Torres de geração de energia eólica

Torres de gera��o de energia e�lica

PxHere

 

Essa nova fronteira de gera��o de energia limpa pode fazer o Brasil aumentar em 3,6 vezes a capacidade total de produ��o de energia el�trica e potencializar a transi��o para um mundo com cada vez mais combust�veis renov�veis.

O cen�rio � tra�ado pelo estudo Oportunidades e Desafios para Gera��o E�lica Offshore no Brasil e a Produ��o de Hidrog�nio de Baixo Carbono, elaborado pela Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI), lan�ado nesta ter�a-feira (12), em Bras�lia, no evento Di�logo Pr�-COP 28: O Papel da Ind�stria na Agenda de Clima.

Potencial de gera��o

De acordo com o estudo, em 2021, o mundo tinha capacidade instalada para a gera��o de 55,9 gigawatt (GW) por meio de usinas e�licas, basicamente na China e na Europa. A estimativa � que o parque e�lico global alcance o patamar de 260 GW em 2030 e 316 GW dez anos depois. Para isso, est�o previstos investimentos de at� US$ 1 trilh�o.


O levantamento da CNI aponta que o Brasil tem grande potencial ainda inexplor�vel com capacidade de chegar a 700 GW, ou seja, 3,6 vezes a capacidade total de energia el�trica j� instalada e conectada ao Sistema Interligado Nacional (194 GW). Por�m, o estudo n�o indica quando o Brasil alcan�ar� esse patamar. At� 30 de agosto, havia no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama) 78 pedidos de licenciamento para usinas e�licas no mar, somando potencial de gera��o de 189 GW.


Fonte: CNI

Transi��o energ�tica

A inclus�o dessa energia limpa na matriz energ�tica brasileira � vista como ponto primordial para o Brasil perseguir o Acordo de Paris - tratado sobre mudan�as clim�ticas assinado por 195 pa�ses e adotado em 2015. Nele, o Brasil se comprometeu a reduzir as emiss�es de gases de efeito estufa em 37% at� 2025 e em 50% at� 2030, tendo como base as emiss�es de 2005. Al�m disso, no ano passado, o pa�s assumiu o compromisso de alcan�ar emiss�es l�quidas neutras at� 2050, ou seja, n�o contribuir para o efeito estufa, tanto diminuindo as emiss�es, quanto capturando carbono da atmosfera.

“A e�lica  vem para somar rumo a essa expans�o de renov�veis e com o objetivo de manter a matriz energ�tica el�trica do Brasil cada vez mais limpa e sustent�vel”, avalia o gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo.


O levantamento identificou que as regi�es do litoral brasileiro com maior potencial para a gera��o est�o na costa nordestina, entre Piau�, Cear� e no Rio Grande do Norte; entre os estados do Rio de Janeiro e do Esp�rito Santo, no Sudeste; e na Lagoa dos Patos, litoral do Rio Grande do Sul.

Hidrog�nio verde

Se o Brasil viabilizar a gera��o de todo o potencial apontado no estudo da CNI, o pa�s ter� excesso de energia. Al�m de deixar a matriz energ�tica mais limpa e sustent�vel, haver� a chance de vender o super�vit para outros pa�ses, assim como avan�ar na chamada economia do hidrog�nio de baixo carbono.

O hidrog�nio verde, como tamb�m � conhecido, � produzido a partir das fontes renov�veis de energia, como a e�lica, e pode ser utilizado como combust�vel em setores intensivos de consumo energ�tico, como o petroqu�mico, sider�rgico e de cimento. Outra utiliza��o do hidrog�nio verde � na fabrica��o de fertilizantes, produto muito importado pelo Brasil.

Como o hidrog�nio tem grande desempenho comparado �s baterias convencionais utilizadas na ind�stria de ve�culos el�tricos, pode ganhar cada vez mais escala na nova ind�stria automotiva.

Outra caracter�stica do hidrog�nio � a capacidade de poder armazenar energia. Isso permitiria ao sistema de gera��o e transmiss�o de energia el�trica do pa�s manejar mais adequadamente a oferta de acordo com a demanda. De acordo com a CNI, isso refor�a a ideia de que a economia do hidrog�nio de baixo carbono � potencial consumidora do combust�vel limpo gerado pelas e�licas.

Competidor global

O fato de o Brasil ser visto pela CNI como forte competidor no mercado global de energia e�lica  fez com que a confedera��o tratasse o tema como prioridade no plano de retomada da ind�stria, apresentado ao governo federal neste ano.


“A consolida��o dessa cadeia de valor no Brasil pode impulsionar a economia e facilitar a retomada da industrializa��o. Al�m de oferecer uma fonte de energia limpa e renov�vel,  o setor deve gerar empregos, estimular o desenvolvimento tecnol�gico e cient�fico, reduzir a depend�ncia de fontes n�o renov�veis e colaborar para a seguran�a energ�tica do pa�s”, diz o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

A possibilidade de exportar o hidrog�nio verde para outros pa�ses, especialmente do Hemisf�rio Norte, � um dos fatores que favorecem a instala��o de e�licas  na costa norte nordestina, pela proximidade de portos que fariam esse com�rcio.


“A voca��o principal da regi�o Nordeste para produ��o de hidrog�nio de baixo carbono e seus derivados seria para exporta��o para o continente europeu. A dist�ncia entre o Porto do Pec�m (S�o Gon�alo do Amarante-CE) e o Porto de Rotterdam, na Holanda� cerca de 7,5 mil quil�metros ou de nove dias por transporte mar�timo”, cita o documento.

Licenciamento

Quando o assunto � licenciamento ambiental, s�o levadas em conta quest�es como processos migrat�rios de aves e esp�cies marinhas. A CNI acrescenta preocupa��es com os m�ltiplos usos do espa�o oce�nico, como pesca, navega��o, turismo e a extra��o de �leo e g�s. O documento explica que a complexidade log�stica e os custos associados � instala��o e � manuten��o de parques e�licos requerem aportes significativos e um ambiente regulat�rio favor�vel.


O Decreto 10.946, de janeiro de 2022, regulamenta a cess�o de uso de espa�os f�sicos e o aproveitamento dos recursos naturais em �guas da Uni�o para o desenvolvimento da energia el�trica a partir de empreendimento . Mas, segundo a CNI, n�o � suficiente para trazer seguran�a jur�dica aos investidores. A confedera��o lembra que tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que regulamenta o modelo de cess�o de �reas, a cobran�a de outorgas e os crit�rios para a realiza��o dos leil�es, como funciona na ind�stria do petr�leo.


Davi Bomtempo defende a cria��o de um marco regulat�rio das e�licas . “� importante para orientar todo o desenvolvimento dessa atividade.”

Experi�ncia 

A CNI observa que a tend�ncia � que os projetos de gera��o e�lica  sejam implementados em locais cada vez mais distantes da costa, o que representa desafios e oportunidades para empresas que atuam no mercado de �leo e g�s no Brasil, “devido a sua em opera��es realizadas em �guas profundas”.


A Petrobras indica ter interesse nesse desafio. Em mar�o, a estatal firmou uma parceria com a multinacional norueguesa Equinor para avaliar sete projetos de e�lica  no Brasil, com potencial para gerar at� 14,5 GW.


“Esse acordo vai abrir caminhos para uma nova fronteira de energia limpa e renov�vel no Brasil, aproveitando o expressivo potencial e�lico  do nosso pa�s e impulsionando nossa trajet�ria em dire��o � transi��o energ�tica”, disse � �poca o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.