Início da Rua da Carioca, no Rio de Janeiro

In�cio da Rua da Carioca, no Rio de Janeiro

Mwaldeck/Wikimedia Commons
A Prefeitura do Rio anuncia, nesta quarta-feira (20), um projeto para transformar a rua da Carioca, no centro da cidade, em um polo de produ��o de cervejarias artesanais.

O projeto tem sido chamado de rua da Cerveja e prev� subs�dios de aluguel e reformas nos im�veis para pequenos empres�rios do ramo.

A rua da Carioca tem lojas fechadas h� mais de dez anos, desde que a Vener�vel Ordem Terceira de S�o Francisco da Penit�ncia vendeu im�veis, em 2012, para o Opportunity Fundo de Investimento Imobili�rio. A aquisi��o foi travada porque, segundo o governo do estado, os im�veis haviam recebido senten�a de desapropria��o na d�cada de 1940 pela prefeitura e pertenciam ao estado. N�o poderiam, portanto, ter sido comercializados pela ordem religiosa.

A disputa jur�dica avan�ou pelos anos. O fundo imobili�rio pedia o ressarcimento da compra dos im�veis e a Ordem Terceira tentava reverter a desapropria��o, enquanto a alta dos alugu�is espantavam sobreviventes.

Em 2021, a PGE (Procuradoria Geral do Estado) celebrou um acordo no qual o fundo devolveu ao estado cinco im�veis, que seguem desocupados.

A movimenta��o na rua � cada vez menor, j� que poucas lojas sobreviveram. A Ves�vio, que vende guarda-chuvas, segue aberta, assim como o Cine �ris, antigo teatro que h� d�cadas virou um cinema porn�. J� o Bar Luiz, fundado em 1887, fechou em 2021.

A ideia da gest�o do prefeito Eduardo Paes (PSD) � usar os im�veis vazios para que cervejeiros artesanais fa�am a fabrica��o e a venda dos produtos. O vereador Rafael Aloisio Freitas (Cidadania) � um dos autores da proposta, tocada pela secretaria municipal de Desenvolvimento Econ�mico, Inova��o e Simplifica��o. A inten��o inicial do parlamentar era criar um polo de pequenas cervejarias em pr�dios abandonados.

A esta��o Leopoldina, abandonada h� duas d�cadas, chegou a ser cogitada, mas a ideia n�o avan�ou. O antigo terminal de trens pertence � Uni�o e a prefeitura deseja adquirir o terreno.

"A gente tinha dado a sugest�o ao prefeito para fazer algo nos moldes da Cidade do Samba: pegar uma �rea central para fazer a Cidade da Cerveja, considerando que pudesse colocar a fabrica��o de cervejas artesanais. H� uma s�rie de cervejeiros que fabricam e t�m dificuldades para crescer por falta de lugares espec�ficos para isso", afirma Aloisio Freitas.

O munic�pio pretende pagar as reformas das lojas e subsidiar os primeiros alugu�is, at� que os empres�rios se estabele�am no local.

"Parte das lojas precisa fazer algum tipo de obra. A prefeitura pode entrar ajudando, al�m de pagamento mensal de subs�dio para sustentar os empreendedores", completa o vereador.

O projeto � semelhante ao Reviver Cultural, chamamento p�blico que prev� ocupar os primeiros andares de lojas ociosas em trechos do centro do Rio com livrarias, lojas de discos, casas de arte e escolas de m�sica.

Caique Costa, presidente da ACerva Carioca (Associa��o dos Cervejeiros Caseiros do Rio de Janeiro), diz que o projeto � bem visto pela categoria.

"� uma coisa que pode dar liga. O Bar Luiz foi o primeiro bar no Rio de Janeiro a esquentar chope, que era a forma que bebiam na �poca da funda��o", afirma Costa.

"N�o quero bater de frente com a ind�stria de bebidas porque vou apanhar. Quero ir onde as grandes cervejarias n�o v�o, e esse espa�o pode ser ali. O mercado artesanal � claro: � preciso vender direto ao consumidor final, sem intermedi�rios."

Costa, no entanto, ainda avalia qual o perfil do p�blico que dever� frequentar a rua da Carioca. A prefeitura ampliou h� poucos dias o Reviver Centro, programa que tenta transformar im�veis comerciais em residenciais e reformar pr�dios abandonados para uso de habita��o.

"Eles est�o construindo pr�dios novos que s�o est�dios, quitinetes. Qual vai ser o poder aquisitivo do pessoal que vai morar no centro? V�o beber uma ipa mais elaborada, que � mais cara, ou uma pilsen, mais leve e barata? O tipo de cerveja consumida muda a depender da classe social."

Exce��o na rua, a Garagem Delas, no n�mero 87, gerou movimento na regi�o. Criado por tr�s vendedoras ambulantes, o local era o dep�sito onde as mercadorias e isopores eram guardados. Hoje tem vida dupla: � um estacionamento e um espa�o de rodas de samba.

"Hoje � uma rua sem seguran�a, principalmente para as mulheres. As �rvores n�o s�o podadas, a maioria dos pr�dios est� abandonado e isso torna a rua escura. Qualquer iniciativa que gere emprego, eu sou a favor. Mas ser� preciso respeitar a hist�ria e as pessoas que est�o l�", afirma Alinny Gomes, administradora da Garagem Delas.