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Estado de Minas COVID-19

Volta �s aulas na pandemia: o que as escolas da Europa t�m a nos ensinar

Enquanto Brasil discute retorno �s escolas, Velho Continente adota medidas que podem servir de exemplo, em meio a diretriz da OMS para retomada e alerta para 2� onda da pandemia


21/09/2020 06:00 - atualizado 21/09/2020 12:29

Na França, retomada ocorreu com delimitação de espaços, depois flexibilizada. Mas o que os pais mais temiam já ocorre: 28 escolas e 262 classes tiveram de ser fechadas novamente(foto: Junia Oliveira/Esp. EM/DA Press)
Na Fran�a, retomada ocorreu com delimita��o de espa�os, depois flexibilizada. Mas o que os pais mais temiam j� ocorre: 28 escolas e 262 classes tiveram de ser fechadas novamente (foto: Junia Oliveira/Esp. EM/DA Press)

 

Avignon (Fran�a) – Reencontrar os colegas de col�gio j� acostumados ao “novo normal” ou submetidos a uma vida acad�mica bem diferente do que se conhecia at� o m�s de mar�o. Enquanto o Brasil discute como e quando retornar �s aulas presenciais, o regime de retomada em alguns pa�ses europeus pode trazer li��es sobre o que copiar e o que n�o repetir. Um cuidado ainda mais importante porque o caminho coincide com alertas aparentemente antag�nicos da Organiza��o Mundial da Sa�de: de um lado, a OMS recomenda que crian�as e jovens retornem ao ambiente escolar f�sico, ainda que com normas estritas; de outro, alertou na �ltima quinta-feira que os novos casos semanais de COVID-19 em alguns pa�ses do continente europeu superam os notificados quando a pandemia se manifestou pela primeira vez, em taxas qualificadas como “alarmantes” – isso antes ainda do inverno.

 

Um quadro que s� agrava o desafio de se adaptar a mudan�as impostas pela pandemia. Seja para quem mora onde a op��o foi n�o reabrir os col�gios antes do ano letivo 2020/2021, seja onde professores e estudantes voltaram a se encontrar depois de dois meses de confinamento, um ponto � comum: a incerteza.  

 

Na porta das escolas que voltaram, m�scaras escondem as fei��es que variam entre o al�vio do reencontro e o medo de uma segunda onda da doen�a. Mineiros residentes no Velho Continente relatam suas afli��es e contam como lidam com protocolos sanit�rios que prometem assegurar aos filhos a possibilidade de novamente estar ao lado de colegas e professores.

 

No in�cio da semana passada, OMS, Unesco e Unicef publicaram diretrizes de medidas de sa�de para se buscar uma reabertura segura das institui��es. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lembrou que crian�as em todo o mundo t�m sofrido de outras formas, como em sua alimenta��o, a perda do aprendizado e riscos como maior exposi��o ao trabalho infantil e � viol�ncia dom�stica. 

 

Mesmo com dados mostrando que menos de 10% dos casos reportados e menos de 0,2% das mortes s�o de pessoas com menos de 20 anos, a dona de casa Marlene Freitas, de 54 anos, se diz apreensiva pelas filhas Laura, de 15, e Giulia, de 16, estudantes do 1º e 2º ano do ensino m�dio em Turim, na It�lia, onde mora h� 20 anos.

 

No pa�s, as salas de aula – vazias desde o fim de fevereiro – s� voltaram a ter alunos neste m�s. Mas o retorno ocorre em dias escalonados, bem como entradas e sa�das dos estudantes. A exemplo do que ocorre em pontos de com�rcio, col�gios sinalizaram sentidos obrigat�rios de deslocamentos e far�o rod�zio de alunos, com uma parte em sala e outra assistindo � aula em tempo real, mas de casa. Intervalos de 10 minutos para troca de professores ser�o feitos com crian�as e adolescentes nas carteiras, sem direito a se levantar. Lanchar tamb�m, s� sentado.   

