Com o avan�o da safra, o pre�o da saca de 60 quilos de caf� j� est�o inferiores a R$ 830, muito abaixo dos at� R$ 1.600 encontrados na �ltima temporada
Gustavo Baxter / NITRO - 6 Edicao
A expectativa nas lavouras de caf� de Minas Gerais vem se confirmando, para o bem e para o mal, nos �ltimos meses. A safra deste ano tem qualidade melhor que as �ltimas, mas tamb�m est� marcada at� aqui por pre�os muito abaixo dos j� praticados em anos anteriores e pela dificuldade em encontrar m�o de obra qualificada.
Depois de um inverno seco no ano passado, seguido de chuva, houve a abertura de florada do caf� de forma mais concentrada, o que fez com que a matura��o dos gr�os ocorresse de maneira mais uniforme em regi�es como cerrado mineiro, sul de Minas e m�dia mogiana paulista.
O pre�o da saca de 60 quilos de caf� oscilava de R$ 900 a R$ 1.000 at� o in�cio de junho, mas com o avan�o da safra os valores j� est�o inferiores a R$ 830, muito abaixo dos at� R$ 1.600 encontrados na �ltima temporada. A m�dia ficou entre R$ 1.200 e R$ 1.300 por saca.
"Diante de outras commodities, n�o � o pre�o que a gente gostaria, mas ele caiu menos do que as outras. J� tivemos pre�os melhores e o que ocorre � que o custo de produ��o subiu muito, principalmente com m�o de obra", disse Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxup� (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxup�), que re�ne 18 mil cooperados e � a maior do pa�s.
A atual safra, que at� a �ltima semana j� havia atingido 42,68% da �rea da Cooxup�, est� sendo colhida com qualidade superior �s das �ltimas safras, mas abaixo do que os cafeicultores esperavam, segundo o presidente. Em alguns locais, como o sul mineiro e a regi�o Mata de Minas, o �ndice j� � de 50% de �rea colhida.
"Esper�vamos que a safra fosse melhor. Ela est� melhor que as �ltimas, mas pouco."
A preocupa��o com os pre�os recebidos e o custo em alta tamb�m � compartilhada por produtores como os irm�os S�rgio Henrique Rocha e Suzana Santos Passos, da fazenda S�o Domingos, em Muzambinho.
Eles cultivam, ao lado de outros irm�os e dos pais, 86 hectares de caf�, que resultam, em m�dia, em 3.000 sacas anuais. "Acreditamos que a safra ser� boa, mas o pre�o preocupa", disse Rocha.
Suzana afirmou que � preciso que o produtor trabalhe muito o seu custo de produ��o, e n�o o do mercado, para conseguir fechar as contas.
"O pre�o de R$ 1.200 [safra passada] para n�s n�o foi ruim. Chegamos a conseguir R$ 1.400 e teve algu�m que vendeu lotes pequenos para um p�blico muito espec�fico, como cafeteria, por R$ 1.600. O nosso custo saberemos com a colheita, que consome quase 50% dos gastos", disse.
Os produtores t�m encontrado dificuldades para contratar empregados para fun��es como tratoristas e at� mesmo diaristas. Muito montanhosa, a regi�o exige destreza de tratoristas e muito trabalho manual na colheita.
Para tratoristas, os valores relatados por produtores � Folha indicam que, por menos de R$ 5.000 mensais, � dif�cil encontrar um profissional. J� para diaristas, os valores oscilam entre R$ 250 e R$ 400.
"Nossa regi�o � de m�o de obra escassa e tem muito trabalho [fora do campo]. Tem cooperativa, exportadora, estamos ao lado de Juruaia, que � um polo de lingerie, e h� muitas f�bricas aqui em Muzambinho. Isso tudo dificulta encontrar", disse o agr�nomo e produtor rural Reginaldo Emerson Dias Junior.
Ele afirmou, por�m, que esse fato � bom para a cafeicultura, por significar que quem est� na �rea realmente gosta do campo, e n�o est� na atividade apenas para obter sua renda mensal. "Precisa remunerar porque, em caso contr�rio, o vizinho vem e leva o cara embora."
O presidente da Cooxup� disse que o cen�rio se d�, tamb�m, porque o Brasil hoje � uma pot�ncia no agroneg�cio e a cafeicultura da regi�o de Guaxup� est� muito pr�xima geograficamente de grandes centros do pa�s.
Minas Gerais � o maior estado produtor de caf� do pa�s e responde por 50% do total brasileiro. A safra mineira deve chegar a 27,5 milh�es de sacas neste ano, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
A produ��o brasileira estimada inicialmente para 2023 � de 54,94 milh�es de sacas, das quais 37,43 milh�es de sacas da esp�cie ar�bica e 17,5 milh�es de can�foras (robusta e conilon).
A produ��o mundial de caf� foi estimada em 172,8 milh�es de sacas, conforme a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria), o que significa que o Brasil responder� por 31,8% da oferta global.
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