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Estado de Minas EFEITO NOCIVO DAS DESIGUALDADES

OCDE: Brasil sofre com abismo em n�vel de leitura entre jovens de alta e baixa renda

Brasil tem um dos maiores n�veis de disparidade de leitura entre jovens de baixa e alta renda, aponta relat�rio com base em resultados do exame educacional Pisa de 2018.


16/09/2021 07:48 - atualizado 16/09/2021 10:40


Brasil registra uma das maiores disparidades de nível de leitura entre jovens de baixa e alta renda
Brasil registra uma das maiores disparidades de n�vel de leitura entre jovens de baixa e alta renda (foto: Getty Images)

A renda e a posi��o socioecon�mica t�m grande influ�ncia sobre a capacidade de leitura e aprendizado dos jovens - e essa desigualdade � mais acentuada no Brasil do que em grande parte do mundo, aponta a OCDE (Organiza��o para Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico) em seu relat�rio Education at Glance, divulgado nesta quinta-feira (16/9).

Por sua vez, a capacidade de leitura e interpreta��o de textos afeta a habilidade dos jovens em se desenvolverem social e profissionalmente e exercerem sua cidadania.

A OCDE usa como base comparativa os resultados de leitura do Pisa 2018, o exame internacional aplicado pela entidade em jovens de 15 anos nos 38 pa�ses-membros do grupo e em Argentina, Brasil, China, �ndia, Indon�sia, R�ssia, Ar�bia Saudita e �frica do Sul.

A habilidade de leitura � definida pela OCDE como a "capacidade de entender, usar e refletir sobre textos escritos de modo a conquistar objetivos, desenvolver conhecimento e potencial e participar da sociedade".

Em uma escala de 1 a 6, o n�vel de leitura considerado b�sico � o 2 - est�gio em que os estudantes "come�am a demonstrar compet�ncias que v�o lhes permitir participar de modo efetivo e produtivo na vida como estudantes, trabalhadores e cidad�os".

No Pisa 2018, os alunos brasileiros pontuaram, em m�dia, 413 em leitura (para efeitos comparativos, a China, que encabe�a o ranking, pontuou 555 nesse quesito), mantendo-se praticamente estagnado na �ltima d�cada.

E essa m�dia esconde disparidades sociais, que foram exploradas no relat�rio apresentado nesta quinta.

No Brasil, diz a OCDE, a propor��o de jovens da camada mais pobre que conseguiu alcan�ar o n�vel 2 em leitura do Pisa foi 55% menor do que a de jovens brasileiros de renda mais alta.

Essa disparidade � 26 pontos percentuais superior � m�dia dos pa�ses da OCDE, de 29%, onde tamb�m se observa desigualdade em leitura entre alunos ricos e pobres.

"Entre os fatores que influenciam o desempenho na educa��o, o status socioecon�mico tem o maior impacto nas habilidades de literacia dos jovens de 15 anos, mais do que seu g�nero ou pa�s de origem", diz o relat�rio Education at Glance.

No Brasil, por�m, observou-se "uma das maiores disparidades de performance entre os pa�ses que t�m dados dispon�veis", prossegue o texto.

O tema havia sido abordado pela OCDE em maio deste ano , quando a entidade divulgou que, no Brasil, apenas um ter�o (33%) dos estudantes havia sido capaz de distinguir fatos de opini�es em uma das perguntas aplicadas no Pisa.

Na ocasi�o, o diretor de educa��o da OCDE, Andreas Schleicher, tamb�m se disse preocupado com o aumento no "abismo cultural" entre estudantes de classes sociais mais avantajadas e os mais pobres em todo o mundo.

Enquanto entre os estudantes mais ricos o n�mero de livros em casa se manteve est�vel entre 2000 e 2018, esse n�mero caiu consideravelmente entre os estudantes mais pobres globalmente.

O status socioecon�mico segue tendo impacto na vida dos jovens ao diminuir seu acesso ao ensino superior e, desse modo, deix�-los mais vulner�veis ao desemprego, prossegue o relat�rio.


Acesso a livros também é menor entre jovens de baixa renda, o que produz um 'abismo cultural'
Acesso a livros tamb�m � menor entre jovens de baixa renda, o que produz um 'abismo cultural' (foto: BBC)

Mulheres estudam mais, mas t�m menos emprego

O relat�rio lan�ado pela OCDE nesta quinta aborda diferentes aspectos da desigualdade na educa��o global, desde quest�es de g�nero at� os impactos da pandemia no ensino.

No caso do Brasil, um dos pontos destacados � o fato de as mulheres terem, em m�dia, mais tempo de educa��o que os homens, mas enfrentarem barreiras adicionais no mercado de trabalho.

Embora mais mulheres brasileiras de 25 a 34 anos tenham diplomas do ensino superior do que homens (27% contra 20%, segundo dados de 2018), elas t�m mais probabilidade de estarem desempregadas do que eles.

A OCDE cita que, enquanto 85% dos homens com ensino superior estavam empregados no Brasil em 2018, entre as mulheres com a mesma qualifica��o essa taxa era de 77%.

Essa disparidade foi acentuada na pandemia, conforme um estudo recente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada), que apontou que mulheres estavam, junto a negros e jovens, entre os grupos mais vulner�veis ao desemprego no pa�s.

Gastos com educa��o

No que diz respeito a gastos na educa��o, segundo os dados de 2018, o Brasil gastou porcentagem do PIB (5% na �poca) semelhante � m�dia da OCDE.

No entanto, quando se observa o gasto por aluno (da educa��o b�sica at� o ensino superior), ele � de apenas um ter�o da m�dia gasta pelos pa�ses da OCDE: US$ 3,2 mil por estudante anualmente, contra US$ 10 mil por estudante na m�dia da OCDE.

Os dados mais recentes apontam uma redu��o nos investimentos na educa��o b�sica p�blica do pa�s: segundo o Anu�rio do setor, produzido pela entidade Todos Pela Educa��o, Estados e munic�pios brasileiros gastaram R$ 21 bilh�es a menos em 2020 em rela��o ao ano anterior - e essa redu��o de gastos ocorreu justamente durante a pandemia, quando o setor enfrentou desafios sem precedentes.

Nesta quarta-feira (16/9), o Senado aprovou em primeiro turno uma PEC (proposta de emenda constitucional) que isenta de responsabilidade gestores p�blicos que n�o tenham investido o percentual m�nimo de 25% de receitas com educa��o em 2020, por conta da pandemia. O texto da ainda precisa ser votado em segundo turno e seguir � C�mara dos Deputados.

Defensores alegam que o ajuste � necess�rio por conta da queda de arrecada��o e desequil�brio fiscal na pandemia; cr�ticos, por�m, afirmam que a proposta abre perigosos precedentes, traz retrocessos a um setor j� duramente abalado pelo tempo de aula perdido durante o fechamento das escolas e "premia" gestores que n�o se dedicaram � educa��o em um momento cr�tico como o da implementa��o do ensino remoto.

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