Os estudantes s� t�m acesso aos processos de sele��o dos programas de bolsas e financiamento do ensino ap�s a divulga��o das notas do Enem
(foto: Leandro Corui/EM/D.A Press - 3/10/18)
O Brasil poder� ter, em 2021, queda exponencial no n�mero de novas matr�culas no ensino superior, numa situa��o inversa �quela dos �ltimos tempos e provocada, ironicamente, pela porta de entrada na gradua��o: o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem). Por causa do adiamento das provas, a libera��o do resultado, prevista para mar�o do pr�ximo ano, compromete o ingresso de 76% dos alunos, segundo pesquisa do setor privado. Esse � o percentual de futuros universit�rios que precisam do amparo do Programa Universidade para Todos (Prouni), Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) ou de bolsas e financiamentos adotados pelas pr�prias faculdades, todos vinculados � nota do Enem, para dar prosseguimento ao sonho do ensino superior.
Para driblar o baque que esse cen�rio causaria no setor privado, institui��es pressionam o Congresso Nacional para desvincular os programas do resultado do exame. A estimativa � de que pelo menos 3,5 milh�es de um total de 5,8 milh�es de inscritos devam buscar vaga nos cursos das institui��es privadas de ensino superior e eles v�o depender da divulga��o do resultado do Enem para cursar a gradua��o.
O Censo da Educa��o Superior mostra que 80% das matr�culas da gradua��o no pa�s est�o nas institui��es particulares, j� que o ensino p�blico n�o comporta a demanda. O Sistema de Sele��o Unificada (Sisu) oferece atualmente cerca de 237 mil vagas nas institui��es p�blicas brasileiras.
Em Minas, segundo estado com o maior n�mero de inscritos para o Enem (577.227), aproximadamente 346 mil estudantes devem pleitear uma cadeira em universidades particulares. Os dados fazem parte da quarta fase do estudo “Coronav�rus e ensino superior: o que os alunos pensam”, elaborado pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights e divulgado ontem em parceria com a Associa��o Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes).
A pesquisa mostra que para 76% dos entrevistados o principal motivo para fazer o Enem este ano � conseguir o melhor desconto poss�vel ou bolsa de estudo. A aplica��o das avalia��es foram adiadas de 22 e 29 de novembro para 17 e 24 de janeiro de 2021, com an�ncio das notas finais marcado para 29 de mar�o. S� ent�o poder�o ser abertos os prazos para os processos de sele��o dos programas de acesso, bolsas e financiamentos, o que pode comprometer toda a programa��o acad�mica do primeiro semestre.
Apag�o
N�o s� os alunos, mas tamb�m universidades, faculdades e centros universit�rios privados, que em Minas somam mais de 300, ficam na corda bamba. Em m�dia, 64% do total de matr�culas no primeiro semestre ocorrem entre a divulga��o dos resultados e o in�cio do ano letivo e 80% dos estudantes efetivam a matr�cula depois de conhecer a nota obtida, segundo o levantamento.
A complexa situa��o come�ou com a Medida Provis�ria 934, transformada em Projeto de Lei de Convers�o (PLV) 22/2020, que vincula o calend�rio de divulga��o da nota do Enem ao Prouni. O texto foi aprovado no Senado no fim da semana passada e encaminhado para san��o presidencial. A expectativa das mantenedoras � de que o presidente Jair Bolsonaro vete essa parte do texto, fazendo valer a lei do Prouni, que usa obrigatoriamente a nota do Enem, mas permite que os processos seletivos ao programa sejam feitos pelas pr�prias institui��es, com edital publicado e conduzido pelo Minist�rio da Educa��o (MEC). “Esse condicionamento era natural, porque, antes da COVID-19, a nota era dispon�vel a tempo”, afirma o diretor-presidente da Abmes, Celso Niskier.