 

“Tenho muito medo. Nessa idade n�o h� preocupa��o em se lavar as m�os constantemente, cuidado em n�o tocar as coisas... Como sei que minhas filhas n�o medir�o febre na entrada da escola, eu o farei de casa. E, infelizmente, nem todos tomar�o essa medida. Se eu fa�o e o outro, n�o, tem risco”, afirma a mineira, natural de Tim�teo, no Vale do A�o. “Tor�o para que d� certo, mas todos numa classe fechada � complicado. Por enquanto, as portas ainda podem ficar abertas, mas daqui um m�s n�o d� mais, por causa do frio.”  

 

Ao lado da Alemanha, a Fran�a foi um dos poucos pa�ses a reencontrar o caminho da escola logo depois do fim do confinamento, em 11 de maio. As aulas presenciais da educa��o b�sica voltaram um dia depois, de maneira escalonada – universidades permaneceram de portas fechadas. A retomada foi volunt�ria at� 22 de junho, quando voltou a ser obrigat�ria. A ideia era n�o apenas fechar ciclos, como tamb�m dar conta dos 4% de estudantes franceses que simplesmente sumiram do radar dos educadores durante os 56 dias de confinamento.  

 

A entrada 2020/2021 foi no �ltimo dia 1º e a falta de protocolos sanit�rios num momento em que as contamina��es ganham f�lego novamente gerou controv�rsia. Parte do aumento se d� devido � maior capacidade de testagem – por semana, s�o feitos 1 milh�o de testes – e parte pelo fato de o v�rus estar novamente ativo.

 

Se at� o fim do ano letivo passado as regras foram rigorosas, na volta �s aulas, foram suavizadas. Ficaram para tr�s medidas como m�ximo de 15 alunos por turma, com 1 metro de dist�ncia entre cada um, inclusive em refeit�rios e espa�os abertos. As escolas adaptaram seus espa�os � nova realidade e algumas optaram por, no m�ximo, 10 crian�as por turma. Professores dividiram as turmas por turnos, que variavam entre dias ou semanas.  

 

Com m�scaras, mas sem distanciamento 


No novo ano letivo, foram mantidas a exig�ncia de desinfec��o regular dos espa�os e a obrigatoriedade de m�scaras para crian�as a partir de 11 anos, seguindo recomenda��o do conselho cient�fico, mas exclu�dos os distanciamentos. Professores do ensino infantil e aqueles que t�m alunos surdos ou com d�ficit auditivo em classe passar�o, nos pr�ximos dias, a usar m�scaras transparentes.

 

As aulas ocorrem normalmente em tempo integral, com turmas completas. Escolas adotaram seus pr�prios protocolos de controle de entradas e sa�das, de forma que n�o haja aglomera��o de pais na porta, nem entre os alunos. Col�gios localizados pr�ximos a escolas prim�rias mudaram seus hor�rios para que os adolescentes n�o se encontrem com os pequenos. 

 

Mas o que os pais mais temiam j� est� ocorrendo: escolas inteiras ou classes sendo fechadas. Antes da volta �s aulas, o governo j� havia anunciado estar fora de quest�o as escolas n�o voltarem e definiu que fechamentos de escolas inteiras ou de classes seriam feitos de forma localizada – o mesmo tipo de quarentena � visado para tentar conter a circula��o do v�rus em cidades onde a situa��o volte a ser amea�adora. Uma semana depois da volta �s aulas, o ministro da Educa��o franc�s, Jean-Michel Blanquer, anunciou que 28 estabelecimentos escolares e 262 classes est�o fechadas por causa da COVID-19. Neles os alunos, novamente, entraram em aula remota pelo menos at� o fim do m�s. 

