F�brica da Garoto se destaca em panorama de Vila Velha
Controlada pela Nestl�, a f�brica de Vila Velha se tornou uma das cinco maiores da multinacional su��a no mundo. Ao todo, a Nestl� � dona de 344 plantas, 17 delas no Brasil. "Em �mbito global, envolvendo todos os fabricantes, a f�brica de Vila Velha � uma das 10 maiores de chocolate do mundo", afirmou � Folha o vice-presidente jur�dico e de assuntos p�blicos da Nestl� Brasil, Gustavo Bastos.
A planta, que hoje ocupa uma �rea de 130 mil metros quadrados no bairro da Gl�ria, zona norte de Vila Velha, emprega cerca de 1.500 funcion�rios diretos e � respons�vel por boa parte da economia da cidade, de 509 mil habitantes.
Dona de marcas populares como Serenata de Amor, Baton e Talento, a Garoto ganhou os holofotes nesta quarta-feira (7) depois que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica) aprovou finalmente a sua compra pela Nestl�, um imbr�glio que se arrastava desde 2004.
Enquanto a briga com o Cade continuava na Justi�a, a Nestl� seguiu investindo na Garoto, que transformou na sua "joia da coroa". O aporte mais recente, da ordem de R$ 430 milh�es para o bi�nio 2023-2024, foi anunciado em maio. O objetivo � expandir a produ��o em 10%, adaptando o perfil da planta para o conceito de ind�stria 4.0, com maior automa��o e robotiza��o para ganhar em efici�ncia.
No bi�nio anterior (2021-2022), os aportes somaram R$ 270 milh�es.
Segundo fontes que t�m rela��es comerciais com a Nestl�, os aportes significativos feitos ao longo dos anos na �nica f�brica da Garoto serviram para refor�ar, perante a sociedade e o poder p�blico, o direito da multinacional su��a ao neg�cio. De acordo com esses interlocutores, quanto mais investimentos na f�brica, mais dif�cil seria desvencilhar a Nestl� da Garoto.
Nestes 21 anos desde a aquisi��o, no entanto, muita coisa mudou. A negativa do Cade em 2004 se deu pela concentra��o de mercado: Garoto e Nestl� juntas somavam quase 58% das vendas de chocolates no Brasil, em valor. Mas hoje as empresas t�m bem menos: 32%, segundo a pr�pria Nestl�.
"N�s perdemos participa��o de mercado, mas ainda assim o neg�cio continua valendo muito a pena", disse Bastos, que entrou na Nestl� em 2000 e acompanhou toda a "saga" da companhia junto ao Cade. "A Garoto representa a conex�o da Nestl� com o Brasil." Linha de produ��o da Garoto em Vila Velha
Segundo ele, o mercado de chocolates mudou muito nos �ltimos anos, com a entrada de novas marcas, mudan�a de formatos no varejo -com os atacarejos ganhando espa�o- e novos formatos de consumo, com o chocolate presente�vel, por exemplo. "A perda [de participa��o] � uma consequ�ncia da din�mica do setor, fizemos escolhas sobre onde investir."
O segmento de cobertura de chocolate, no qual Nestl� e Garoto tinham 80% de participa��o, deixou de ser uma prioridade para a multinacional su��a, diz. "A Nestl� o avaliou como pouco rent�vel", afirmou Bastos. A empresa, por�m, ainda soma cerca de 40% de participa��o neste segmento.
Quando comprou a Garoto, em 2002, a marca era mais popular que a da Nestl�, com pre�os entre 10% e 15% inferiores aos da multinacional su��a. Mas isso deixou de existir desde a fus�o: os pre�os praticados pelas duas marcas foram se tornando semelhantes e quem perdeu foi o consumidor, que deixou de ter uma op��o mais barata.
"Dizer que a Nestl� perdeu participa��o porque aumentou o pre�o � uma leitura simplista", disse Bastos. "A competi��o aumentou demais, em alguns momentos fomos bem, em outros, nem tanto."
De acordo com dados da consultoria Euromonitor, o consumo de chocolates no Brasil atingiu R$ 22 bilh�es em 2022, alta de 18% sobre o ano anterior (valores nominais), com a venda de 336 mil toneladas (crescimento de 7%).
A marca Garoto � a principal da Nestl� no Nordeste e tamb�m no Sul do pa�s. "Hoje, diferenciamos a Garoto como uma marca para quem gosta de cacau. Ali�s, 100% do cacau usado pela marca � nacional", diz Bastos. "J� a Nestl�, mais forte no Sudeste, � uma marca para quem prefere a cremosidade do leite."
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