
A pasta tem um dos maiores or�amentos da Esplanada dos Minist�rios, mas foi uma das �reas mais afetadas por cortes de gastos - justamente durante o per�odo da pandemia, quando as escolas tiveram que se adaptar para o ensino online e h�brido.
Foi tamb�m uma das pastas em que a ala ideol�gica do governo se fez mais presente.
Alguns especialistas em educa��o criticam o Minist�rio da Educa��o (MEC) na atual gest�o por focar demais em propostas muito ligadas �s pautas de costumes do governo Bolsonaro, como as escolas c�vico-militares e o homeschooling, e menos nos desafios mais amplos da educa��o brasileira, como ajudar as redes municipais e estaduais a implementar e executar o ensino online durante o auge da pandemia de covid-19.
Milton Ribeiro, que � pastor evang�lico, deu v�rias declara��es pol�micas durante os quase dois anos em que permaneceu no cargo.
Em uma entrevista, associou a homossexualidade a "fam�lias desajustadas" e que adolescentes estavam "optando por serem gays" - declara��es que o levaram a ser denunciado pela Procuradoria-Geral da Uni�o por suposto crime de homofobia.
Mas o que levou � demiss�o do ministro foi a revela��o de um aparente esquema de corrup��o dentro do Minist�rio da Educa��o, em que prefeituras ligadas a pastores evang�licos e ao chamado bloco do Centr�o estariam sendo favorecidas com mais recursos na educa��o.
Em um �udio revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, Milton Ribeiro disse que dava prefer�ncia a indica��es dos pastores a pedido do pr�prio Bolsonaro - algo que o ministro depois negou.
Bolsonaro disse em sua live semanal que botava "a cara no fogo" por Ribeiro, mas o desgaste pol�tico acabou levando � sa�da do ministro.
Agora, com a sa�da de Ribeiro, assume interinamente o atual secret�rio-executivo do minist�rio, Victor Godoy Veiga.
Os desafios na Educa��o s�o hist�ricos, e ficaram mais graves desde a pandemia de covid-19.
O Exame Nacional do Ensino M�dio, o Enem, principal porta de entrada para o ensino superior, teve menos de 3,5 milh�es de inscritos em sua edi��o de 2021, o n�mero mais baixo desde 2005. A prova j� chegou a ter 8,7 milh�es de participantes.
O Inep, �rg�o do MEC que prepara a prova do Enem e outras avalia��es essenciais para medir a qualidade do ensino, passa por uma crise de grandes propor��es, depois de den�ncias de tentativas de interfer�ncia do governo federal no conte�do das quest�es e de ass�dio moral contra servidores, no final do ano passado.
Passado um ano e meio desde o in�cio da pandemia, mais da metade (51%) dos alunos da rede p�blica brasileira seguiam, em 2021, sem ter acesso a um computador com internet, apontou uma pesquisa publicada no in�cio de novembro, realizada pelo instituto Datafolha sob encomenda de institutos educacionais.
Outra pesquisa, do Instituto de Estudos Socioecon�micos, calcula que um em cada cinco alunos (ou 20%) do ensino m�dio da rede p�blica brasileira ficou sem aulas durante a pandemia - propor��o que aumenta para 26,8% entre estudantes da zona rural.
As crises com os ministros anteriores
Antes de Milton Ribeiro, o �ltimo ministro ficou apenas cinco dias no cargo: Carlos Decotelli, nomeado em junho de 2020, pediu demiss�o quando vieram � tona den�ncias de irregularidades em seu curr�culo lattes, desde acusa��es de pl�gio em sua produ��o acad�mica at� questionamentos aos t�tulos que ele dizia ter.
Ao anunciar o nome do novo ministro em suas redes sociais, Bolsonaro destacou sua forma��o: "Decotelli � bacharel em Ci�ncias Econ�micas pela UERJ, mestre pela Funda��o FGV, doutor pela Universidade de Ros�rio, Argentina, e p�s-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha".
As inconsist�ncias come�aram a aparecer depois que o pr�prio reitor da Universidade Nacional de Ros�rio, na Argentina, Franco Bartolacci, afirmou que o novo nome anunciado para o MEC nunca concluiu o doutorado e que a tese dele foi reprovada, justamente o contr�rio do registrado no curr�culo do professor.
Antes de Decotelli, o titular do MEC foi Abraham Weintraub, um dos ministros mais beligerantes do governo Bolsonaro e que ficou pouco mais de um ano no cargo.
Pr�ximo dos filhos do presidente e popular entre a milit�ncia bolsonarista, Weintraub deixou o cargo ap�s a escalada da crise causada por suas declara��es contra ministros do STF.
A declara��o que detonou essa crise ocorreu naquela reuni�o ministerial de 22 de abril de 2020, que foi tornada p�blica por ordem judicial: "'Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, come�ando no STF".
A declara��o inflamou a crise entre o governo e o Supremo Tribunal Federal e fez com que Weintraub acabasse sendo inclu�do no inqu�rito do STF sobre divulga��o de not�cias falsas e ofensas aos ministros da Corte.

Weintraub tamb�m foi alvo de outro inqu�rito por racismo, depois de uma postagem que teve a China como alvo.
Em abril de 2020, no in�cio da pandemia do novo coronav�rus, ele publicou em sua rede social a capa de um gibi da Turma da M�nica, uma edi��o especial sobre a China.
E, zombando do sotaque de alguns asi�ticos ao falar portugu�s, ele afirmou que a China estaria por tr�s de um "plano infal�vel" para dominar o mundo p�s-pandemia.
A rea��o de diplomatas chineses foi dura, classificando a postagem de "absurda" e "racista".
O primeiro ministro da Educa��o sob Bolsonaro, Ricardo V�lez Rodr�guez, foi demitido em abril de 2019, pouco mais de um ano depois de assumir.
V�lez havia proposto revis�es pol�micas em livros did�ticos, propondo mudar a forma como o golpe de 1964 e a ditadura militar eram ensinados. Tamb�m pediu que as escolas filmassem as crian�as cantando o hino nacional, e recuou depois que emergiu a preocupa��o com a privacidade dessas crian�as.
O que derrubou o ministro, colombiano naturalizado brasileiro, foi uma disputa de poderes dentro do Minist�rio da Educa��o, entre as alas militares e ideol�gica - esta �ltima ligada ao guru bolsonarista Olavo de Carvalho, morto em janeiro deste ano.
Outra pol�mica que reverberou nas redes sociais foi quando o ministro disse que "o brasileiro, viajando, � um canibal": "Rouba coisas dos hot�is, rouba o assento salva-vidas do avi�o; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse � o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola".
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