o ministro Fernando Haddad

Haddad: "� importante que uma ag�ncia externa consiga observar esses avan�os do Brasil"

SERGIO LIMA/AFP
Bras�lia – A ag�ncia norte-americana de classifica��o de risco Standard & Poor’s (S&P) elevou de est�vel para positiva a perspectiva para os t�tulos soberanos do Brasil, diante dos “sinais de maior certeza sobre as pol�ticas fiscais e de estabilidade para a pol�tica monet�ria”. Na avalia��o da institui��o, essas sinaliza��es “podem beneficiar as atuais proje��es de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro”.
 
“Apesar de d�ficits fiscais (das contas p�blicas) ainda elevados, o crescimento cont�nuo do PIB, os avan�os no novo arcabou�o fiscal podem resultar em um aumento menor do �nus da d�vida do governo do que o inicialmente esperado”, destacou a ag�ncia. “A perspectiva positiva reflete sinais de maior certeza sobre a estabilidade da pol�tica fiscal que poderia beneficiar as proje��es ainda baixas de crescimento do PIB do Brasil”, acrescentou.

Diante da perspectiva de avan�os na pol�tica fiscal podem ajudar na flexibiliza��o da pol�tica monet�ria, a ag�ncia aponta que ainda como fator positivo a resili�ncia da estrutura institucional do Brasil, com formula��o de pol�ticas baseadas em amplos freios e contrapesos entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judici�rio. Al�m de revisar de est�vel para positiva a perspectiva para o Brasil, a S&P reafirmou os ratings de cr�dito soberano “BB-/B” para os t�tulos soberanos de longo e curto prazos em moeda estrangeira e local.

� a primeira mudan�a na perspectiva do rating da institui��o desde 2019. A ag�ncia tamb�m reafirmou o rating na escala nacional “brAAA”, e a perspectiva permanece est�vel. A avalia��o de transfer�ncia e conversibilidade permanece “BB+”. “Nossa vis�o positiva baseia-se na perspectiva de que medidas cont�nuas para enfrentar a rigidez econ�mica e fiscal podem refor�ar nossa vis�o da resili�ncia da estrutura institucional do Brasil e reduzir os riscos � sua flexibilidade monet�ria e posi��o externa l�quida”, destacou o comunicado da S&P. Contudo, a ag�ncia faz alertas sobre as incertezas para frente em rela��o � d�vida p�blica bruta, que ainda deve continuar crescendo, pelo menos, at� 2025 ou 2026, destacou Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos.

“O texto � bem consistente e fala um pouco que o Brasil est� em uma situa��o razoavelmente boa em rela��o a outros pa�ses emergentes que passaram pela pandemia”, afirmou Velho. Ele lembrou que essa melhora na perspectiva era esperada devido � melhora recente nas perspectivas de risco do pa�s ap�s o avan�o do arcabou�o fiscal, pois os pr�mios de risco ca�ram, como os CDS (Credit Default Swap), que voltaram a ficar abaixo de 200 pontos.
 
 
“A nota da S&P d� uma sinaliza��o positiva para a economia brasileira, mas d� uns alertas e mostra que o anterior era mais pessimista”, acrescentou Velho. Ele ressaltou que a melhora nas �ltimas semanas sobre essa percep��o de risco est� refletindo na Bolsa, que voltou a ficar acima de 115 mil pontos, e as apostas do mercado indicam que o �ndice Bovespa poder� chegar a 135 mil pontos at� o fim do ano. De acordo com o comunicado da S&P, a economia brasileira vem crescendo acima das expectativas do mercado. desde 2020, devido aos termos de troca favor�veis e ao consumo resiliente “ap�s forte recupera��o do emprego”. “Grandes de liquidez por parte do Banco Central e condi��es financeiras favor�veis em 2020-2021 tamb�m apoiaram a recupera��o”, acrescentou, em rela��o aos pacotes de est�mulo do governo desde a pandemia.

A S&P revisou, recentemente, a previs�o de crescimento do PIB brasileiro em 2023, de 0,7% para 1,7%, devido ao desempenho muito forte do setor agr�cola e seus efeitos colaterais na economia. Diante da desacelera��o da infla��o, a ag�ncia considera aposta em um prov�vel afrouxamento da pol�tica monet�ria, levando o crescimento econ�mico do pa�s a 2% at� 2026. “Estimamos que o PIB per capita (do Brasil) chegar� a US$ 9.700, em 2023, e tender� a US$ 10.800, at� 2026”, destacou o comunicado. “A taxa m�dia do crescimento do PIB est� aumentando, mas ainda � inferior ao de pares com o mesmo n�vel de desenvolvimento econ�mico”, acrescentou

Pelas redes sociais, o ministro Fernando Haddad comemorou o novo patamar do rating. “� importante que uma ag�ncia externa consiga observar esses avan�os do Brasil. Tem muito trabalho a ser feito, esse � s� o come�o, mas penso que, se mantivermos o ritmo de trabalho, vamos conseguir atingir nossos objetivos”, disse Haddad. “O Brasil precisa voltar a crescer. N�o h� solu��o para o Brasil sem crescimento. � um resultado ainda modesto, mas importante. Est� faltando o Banco Central se somar a esse esfor�o”, completou. 

FED

O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, interrompeu ontem o ciclo de alta de juros do pa�s, mantendo o referencial uma faixa de 5% a 5,25%. A decis�o ocorre ap�s 10 altas consecutivas, o que elevou a taxa ao maior n�vel desde 2007. “Indicadores recentes sugerem que a atividade econ�mica segue crescendo em ritmo modesto. Os ganhos de empregos foram robustos nos �ltimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A infla��o continua elevada", comunicou o Fed em nota.


An�lise da not�cia

S� um sinal

Por Marc�lio de Moraes


A mudan�a na perspectiva da nota de cr�dito (o rating) do Brasil de est�vel para positiva pela ag�ncia de classifica��o de risco S&P � uma boa not�cia, mas � apenas uma sinaliza��o de melhora nas condi��es da economia brasileira, sem alterar significativamente a percep��o dos investidores, principalmente grandes fundos de investimento. Isso porque a nota de cr�dito soberano do pa�s foi mantida em BB-, patamar em que se encontra desde 2020 e que classifica o pa�s como especulativo.

O governo tem motivos para comemorar, � mais um indicador positivo, principalmente considerando-se que essa � a primeira mudan�a na classifica��o de risco do pa�s desde 2019. Mas � preciso lembrar que no fim do segundo mandato do presidente Luiz In�cio Lula da Silva o Brasil alcan�ou o grau de investimento nas ag�ncias de classifica��o de risco. Perdeu em 2015, no governo Dilma Rousseff.
 
Hoje, o grau de investimento est� tr�s degraus acima da posi��o na qual o Brasil se encontra na classifica��o da S&P. A percep��o de melhora da economia precisa da ratifica��o da Moody's e da Fitch, ag�ncias que no ano passado reafirmaram a classifica��o de risco soberando do Brasil em Ba2 e BB-, respectivamente. Na Moody's o pa�s est� a dois degraus do grau de investimento e na Fitch a tr�s posi��es. H� um longo caminho a percorrer para o Brasil retomar a classifica��o de grau de investimento pelas ag�ncias de risco.