A quest�o mais esperada do Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) e que faz girar apostas em qualquer curso preparat�rio �, sem d�vida, o tema da reda��o. Em tempos de coronav�rus, o assunto, na crista da onda h� quase um ano, poderia ser o grande “homenageado”, mas, como de previs�vel a prova mais importante e decisiva da avalia��o nada tem, vale a pena desconfiar e se ligar em outras possibilidades. Hoje, o Estado de Minas mostra algumas delas e, nos pr�ximos dias, faz tamb�m um giro por conte�dos das outras �reas do conhecimento cobradas nas vers�es impressa e digital, com dicas preciosas de quem � fera nas mat�rias.
Ao lado de c�digos e linguagens e ci�ncias humanas, a reda��o � a vedete do primeiro domingo de provas da edi��o 2020. Tem uma estrutura fixa de texto que, se obedecida do in�cio ao fim, pode garantir sucesso na pontua��o. Ir bem ou mal nela � praticamente a chave para carimbar ou n�o o passaporte para a universidade. “Importante lembrar que a prova � atual, mas ela n�o visa � pol�mica. E tivemos v�rias envolvendo a COVID-19. Por isso, acredito que o governo vai evitar esse assunto”, aposta a coordenadora da �rea de reda��o da Rede Chromos de ensino, Janiny Nominato.
Segundo ela, publica��es nas p�ginas oficiais do governo s�o fortes indicativos de temas. “Em sua p�gina e no Instagram, o Minist�rio da Educa��o(MEC) postou v�rios artigos, fotografias e mapas mentais sobre a reda��o e outras �reas. Isso ajuda os alunos que est�o se preparando a dist�ncia a ter um norte ou, pelo menos, tentar identificar um ‘spoiller’ da reda��o”, afirma. Nesse sentido, publica��es que envolveram repostagens do MEC e de outros minist�rios ganham for�a. “No in�cio do ano, tivemos uma repostagem do MEC sobre tabagismo. A �rea da sa�de � poss�vel e engloba v�rios temas. Outros aspectos s�o os diferentes programas educacionais, como o dedicado � forma��o de professores de alfabetiza��o. H� tamb�m programa de incentivo � leitura e � fam�lia. O assunto alfabetiza��o est� bem em evid�ncia”, diz Janiny.
Uma aposta que n�o descarta possibilidade de dar zebra. “H� um universo t�o vasto de temas e quando pensamos na quest�o da COVID-19 mesmo, se o governo optar por falar, ter� de trazer estrutura tem�tica bem delimitada. Em rela��o a temas que podem cair, j� tivemos surdos, viol�ncia contra a mulher, intoler�ncia religiosa e as tem�ticas foram fi�is a tudo que estava acompanhando os governos da sua �poca. Seria a grande zebra (COVID), mas � o que as pessoas est�o vivendo”, ressalta a coordenadora do Chromos.
Nesse caso, Janiny explica que a delimita��o de temas de dif�cil discuss�o pelo fator controverso se faz por meio de interven��es poss�veis, uma vez que o candidato precisa se mostrar cr�tico em situa��es-problema no mundo. A exemplo do tema de 2016, quando foram cobrados caminhos para combater o racismo no Brasil e caminhos para combater a intoler�ncia religiosa no Brasil, na segunda e primeira aplica��es, respectivamente. “Algo que pode suscitar pol�mica estar� relacionado a alguma sugest�o e interven��o. Assim, caminhos para amenizar impactos da COVID-19 cobra do candidato que ele se demonstre preocupado com uma interven��o e o governo sai pela tangente dessas pol�micas.”
