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Quais as formas mais eficientes de estudar para prova (e o que n�o funciona tanto)

Reler e grifar textos, deixar estudos para a v�spera da prova ou estudar em meio a distra��es acabam desperdi�ando o esfor�o e desmotivando estudantes, explica especialista em ci�ncias do aprendizado.


30/01/2023 06:22 - atualizado 30/01/2023 08:59


Jovem estudando
Reler e grifar n�o necessariamente vai fazer o estudante aprender o conte�do, segundo estudos cient�ficos (foto: Getty Images)

N�o raro estudantes se frustram ao n�o conseguir boas notas mesmo tendo estudado bastante para uma prova. Tem tamb�m aqueles que sentem que rapidamente esquecem o que aprenderam apenas poucas semanas antes.

S�o desafios particularmente grandes para estudantes rec�m-chegados � universidade, que se deparam com um conte�do bem mais volumoso e complexo do que o da escola e, muitas vezes, t�m de conciliar os estudos com o trabalho.

"H� estudantes que se esfor�am tremendamente, mas de modo errado e acumulam muito conhecimento superficial ou declarat�rio, sem conseguir alcan�ar um n�vel mais conceitual", diz � BBC News Brasil Matthew Bernacki, professor-associado na Escola de Educa��o da Universidade da Carolina do Norte (UNC) em Chapel Hill (EUA).

Bernacki se dedica � ci�ncia do aprendizado, o que na pr�tica se traduz em ajudar estudantes a obter o m�ximo retorno do tempo e do esfor�o investidos nos estudos. Ele explica quais t�cnicas t�m se mostrado mais ou menos eficientes, segundo pesquisas cient�ficas dele pr�prio e de outros cientistas da �rea.

Confira a seguir as t�cnicas comuns que ele e seus colegas na Universidade da Carolina do Norte consideram pouco eficientes - e como substitu�-las na pr�tica.

O que costuma ser pouco eficaz:

Reler e grifar: Embora ler e grifar textos sejam uma parte importante do aprendizado, n�o costumam bastar para o estudante ganhar dom�nio do conte�do estudado. Reler, em especial, requer esfor�o e tempo que nem sempre compensam, porque "d� uma falsa sensa��o de familiaridade com o conte�do". "Quando voc� sai do texto, n�o consegue reproduzir o que leu", diz Bernacki.

"Quanto a grifar, h� evid�ncias mistas: se voc� usa (a t�cnica) como um processo intencional, reflete sobre o que est� destacando no texto, faz anota��es e usa-as para avan�ar na sua estrat�gia (de estudos), pode ser muito produtivo", diz o pesquisador.

"Mas se voc� grifa sem nenhum prop�sito em particular, ou se est� apenas como forma de se manter atento ao texto, pode obter menos benef�cios."

Substituir por:

Aprendizado "ativo": O Centro de Aprendizado da UNC enxerga a leitura como uma etapa anterior ao aprendizado. Para de fato aprender o conte�do, � mais eficaz interagir ativamente com ele.

Aqui, algumas ideias do centro para fazer isso:

- Criar perguntas, problemas ou "quizzes" para voc� mesmo responder. � o que Bernacki chama de "pr�tica de reaquisi��o" de conte�do;

- Ao testar a si mesmo, voc� aumenta sua capacidade de reter o conte�do estudado, explica o pesquisador;

- Explicar a si mesmo o conte�do, em voz alta, nas suas pr�prias palavras;

- Para conte�dos t�cnicos, como matem�tica, vale detalhar o problema e os passos para resolv�-lo.


Estudantes em prova
Conhecimento acumulado na v�spera da prova muitas vezes n�o vira uma mem�ria de longa dura��o; por isso, pesquisadores sugerem estudos mais espa�ados (foto: Getty Images)

O que costuma ser pouco eficaz:

Estudar de �ltima hora: Passar a v�spera da prova estudando � uma pr�tica comum para tentar se sair bem. Mas o esfor�o costuma servir para ir bem s� naquela prova e n�o para memorizar de fato o conte�do.

"Costumamos aglutinar todo o estudo em um intervalo muito pequeno, o que pode servir de imediato, mas n�o para o uso de longo prazo", explica Bernacki.