 

Cartilha do retorno

Confira algumas das medidas adotadas em escolas de pa�ses europeus

 

It�lia

 

» Aulas em dias escalonados, assim como entradas e sa�das

» Sentido de deslocamento demarcado nas escolas

» Rod�zios de alunos entre modo presencial e remoto

 

Fran�a

 

» Exig�ncia de desinfec��o regular dos espa�os  

» Obrigatoriedade de m�scaras para crian�as a partir de 11 anos

» Aulas normais em tempo integral, com turmas completas

 

Espanha

 

» Voltando �s salas de forma escalonada, com regras sanit�rias r�gidas

» Kit COVID: m�scara extra, garrafinha de �lcool em gel e pacote de len�o

» Limita��o do n�mero de estudantes em sala e aferi��o de temperatura

 

Portugal 

 

» Plano de conting�ncia pro�be pais de acompanhar filhos at� a sala

» Alunos passam por tapete desinfectante e recebem �lcool em gel nas m�os

» Alunos devem levar tablet ou notebook; materiais coletivos n�o ser�o fornecidos  

Espanha: retomada com mensagem preocupante

A Espanha viveu um dos confinamentos mais duros da Europa. Agora, sua volta �s aulas coincide com o momento em que o pa�s se torna o epicentro da segunda onda da COVID-19 no continente. Como na It�lia, o ano letivo passado foi encerrado no sistema remoto e, desde a �ltima ter�a-feira, crian�as e jovens est�o voltando � sala de aula, de forma escalonada e com regras sanit�rias r�gidas. Mas uma declara��o � imprensa local da presidente da Comunidade de Madri, Isabel D�az Ayuso, mais preocupou do que aliviou pais. Segundo ela, “� prov�vel que todas as crian�as de uma forma ou de outra acabem se contaminando”. 

 

O primeiro grupo a reencontrar a sala de aula foi o infantil e o equivalente ao 1º e 2º anos do ensino fundamental. Nesta semana, foi a vez da faixa et�ria do filho da revisora Maria Cl�udia Ara�jo, de 41 anos, paulista que h� seis anos mora em Madri. Francisco, de 11, aluno do 6º ano, tem na lista at� mesmo o “material COVID”: bolsinha de tela perfurada com m�scara extra, garrafinha de �lcool em gel e pacote de len�o descart�vel. 

 

“A volta � necess�ria, mas n�o tenho ideia de como ser�. Meu filho e os amigos dele querem voltar para a escola, mas querem voltar para uma escola com p�tio, se abra�ando e brincando, e isso ser� complicado dentro das diretrizes que determinaram”, afirma. Em toda a Espanha as m�scaras ser�o obrigat�rias para alunos a partir dos 6 anos de idade. At� o 2º ano do fundamental, as turmas dever�o ter entre 15 e 20 estudantes no m�ximo. A orienta��o � para que todos lavem as m�os v�rias vezes e as classes sejam ventiladas a cada troca de aula. Tamb�m � imperativo medir a temperatura e cada regi�o pode escolher a quem cabe a obriga��o: aos pais ou col�gios. Em Madri, o governo repassou para as escolas a decis�o.  

 

Na escola de Francisco, as temperaturas ser�o medidas na entrada. “As crian�as n�o tiveram mais a escola que tinham e v�o voltar para uma escola que n�o conhecem. T�m uma expectativa, mas v�o encontrar uma realidade diferente do que guardam na mem�ria. Isso � que me preocupa”, relata Cl�udia. O primeiro dia de aula do garoto ser� com um caderno e um estojo. A orienta��o sobre livros e o restante do material vir� depois. Levar brinquedos de casa tamb�m � proibido. “Muitas comunidades (estados) na Espanha est�o atrasando o retorno, v�o voltar no fim do m�s, mesmo que o n�mero de cont�gios e hospitaliza��o n�o seja como no per�odo do pico. Sabemos como ser� setembro. Para outubro, ningu�m ousa prever nada.” 