Com cerca de 50 reda��es feitas este ano, o estudante Lucas Santiago, de 20 anos, aluno do pr�-vestibular Chromos, se preparou n�o apenas para ir bem, mas para tirar nota 1 mil. Ao longo da prepara��o em 2020, foram quatro notas m�ximas. Em casa, em Belo Horizonte, ele brinca que tem um texto em cada c�modo, pois escreve e passa para os pais lerem. “Quando sa� do ensino m�dio n�o estava realmente preparado para fazer uma reda��o totalmente coerente com o que pede o Enem. Al�m da maturidade que ganhei, no curso preparat�rio h� um direcionamento dos professores para atender aos objetivos pretendidos. Sa� de uma nota 680 no fim do ensino b�sico para 920 no ano passado”, conta o jovem, que quer cursar medicina.
Assim como a professora Janiny, Lucas aposta em temas relacionados ao eixo da educa��o. “Em 2019, uma semana antes da prova, publicaram a��es de democratiza��o de acesso ao cinema e foi esse o tema”, lembra. “Estamos vivendo uma revolu��o nos paradigmas da educa��o, mostrando que temos muito a aprender e evoluir”, ressalta. “Prefiro o ensino presencial, mas me adaptei ao on-line e no curso que quero � preciso capacidade de se adaptar. Estou fazendo o que posso para ter o melhor rendimento poss�vel. A mudan�a veio for�ada e enfrentou muita gente conservadora nessa �rea, embora houvesse h� muito tempo movimento pregando ensino remoto”, diz.
Para esta reta final, estava na agenda a �ltima produ��o semanal de textos, sem esquecer do descanso. “Horas e horas de estudo na �ltima semana de prova n�o v�o mudar muito, pois o que tinha de ser aprendido j� foi. E descansar � parte da prepara��o.”
Regra b�sica: propor solu��o sem ferir direitos humanos
Identificar a situa��o-problema e se posicionar frente a ela � obriga��o de todo candidato, n�o importa o tema. Todos exigem a mesma estrutura: introdu��o, uma boa dose de argumentos e, para encerrar, proposta para solucionar a quest�o abordada. A coordenadora da �rea de reda��o da Rede Chromos de ensino, Janiny Nominato, explica que posicionamento � a base dessa estrutura dissertativo-argumentativa, sendo necess�rio trazer informa��es de fora dos textos motivadores, mostrar que conhece e saber se posicionar, elaborar defesa de um ponto de vista e, ainda, apresentar interven��o. “� importante que saibamos apontar problemas sociais, pol�ticos, econ�micos e culturais, mas, sobretudo, apontar solu��es. Sociedade cr�tica n�o � apenas aquela que sabe apontar um problema, mas se posicionar frente a ele, defender uma posi��o e ainda apresentar sugest�es de interven��es. � muito f�cil criticar os outros, mas na hora de apresentar sugest�o de melhoria � muito dif�cil. E o Enem quer isso da gente”, destaca a professora.
Outro ponto importante da reda��o: proibido ferir os direitos humanos no momento da interven��o. E isso se traduz por intoler�ncia e tudo que fere a dignidade humana, direitos de ir e vir e liberdades individuais. “Ano passado, uma pessoa falou que deveria acabar com o cinema. Isso fere o direito cultural. Conhecer a Declara��o Universal dos Direitos Humanos � aspecto importante, porque � uma prova cidad�”, lembra Janiny.
Se antes esse passo mal dado anulava toda a reda��o, h� dois anos zera apenas a proposta. Ou seja, o aluno perde 200 pontos. “E perder 200 pontos na reda��o complica muito o ingresso na universidade”, avisa. S�o motivos para zerar a reda��o: texto insuficiente (at� sete linhas), escrita ileg�vel, parte deliberadamente desconectada (para demonstrar a relev�ncia de se fazer o Enem, pois envolve dinheiro p�blico), palavr�es, desenhos na pauta de escrita, n�o se ater a uma disserta��o argumentativa.
Dicas para se dar bem na reda��o
» Mostre-se cr�tico em situa��es-problema no mundo.
» Preocupe-se em escrever com letra leg�vel. Se considerarem ileg�vel, ou seja, n�o d� para entender, � zero.
