Expectativa do Banco Central é de aumentar a inclusão nos produtos financeiros. Em 2022, 36% dos brasileiros tinham algum investimento

Expectativa do Banco Central � de aumentar a inclus�o nos produtos financeiros. Em 2022, 36% dos brasileiros tinham algum investimento

(Rodrigo de Oliveira/BC)

Por Raphael Pati* — O Banco Central (BC) pretende implantar at� o final de 2024 — no mais tardar, no come�o de 2025 — a nova moeda digital brasileira: o Drex. Anunciado em agosto, a ideia da autoridade monet�ria � completar a inclus�o da popula��o no ambiente financeiro virtual oferecendo um produto seguro e, a princ�pio, a salvo de fraudes como pir�mides financeiras e que n�o sofra o desgaste da falta de regula��o — e, portanto, ideal para crimes como lavagem de dinheiro e extors�o.

Somente no Brasil, 36% da popula��o tinha algum investimento em produtos financeiros em 2022. Para este ano, a expectativa � que esse percentual cres�a pelo menos cinco pontos percentuais. E, mais ainda, assim que o Drex estiver plenamente implantado.

A CBDC (sigla em ingl�s para Moeda Digital do Banco Central) brasileira � resultado de seis anos de estudos. Atualmente, mais de 425 milh�es de pessoas j� aplicaram valores em algum dos mais de 22 mil ativos cripto existentes atualmente. Desse total, em torno de 3,2 milh�es s�o brasileiros, de acordo com dados da Receita Federal.

A criptomoeda mais famosa e mais utilizada tamb�m foi a primeira a surgir no mercado. O Bitcoin nasceu ap�s a crise imobili�ria de 2008, que completou 15 anos no �ltimo m�s. Calcula-se que, atualmente, 210 milh�es de usu�rios que investem neste ativo, o que corresponde a mais de 50% de todo o mercado global de criptos. Outras moedas que se destacam s�o a Ethereum, a Tether (USDT) e a USDC — as duas �ltimas pareadas com o d�lar norte-americano. 

Todas as criptomoedas operam em sistema de blockchain. Ou seja, uma esp�cie de livro de registros, que guarda e compartilha as informa��es referentes a um ativo financeiro, o que facilita a grava��o de transa��es e rastreamento das moedas, por exemplo. Al�m disso, tamb�m garante seguran�a criptogr�fica para impedir que haja altera��o nos dados registrados e a intermedia��o de outros agentes, al�m do pr�prio usu�rio e do fornecedor.

Inseguran�a

Mesmo assim, o sistema operacional das bitcoins n�o � imune a ataques de hackers. Casos recentes de perdas milion�rias de dinheiro revelaram que a carteira de fundos da criptomoeda pode sofrer ataques apesar de todos os dispositivos de prote��o. Um dos mais recentes epis�dios foi o de um casal russo, preso no ano passado, que conseguiu lavar 119.754 Bitcoins — o equivalente a cerca de US$ 4,5 bilh�es, conforme c�lculos feitos em fevereiro de 2022. A dupla agia por meio de identidades falsas e n�o deixava rastros em cada transa��o que praticavam.

Al�m dos riscos relacionados � seguran�a do sistema, as criptomoedas ainda podem ser suscet�veis a bolhas financeiras — que ocorrem quando investidores negociam ativos em valores acima do real. Com isso, � inevit�vel que haja uma queda abrupta dos pap�is, deixando um rastro de preju�zo.

Sobre isso, o economista e professor da Universidade de Bras�lia (UnB) C�sar Bergo explica que para quem deseja investir em ativos cripto, � necess�rio tomar cuidado com as corretoras. "Existem as mal intencionadas, que n�o est�o registradas adequadamente, e utilizam esse desconhecimento das pessoas para aplicar golpe. A bolha pode acontecer na medida em que h� essa utiliza��o inadequada da criptomoeda, que � muito especulativa. As pessoas devem ter esse conhecimento de que, entrando nesse ambiente, correm muito risco e n�o t�m nenhuma garantia", salienta.

Mas, ao contr�rio dos ativos cripto, as CBDCs operam em um sistema pr�prio. � o caso do Drex. "Nessa plataforma, haver� regras para garantir a seguran�a, a privacidade e a legalidade das transa��es", explicou ao Correio o coordenador do projeto do Drex no BC, F�bio Ara�jo. "Al�m disso, o Drex contar� com formas de identifica��o e de criptografia modernos e fornecer�, no m�nimo, a mesma seguran�a que temos hoje nas transa��es on-line", destacou.

O Drex funcionar� como uma moeda oficial, em um sistema gerido pela autoridade monet�ria, e se distingue do Pix — que � um meio de pagamento, tal como os cart�es de cr�dito e d�bito e os quase extintos tal�es de cheque.

*Estagi�rio sob a supervis�o de Fabio Grecchi