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Estado de Minas Reabertura pol�mica

Volta �s aulas do Col�gio Militar de BH provoca rea��o generalizada

Escolas particulares questionam precedente aberto por decis�o que reabrir� institui��o federal em BH, enquanto pais se dividem e apreens�o cresce entre alunos e professores


18/09/2020 06:00 - atualizado 18/09/2020 07:42

Izabela Pereira teme voltar às salas de aula que, segundo ela, são apertadas, o que dificultaria manter o distanciamento(foto: Maria Pereira/EM/D.A Press )
Izabela Pereira teme voltar �s salas de aula que, segundo ela, s�o apertadas, o que dificultaria manter o distanciamento (foto: Maria Pereira/EM/D.A Press )


A expectativa na retomada do funcionamento das escolas em Minas Gerais nunca esteve t�o aflorada. Pela primeira vez em seis meses se fala numa possibilidade real de volta do ensino presencial e um caso concreto parece conseguir quebrar a barreira dos port�es fechados. A reabertura “na marra” do Col�gio Militar de Belo Horizonte, na segunda-feira que vem, passa por cima das determina��es do estado e do munic�pio no que se refere �s a��es de combate � COVID-19 e abre precedentes para outras redes de ensino, de olho nos desdobramentos da decis�o. Professores se mant�m reticentes quanto ao retorno, que ainda divide a opini�o de pais. Entre acenos e recuos, a quest�o parece longe de consenso, inclusive dentro do pr�prio meio m�dico, e configura uma queda de bra�os.

O Col�gio Militar n�o retoma suas atividades amparado por qualquer normativa federal, mas por decis�o da Diretoria de Educa��o Preparat�ria e Assistencial (Depa), respons�vel pela coordena��o, controle e supervis�o das atividades dos col�gios militares, embasada nas orienta��es dos minist�rios da Defesa, da Educa��o e da Sa�de, do comando do Ex�rcito e do Departamento de Educa��o e Cultura do Ex�rcito.
 
Em nota � imprensa, a Depa diz que “todos os col�gios do nosso Sistema est�o muito bem preparados para atender �s necessidades de prote��o dos seus integrantes em rela��o � pandemia da COVID-19 e em condi��es de cumprir as regras sanit�rias impostas”, mas em momento algum justifica o fato de ignorar normas de estados e munic�pios em todo o pa�s.
 

"O v�rus que ataca os col�gios privados pode atacar tamb�m os militares"

Zuleica Reis, presidente do Sinep-MG

Em Minas, as escolas particulares questionam essa reabertura sem autoriza��o de governo estadual ou municipal. “A retomada das escolas militares abre precedente. Por que podem abrir e as outras n�o? Se h� protocolos, todas as particulares seguir�o os mesmos. O v�rus que ataca os col�gios privados pode atacar tamb�m os militares”, afirma a presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), Zuleica Reis. “Por que a escola militar tem que fugir das regras que foram impostas pelo governo federal ao dar autonomia a estados e munic�pios no tocante �s escolas?”, questiona.
 
O caso abre precedentes, mas os col�gios privados preferem n�o arriscar e aguardar libera��o dos �rg�os da sa�de. Segundo Zuleica Reis, o assunto foi discutido na diretoria do Sinep, que, por unanimidade, votou contra uma ofensiva mais direta. “Nos outros estados, o sindicato s� entrou na Justi�a depois que o estado ou munic�pio liberou as aulas presenciais e outros �rg�os tentaram e tentam impedir o retorno, como MP (Minist�rio P�blico), TRT (Tribunal Regional do Trabalho), Sinpro (Sindicato dos Professores)”, diz Zuleica. Sem data fixada para retorno, o sindicato afirma n�o poder arcar com a solicita��o de retorno das aulas presenciais,  que envolve sa�de p�blica e um estado ainda de calamidade. “Conseguir uma liminar para retornar pode ser poss�vel. Mas, se ocorrer algo com um aluno ou colaborar quem responder� criminalmente � o Sinep-MG.”