» � poss�vel o aluno que comete erros gramaticais ter uma boa nota se sabe propor interven��o e articular ideias.
» � importante conhecer a Declara��o Universal dos Direitos Humanos, porque o Enem � uma prova cidad�.
» O texto exige disserta��o argumentativa, n�o � poema, m�sica nem desabafo.
Fonte: Janiny Nominato/ Chromos
Confira mais dicas no v�deo abaixo:
Enem impresso
» Primeiro dia: domingo, 17 de janeiro
» Provas: Linguagens e c�digos; reda��o; e ci�ncias humanas
» Dura��o: 5h30min
Aul�o gratuito
O Elite Rede de Ensino promove amanh�, �s 14h, a live Aul�o Enem 360°. O evento ser� gratuito e aberto para alunos de outras escolas e cursos, com o objetivo de revisar os principais temas cobrados na prova em cada compet�ncia (portugu�s, f�sica, biologia, matem�tica, filosofia, qu�mica, reda��o, geografia e hist�ria). Dois professores por disciplina comandar�o as aulas. Nos intervalos, o aul�o ter� como atra��es teatro e dicas de respira��o e alongamento. Para participar acesse o site ensinoelite.com.br/eventos/aulao-enem-360/. O aul�o ser� transmitido ao vivo no YouTube: www.youtube.com/ensinoelite.
Calend�rio continua em quest�o
A Justi�a mineira saiu pela tangente no imbr�glio envolvendo a manuten��o ou n�o do Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) nos pr�ximos dois domingos e, agora, a quest�o n�o s� persiste, como saiu de Minas novamente para as m�os da Justi�a de S�o Paulo, que poder� definir o futuro de 568 mil mineiros inscritos na avalia��o. Ontem, o Tribunal Federal da 1ª Regi�o disse nem sim nem n�o ao pedido de anula��o da prova nessas datas, em todo o Brasil ou apenas em Minas, feito anteontem pelo Partido Democr�tico Trabalhista (PDT), e deixou a cargo do tribunal do estado vizinho a decis�o. A equipe jur�dica respons�vel pela a��o promete acionar o comit� de enfrentamento � COVID-19 de Belo Horizonte para tentar barrar a avalia��o, pelo menos na capital.
Em sua decis�o, o juiz federal Daniel Carneiro Machado considerou que como o mandado tem pedido id�ntico na 12ª Vara C�vel Federal de S�o Paulo,“torna-se evidente o risco de julgamentos conflitantes”. Por isso, ele determinou “a remessa dos autos, com urg�ncia, ao Ju�zo da 12ª Vara C�vel Federal de S�o Paulo”.
O problema � que a 12ª Vara j� se pronunciou: indeferiu a a��o movida pela Defensoria P�blica da Uni�o (DPU) solicitando o adiamento do exame. A Defensoria recorreu. Em Minas, a a��o foi elaborada pelo gabinete da deputada Duda Salabert e impetrada pelo PDT. A chefe de gabinete da vereadora e advogada Clarissa Cotrim, uma das respons�veis pela elabora��o do mandado, explica que como foram feitos dois pedidos, um para suspender em Minas, outro para todo pa�s, a decis�o do juiz mineiro est� correta no que diz respeito ao �mbito nacional.
“Mas, o mais acertado, era julgar o pedido de suspens�o em Minas, declarar prejudicado o de suspens�o nacional e remeter apenas essa parte da mat�ria para S�o Paulo”, defende.
E como a decis�o do tribunal paulista, embora dando aval � aplica��o do Enem, permite � autoridade local suspend�-lo, a equipe jur�dica da vereadora vai interpelar o comit� de enfrentamento � COVID em BH sobre o adiamento. Em todo o pa�s, s�o esperados 5,6 milh�es de participantes nos dois domingos de prova impressa. Em Minas, 568 mil estudantes confirmaram participa��o na avalia��o.