prédio seculus

Fachada do pr�dio sede da 123milhas, em Belo Horizonte

Gladyston Rodrigues/EM/DA. Press
No pedido de recupera��o judicial entregue � 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte, a plataforma de turismo 123milhas afirma ser alvo de 16.645 a��es judiciais.

Ao todo, as a��es somam R$ 232,2 milh�es —boa parte do montante se deve a pedidos de ressarcimento e indeniza��es de consumidores, que se sentiram lesados ao comprar pacotes e passagens promocionais que n�o foram entregues.

Os dados constam de detalhamento apresentado nesta quarta-feira (30/8) � Justi�a mineira, um dia depois de a empresa ter entrado com o pedido de recupera��o judicial.

 

"Em virtude da repercuss�o negativa do an�ncio da suspens�o da emiss�o das passagens e pacotes de viagens do Programa Promo123, as requerentes [123milhas, HotMilhas e holding Novum] v�m sofrendo forte press�o de seus credores, que j� distribu�ram v�rias a��es judiciais em face da 123 Milhas — n�mero esse que cresce a cada dia", afirmam os advogados dos escrit�rios TWK e Bernardo Bicalho, na peti��o.

 

Conforme levantamento feito pela reportagem com base nos dados enviados pela empresa � Justi�a, as cinco maiores a��es, que juntas somam R$ 3,6 milh�es, foram apresentadas por pessoas f�sicas. A maior delas pede R$ 1,2 milh�o.

 

Mas no levantamento constam tamb�m a��es de pessoas jur�dicas. A de mais alto valor � do Cons�rcio Empreendedor do Catua� Shopping Center Maring�, de R$ 341 mil.

 

H� tamb�m uma a��o perpetrada pelo Kijeme Travel Hoteis, dono do resort La Torre em Porto Seguro (BA), no valor de R$ 256 mil.

 

 

Na peti��o � Justi�a mineira, a 123milhas defende a recupera��o judicial para se proteger da avalanche de a��es judiciais. S� em Belo Horizonte, sede da companhia, foram ajuizadas quatro a��es judiciais por hora.

 

"A noticiada posterga��o do adimplemento dos produtos adquiridos via programa Promo123 (que era o �nico servi�o, cuja entrega as requerentes acreditaram que seria dif�cil honrar nos pr�ximos meses) causou grande como��o", afirmam os advogados.

 

"Com isso, de fato, a credibilidade destas diminuiu, acarretando o rompimento de contratos e a corrida de entidades para ajuizarem a��es judiciais com pedidos liminares de bloqueios de valores, que podem ser fatais", dizem, referindo-se � oferta de pacotes e passagens promocionais, vendidos sem data definida.

Empresa soma quase 1.000 a��es na Justi�a do Trabalho

J� na esfera trabalhista s�o 914 credores de 123milhas e HotMilhas, que juntos requerem R$ 16,7 milh�es em indeniza��es. A maior a��o pede R$ 267 mil, enquanto a menor apresenta reembolso de R$ 310,66.

Na peti��o, a empresa afirma ter 417 trabalhadores, entre os neg�cios de 123milhas e HotMilhas.

Na segunda-feira (28), a empresa promoveu uma demiss�o em massa em meio a um an�ncio de reestrutura��o: foram pelo menos 200 trabalhadores dispensados, segundo apurou a Folha, das �reas administrativa, financeira e de tecnologia. A companhia n�o informou o n�mero de demiss�es.

Na rede social LinkedIn, muitos funcion�rios relataram surpresa com a dispensa, ao mesmo tempo que solicitavam novas chances de trabalho.

 

Um dos donos da 123milhas, Ramiro Julio Soares Madureira deu in�cio ao neg�cio de compra e venda de milhas a�reas na metade dos anos 2000.

No final de 2016, ele e o irm�o Augusto Julio lan�aram a 123milhas para maximizar o neg�cio, com a oferta de passagens at� 50% mais baratas em rela��o � tabela das companhias a�reas. Em janeiro deste ano, a 123milhas comprou a sua principal concorrente, a tamb�m mineira Maxmilhas.

Para especialistas no setor de turismo, o erro da 123milhas foi dar in�cio � venda de passagens e pacotes "flex�veis" (sem data definida e, por isso, mais baratos).

Conforme j� apontado pela Folha de S.Paulo, este modelo de neg�cio � considerado de alt�ssimo risco, uma vez que n�o � poss�vel prever os pre�os das passagens.