EM MINAS - 346 mil � o n�mero de alunos que dever� pleitear cadeira em institui��es de ensino privadas
Ele ressalta que um ano de capta��o de alunos representa hoje 25% de toda a base de estudantes. “Se tivermos ingresso m�nimo ou nulo durante dois semestres, estimamos que a base total pode cair 20%”, afirma o presidente da Abmes, Celso Niskier. “Para a sa�de financeira das institui��es ser� dram�tico, com possibilidade de redu��o de pessoal, de docentes e isso � sempre lament�vel. Para o pa�s, representa um s�rio apag�o de m�o de obra em setores estrat�gicos do pa�s”, completa.
A prova de fogo j� come�ou, com cen�rio incerto de matr�culas j� para este segundo semestre. O levantamento da Educa Insights mostra que 70% do volume de alunos que ainda podem se matricular s� tomar�o a decis�o nos pr�ximos 30 dias. Para as institui��es particulares de ensino superior, mudan�as no calend�rio letivo s� ser�o consideradas se perderem a batalha no Congresso e for preciso p�r em pr�tica um plano de emerg�ncia. “As institui��es ter�o de se adequar e conseguir mecanismos que garantam antecipar essa decis�o dos alunos e, consequentemente, a matr�cula, sem a necessidade de mudan�a de calend�rio acad�mico”, acrescenta o fundador e diretor da Educa Insights, Daniel Infante.
(foto: Arte EM)
S� 14% devem iniciar gradua��o neste ano
O estudo “Coronav�rus e ensino superior: o que os alunos pensam”, elaborado pela Educa Insights e divulgado ontem em parceria com a Associa��o Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), ouviu pessoas que planejam iniciar um curso superior, presencial ou a dist�ncia, nos pr�ximos 12 meses. Preocupados com os impactos da COVID-19 no atual momento do pa�s, apenas 14% dos entrevistados declararam planejar o in�cio do curso de gradua��o neste segundo semestre. Significa queda de 8 pontos percentuais em rela��o � primeira apura��o da pesquisa, em mar�o.
Esse p�blico adiou os planos, em grande parte, para o in�cio de 2021. Eram 30%, no in�cio da pandemia, e se tornaram 39% na pesquisa de julho. Entre os interessados em se matricular agora nos cursos na modalidade a dist�ncia, houve um aumento de 30% (registrados na terceira fase da pesquisa) para 34%. Os cursos presenciais tiveram movimento contr�rio e mais acentuado: se em mar�o a inten��o de come�ar em agosto era de 16%; em julho, s� 5% confirmaram que pretendem se matricular. Para essa modalidade de ensino, 45% deixar�o para decidir s� depois do fim da pandemia.
A preocupa��o com os impactos financeiros e com as amea�as � sa�de provocados pela pandemia do novo coronav�rus � a principal raz�o para deixar para depois a forma��o superior. N�o ter condi��es para pagar as mensalidades � o receio de 36% das pessoas ouvidas, a garantia da seguran�a sanit�ria foi apontada por 35% e 29% responderam que os dois motivos s�o temidos.
Na corrida para n�o perder alunos, as institui��es particulares t�m feito movimento contr�rio. Elas v�o at� os alunos para negociar. De acordo com o estudo, em julho, ao menos 71% delas procuraram os estudantes para fazer a rematr�cula e 53% ofereceram condi��es diferenciadas para ajudar no pagamento das mensalidades. Em 47% dos casos, foi concedido desconto por at� tr�s meses; 15% receberam redu��o dos valores por at� seis meses e 9% por mais de seis meses.
Emerg�ncia
Ainda tentando conter os efeitos da pandemia, tramita no Senado o Projeto de Lei 3.372/2020, conhecido como Fies Emergencial, que amplia a cobertura do Fundo de Financiamento Estudantil para os estudantes matriculados que tiveram a renda pessoal ou familiar reduzida durante a crise provocada pela COVID-19 e estejam com dificuldades no pagamento das mensalidades. A proposta inclui a autoriza��o para que a Uni�o participe com at� R$ 3 bilh�es em fundo privado criado para garantir o cr�dito da pol�tica p�blica.
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.