Confian�a

Em Portugal, o ensino p�blico volta ao presencial um dia antes de o pa�s entrar em estado de conting�ncia – desde a ter�a-feira passada, foram impostas restri��es para funcionamento de com�rcio e outros servi�os n�o essenciais. L�, as escolas tamb�m permaneceram fechadas e o ano letivo foi encerrado remotamente. Mesmo assim, a administradora e psic�loga Evelyn Cris Gon�alves Mendes Pechir, de 43, est� confiante nas medidas adotadas. Os filhos dela, Theo, de 8 anos, e Gael, de 7, alunos do 3º e do 2º ano do ensino fundamental, estudam em escola particular e voltaram antes, no dia 1º.  

Em Portugal, os irmãos Theo, de 8 anos, e Gael, de 7, voltaram à escola no início do mês, e o governo não pretende recuar(foto: Evelyn Cris/Arquivo pessoal/Divulgação )
Em Portugal, os irm�os Theo, de 8 anos, e Gael, de 7, voltaram � escola no in�cio do m�s, e o governo n�o pretende recuar (foto: Evelyn Cris/Arquivo pessoal/Divulga��o )

 

“O papel de socializa��o da escola � muito importante e a falta dessa socializa��o est� fazendo muito mal �s crian�as”, diz. “Na condi��o de imigrantes foi pior. Sa�mos de Belo Horizonte h� um ano e meus filhos t�m pouqu�ssimos amigos. O relacionamento deles � quase 100% baseado na escola e, de repente, isso foi cortado. Dez dias antes do retorno, a escola mandou o plano de conting�ncia. No meu contexto, achei que valia a pena voltar, uma vez que adotaram uma s�rie de medidas que me traziam seguran�a.” 

 

Na nova rotina, os pais que antes podiam acompanhar os filhos at� a sala agora v�o s� at� o port�o de entrada, onde os meninos passam por um tapete desinfectante e recebem �lcool em gel nas m�os. Crian�as abaixo de 12 anos n�o s�o obrigadas a usar m�scara, s� para trabalhos em dupla. Alunos dever�o levar de casa tablet ou notebook uma vez por semana para as aulas de tecnologia da informa��o (TI), j� que materiais coletivos n�o ser�o mais fornecidos. Na recrea��o, cada turma ficar� restrita a uma parte do p�tio. No refeit�rio, uma mesa a cada duas ser� usada. 

 

Em terras lusitanas, pelo menos por enquanto, o governo garante que as aulas n�o mais ser�o interrompidas e que, se for necess�rio fechar algum estabelecimento de ensino ou turma, os alunos dever�o partir para aula virtual no dia seguinte. “Descartam o fechamento como ocorreu antes, porque os pais precisam trabalhar. � importante que Portugal continue cuidando da economia sem abrir m�o da sa�de dos cidad�os. O pa�s precisa continuar.” 

Controle da epidemia precedeu discuss�es 

Um ponto � comum entre os principais pa�ses europeus: a discuss�o sobre a volta �s aulas s� come�ou depois que a doen�a pareceu controlada. Na Fran�a, o pico da epidemia levou mais de 7,1 mil pessoas �s UTIs. Em 11 de maio, quando as pessoas foram autorizadas a sair �s ruas e parte do com�rcio a reabrir, esse n�mero tinha ca�do para 2,5 mil. Atualmente, flutua na casa dos 380.  

 

As reaberturas foram progressivas. No caso de bares e restaurantes, apenas os que tinham a possibilidade de servir clientes em terra�os puderam funcionar no in�cio de junho. O restante esperou at� meados daquele m�s e hoje, tr�s meses depois, o movimento ainda � perceptivelmente bem abaixo do que era antes. Foi tamb�m o per�odo em que o governo liberou academias e piscinas p�blicas – em algumas cidades, a abertura ocorreu bem depois.  

 

Cinemas e teatros reencontraram o p�blico no fim de junho, com um assento a cada dois vazio. Meios de transporte p�blico seguiram por mais de um m�s depois do desconfinamento com um a cada dois lugares interditados e hor�rios para atendimento exclusivo ao pessoal de sa�de. Grandes museus e a Torre Eiffel s� voltaram a ter p�blico entre o fim de junho e o in�cio de julho. Boates at� hoje n�o receberam o sinal verde.

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

 


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