumento da capacidade produtiva no pa�s.

 

Com mais op��es para o consumidor, as proje��es indicam que a carne bovina, assim como outros alimentos, deve ficar longe da lista dos principais vil�es da infla��o em 2023.

 

De janeiro a abril, os pre�os das carnes registraram quatro baixas mensais consecutivas no IPCA (�ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo). A maior queda foi em fevereiro (-1,22%), e a menor, em abril (-0,45%).

 

 

Divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica), o IPCA � considerado o �ndice oficial de infla��o no Brasil.

Segundo o levantamento, os pre�os das carnes acumulam queda de 3,16% neste ano (janeiro a abril) e baixa de 4,40% em 12 meses. Em iguais per�odos de compara��o, o IPCA teve alta de 2,72% e de 4,18% na m�dia geral.

 

"No caso da carne bovina, a quest�o � a maior disponibilidade de produto no mercado interno. Isso vai muito al�m do embargo �s exporta��es para a China [ocorrido no primeiro trimestre]", diz Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado.

De janeiro a mar�o de 2023, o abate de bovinos no Brasil cresceu 4,7% ante igual per�odo de 2022, segundo o IBGE.

 

"O excesso de oferta tem de ser explicado pelo aumento dos investimentos no setor a partir do segundo semestre de 2019. O dinheiro investido se traduziu em amplia��o da capacidade produtiva", afirma Iglesias.

 

Em 2023, a disponibilidade interna de carne bovina no pa�s deve subir 6,44% ante 2022, aponta estimativa da Safras & Mercado.

 

Pre�o cai, mas ainda � alto, diz economista 

 

Al�m da oferta maior, a press�o menor dos custos da alimenta��o animal tamb�m ajuda a explicar o contexto dos pre�os, segundo o economista Jackson Bittencourt, coordenador do curso de ci�ncias econ�micas da PUCPR (Pontif�cia Universidade Cat�lica do Paran�).

 

Esse movimento vem na esteira da perda de f�lego das cota��es de commodities agr�colas como milho e soja, usadas na produ��o de ra��es.

 

"H� uma associa��o de aumento da oferta de carne e redu��o dos custos de produ��o", afirma Bittencourt.

 

Segundo ele, a expectativa � que os pre�os tenham novas quedas para o consumidor ao longo do ano. Mesmo assim, n�o devem retornar ao patamar do pr�-pandemia, projeta o professor.

 

"� um pre�o que ainda � alto. Est� baixando, mas n�o deve chegar ao pr�-pandemia", diz Bittencourt.

 

Na capital paulista, o valor m�dio do quilo da carne de primeira foi calculado em R$ 41,01 em abril, segundo pesquisa do Procon-SP em conv�nio com o Dieese (Departamento Intersindical de Estat�stica e Estudos Socioecon�micos).

 

Esse pre�o ficou 2,4% abaixo do n�vel de dezembro de 2022 (R$ 42,01) e 11,2% abaixo do patamar de abril do ano passado (R$ 46,18).

Mesmo assim, ainda superou em 71,2% o valor de abril de 2019 (R$ 23,95), per�odo anterior � pandemia, conforme a mesma pesquisa.

 

Um estudo produzido por economistas do banco Santander tamb�m aponta a oferta elevada de carne como respons�vel pelo al�vio nos pre�os para o consumidor.

 

O quadro estaria associado ao chamado ciclo do gado, com o abate de uma porcentagem maior de f�meas neste ano.

 

O relat�rio pondera que, caso os frigor�ficos decidam recompor margens ou haja uma press�o de demanda com a massa salarial dos brasileiros, a queda dos pre�os poderia ser mitigada.

 

A perspectiva, contudo, � de que a oferta maior se sobreponha aos demais fatores, segundo o relat�rio, assinado pelos economistas Felipe Kotinda, Daniel Karp e Gabriel Couto.

 

A an�lise aponta que a defla��o (queda) das carnes pode alcan�ar 4% em termos anuais no IPCA at� dezembro.

 

Picanha vira tema pol�tico 


Nas redes sociais, publica��es do governo Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e de aliados tentam valorizar a recente tr�gua dos pre�os. Com as elei��es do ano passado, o consumo de carne tamb�m virou tema de disputa pol�tica no pa�s.

 

Candidato � �poca, Lula chegou a dizer que o brasileiro deveria voltar a fazer churrasco e comer picanha, que tradicionalmente � um dos cortes mais caros.

 

No IPCA, o segmento das carnes � composto por 18 subitens. No acumulado do ano (at� abril), 16 desses cortes tiveram varia��es negativas nos pre�os.

 

A maior baixa foi a da alcatra (-5,24%), seguida por fil�-mignon (-5,23%) e f�gado (-4,77%). A picanha recuou 3,80%.

 

No acumulado de 12 meses, 15 dos 18 cortes tiveram quedas at� abril. A maior baixa foi a do f�gado (-8,25%). Peito (-8,18%) e ac�m (8%) vieram na sequ�ncia. O menor recuo em 12 meses foi o da picanha, de apenas 0,09%.

 

 

Baixa para pecuaristas

 

Em nota, o Cepea (Centro de Estudos Avan�ados em Economia Aplicada) disse na �ltima quinta-feira (1º) que os pre�os de toda a cadeia da pecu�ria nacional diminu�ram "com certa for�a" ao longo de maio.

 

Pesquisadores da institui��o tamb�m indicaram que o cen�rio est� atrelado sobretudo � oferta maior de animais.

 

O aumento da disponibilidade em 2023, especialmente de f�meas, � "resultado de investimentos realizados pelo setor pecu�rio nos �ltimos anos", afirmou o Cepea.

 

At� 31 de maio, o indicador Cepea/B3 de pre�os por arroba de boi gordo acumulou queda mensal de 10,37%.