Embora acredite que o retorno seria um benefício, o estudante José Pedro Franzoni receia a falta de vacina (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Embora acredite que o retorno seria um benef�cio, o estudante Jos� Pedro Franzoni receia a falta de vacina (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

 
Estudante do 3º ano do ensino m�dio de um col�gio particular na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, Jos� Pedro Rocha Franzoni, de 18 anos, est� preocupado com uma poss�vel retomada. “De um lado, vejo na minha sala muitos colegas inseguros e ansiosos com rela��o ao que vai ocorrer e com a aprova��o na faculdade”, conta. Ele acredita que as aulas presenciais seriam um benef�cio para os alunos que se sentem ainda perdidos na reta final. “Mas, por outro lado, ainda n�o temos vacina e a retomada p�e muitas pessoas em risco ao pegarem �nibus, van escolar ou pessoas que moram com grupo de risco. N�o seria interessante voltar totalmente”, acrescenta.

 

Em an�lise


Questionada sobre uma poss�vel contesta��o da reabertura do Col�gio Militar de Belo Horizonte, a Prefeitura de BH, por meio da Secretaria Municipal de Educa��o, informou que a quest�o est� sendo analisada. A Secretaria de Estado de Educa��o (SEE) respondeu � demanda do Estado de Minas afirmando que “o Col�gio Militar � vinculado ao governo federal, respons�vel pela sua administra��o. A decis�o sobre seu eventual funcionamento n�o passa pelo estado”.
 
O Centro Federal de Educa��o Tecnol�gica de Minas Gerais (Cefet-MG) e as universidades federais tamb�m est�o sob o guarda-chuva da Uni�o e, como o restante dos estabelecimentos de ensino mineiros, fechados desde 18 de mar�o em virtude da pandemia e por determina��o estadual e municipal. No quesito compet�ncia, redes municipais, que tamb�m t�m autonomia para gerir seu sistema educacional (no que diz respeito ao ensino fundamental), foram impedidas judicialmente quando tentaram retomar o rumo do ensino presencial.
 
Um exemplo � a cidade de Coronel Fabriciano, no Vale do A�o. No fim de maio, a Justi�a n�o s� proibiu a volta �s aulas como fixou multa de R$ 20 mil diariamente em caso de descumprimento. Na ocasi�o, a liminar foi concedida em a��o popular ajuizada pela deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), presidente da Comiss�o de Educa��o da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Em Ipatinga, na mesma regi�o, o Sindicato �nico dos Trabalhadores em Educa��o de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) difundiu mensagem em carro de som no fim de semana que trata do interesse do munic�pio em reabrir as escolas. A prefeitura nega.
 
Em Belo Horizonte, a prefeitura n�o d� qualquer sinaliza��o de um poss�vel retorno ao presencial. Em Minas, a Secretaria de Estado de Sa�de deve anunciar nos pr�ximos dias uma data para reabertura de estabelecimentos de ensino das redes p�blica e privada, como mostrou ontem com exclusividade o Estado de Minas.
 
A volta ser� progressiva, com prioridade aos alunos em fim de ciclo, como os do 3º ano do ensino m�dio, 5º ou 9º ano do fundamental, ou ainda aqueles que tiveram mais dificuldade durante o ensino remoto. Tamb�m est� prevista progress�o por regi�es, a partir do acompanhamento epidemiol�gico e de acordo com os par�metros do programa Minas consciente, que orienta a retomada econ�mica nos munic�pios.
 

Extens�o da rede p�e em xeque a preven��o


A poss�vel retomada das aulas presenciais levanta diversas perguntas e opini�es, mas poucas respostas. A coordenadora-geral do Sindicato �nico dos Trabalhadores em Educa��o de Minas Gerais (Sind-UTE), Denise Romano, comenta sobre a longa suspens�o das aulas e se posiciona contra a volta de forma n�o planejada. “No in�cio da pandemia, havia um processo de nega��o quanto � contamina��o por COVID-19 e como afetaria o pa�s, o estado. Tivemos um movimento de nega��o de dizer que ‘n�o era bem isso’, que era uma 'gripezinha'. Agora, presenciamos outro movimento que se assemelha ao movimento anterior: de dizer que a pandemia � menor que se imaginava. Hoje, observa-se uma press�o de retorno �s aulas”, disse.
 
De acordo com Denise, a categoria cobra das autoridades primeiro as condi��es sanit�rias de seguran�a para uma eventual retomada. “Isso n�o ocorreu. Estamos falando sobre um estado com mais de 3 mil escolas e milhares de alunos. Vimos experi�ncias que deram errado, gerando processos de contamina��o ao insistir para a retomada presencial. � uma falta de sensibilidade da gest�o p�blica e o entendimento da popula��o diz que n�o vai enviar os filhos pra escola enquanto n�o houver vacina. A escola � um lugar de aglomera��o”, avalia.

"No in�cio da pandemia, havia nega��o. Hoje, observa-se uma press�o por aulas"

Denise Romano, coordenadora-geral do Sind-UTE


 
Do lado dos docentes da rede privada, a ordem � aguardar os desdobramentos. A presidente do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), Val�ria Morato, lembra que as atividades educacionais, de acordo com a regula��o do programa Minas Consciente, n�o est�o categorizadas dentro das chamadas ondas de reabertura das atividades do com�rcio e do setor de servi�os, compondo “setores especiais”, cujas atividades exigem an�lise das especificidades desse retorno. A categoria vai avaliar a data a ser proposta pelo estado, para dar aval ou n�o � volta. “Nossa preocupa��o continua a mesma: garantir o direito � vida. No momento em que o comit� (de enfrentamento � COVID-19) considerar poss�vel o retorno presencial, faremos nossa manifesta��o”, diz.
 
Tamb�m aluna do 3º ano do ensino m�dio, Izabela de Souza Pereira, de 18, tem medo da volta �s aulas em Vespasiano, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. “Eu ainda n�o me sinto segura para um poss�vel retorno �s aulas presenciais neste momento. Primeiro, porque minha escola � pequena, as salas de aulas apertadas. Acho dif�cil conseguir manter um distanciamento seguro. E tamb�m porque minha m�e tem uma doen�a rara e pertence ao grupo de risco. Acho que j� estamos caminhando para o fim do ano, n�o faz muito sentido voltar �s aulas a essa altura.” 

Depoimentos


Lugar de aprender

M�rio Assis, coordenador do movimento Pais e Av�s –Sentinelas pela Qualidade na Educa��o

"O momento � muito delicado. Nesta altura do campeonato, precisamos analisar n�o s� pelos nossos filhos e netos, mas os riscos para os filhos e netos dos outros. N�o s� por mim, mas pelos pais e av�s que v�o ficar em risco constante se as crian�as voltarem para as aulas agora. E ainda como parceiro dos professores, serventes, diretores, tenho que pensar neles tamb�m. O v�rus � um mal que ningu�m conhece. A COVID-19 mudou a realidade do mundo, n�o � apenas calend�rio de reposi��o ou horas de aulas que estamos contando. Sempre priorizo o conte�do. Penso na escola como lugar de ensinar e aprender. Voltar �s aulas � ensinar a crian�a a ter medo, a ter pavor. A incerteza de por onde anda o Jo�o e por que Manuel n�o volta. Isso n�o � pedag�gico, � acomodar os pais como a escola como despejo de problema social. A escola n�o foi feita para o pai deixar a crian�a porque precisa de trabalhar.”


Socializa��o necess�ria

Sheila Freire, gerente comercial, integrante do movimento Pais pela educa��o

“At� 20 dias atr�s, n�o queria que as aulas voltassem e ficaria brava se me obrigassem. Os pais acreditam que seus filhos em casa est�o com seguran�a e sa�de. A parte pedag�gica n�o � o mais importante. Mas, alguns talvez n�o estejam percebendo que o isolamento est� trazendo doen�as mentais s�rias, que deixam efeitos para o resto da vida. Minha filha de 6 anos, aluna do �ltimo ano do ensino infantil, foi internada por cinco dias em 1º de setembro. Ela teve uma crise de ansiedade. N�o comia, n�o bebia, n�o falava. S� percebi que ela precisa de socializa��o e da escola quando a vi adoecer em casa por causa do isolamento. Estou tentando agora paliativos de atividades, mas o ideal � voltar a ter a rotina que ela tinha. Se aqui isso ocorreu, imagino as fam�lias mais vulner�veis. Nossa bandeira � pelo retorno opcional, pois, apesar de muitos pais n�o quererem ou n�o se sentirem seguros, h� outro grupo desesperado pelo retorno.”

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

 



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