Substituir por:

Sess�es curtas e espa�adas de estudos: Em vez de estudar v�rias horas apenas na v�spera da prova, vale mais a pena fazer sess�es de estudo curtas, por�m espa�adas ao longo de v�rios dias, do conte�do que voc� quer aprender.

"O importante � como voc� usa o seu tempo de estudo e n�o a dura��o do seu tempo de estudo", diz o Centro de Aprendizado. "Sess�es longas levam � perda de concentra��o e, consequentemente, a menos aprendizado e reten��o."

Na pr�tica, voc� talvez v� estudar pela mesma quantidade de tempo (ou menos) do que se deixasse tudo para a v�spera. A vantagem � que dar� ao c�rebro tempo para fortalecer as conex�es neurais daquele aprendizado, que ter� mais chance de se converter em uma mem�ria de longa dura��o.

O que costuma ser pouco eficaz:

"Multitasking": J� h� m�ltiplas pesquisas indicando que estudar com distra��es - por exemplo de mensagens de WhatsApp ou v�deos no TikTok - � ineficiente n�o s� porque voc� est� dividindo sua aten��o, mas porque o pr�prio ato de ficar trocando de tela ou aparelho gasta tempo e energia.

Substituir por:

T�cnica "pomodoro", ou estudo em blocos: A recomenda��o de Bernacki para n�o sofrer com as distra��es � estabelecer blocos de estudo. Por exemplo, marque 35 minutos no rel�gio e, nesse per�odo, dedique-se exclusivamente a estudar um conte�do, desligando-se de todas as distra��es.

Depois disso, voc� tem cinco minutos para recompensar o seu c�rebro com alguma distra��o - por exemplo, fazendo um lanche ou checando suas mensagens. E, da�, voc� volta para mais um bloco de 35 minutos de estudo.

Esse m�todo � conhecido como "pomodoro", em refer�ncia �queles temporizadores em formato de tomate. Essa t�cnica ajuda n�o s� a evitar o tempo perdido com a distra��o, mas tamb�m a manter o c�rebro motivado com a perspectiva da "recompensa".

(Leia mais sobre essa e outras t�cnicas de aprendizado aqui)


Jovem estuda
Explicar a si mesmo o conte�do e testar os pr�prios conhecimentos s�o mais m�todos eficazes de realmente aprender (foto: Getty Images)

'Autorregula��o' nos estudos

Bernacki destaca, por�m, que n�o basta aplicar as t�cnicas acima como se fossem f�rmulas m�gicas que funcionam em todos os momentos, mas sim identificar quais t�cnicas se adequam mais a cada objetivo de aprendizado. Isso passa pelo que o especialista chama de autorregula��o nos estudos.

"Trata-se de analisar a tarefa, entender qual o objetivo do aprendizado, quais recursos tenho dispon�veis, e escolher a estrat�gia que combina com isso", explica.

"�s vezes, o conhecimento � muito concreto e expl�cito - por exemplo, um fato, uma defini��o, uma f�rmula, que podem ser estudados mais brevemente. Mas outras coisas s�o mais complexas, t�m m�ltiplas etapas ou exigem um entendimento mais conceitual. S�o mais dif�ceis de se estudar de uma vez s�. Ent�o, voc� precisa gerar seu pr�prio conhecimento e suas pr�prias respostas e se autoavaliar: 'O quanto eu entendi isto?'."

Bernacki tem aplicado essas t�cnicas e monitorado seus resultados principalmente entre grupos de estudantes de cursos STEM (sigla em ingl�s para ci�ncias, tecnologia, engenharia e matem�tica) e tamb�m universit�rios de primeira gera��o, ou seja, jovens que s�o os primeiros de suas fam�lias a entrar na universidade - que costumam ter um repert�rio menor de t�cnicas de estudo para desbravar esse per�odo desafiador.


Jovem deitado sobre escrivaninha
Ao melhorar a efici�ncia dos estudos e a autorregula��o, melhora-se tamb�m a motiva��o e engajamento (foto: Getty Images)

Em estudo publicado em 2022 no Journal of Educational Psychology, Bernacki e seus colegas investigaram como um programa de estudos focado nas ci�ncias de aprendizado e na estrat�gia de autorregula��o impactou estudantes de Biologia identificados, por meio de um algoritmo, como sob risco de ter desempenho ruim no curso.

Os estudantes se sa�ram 12% melhor do que o grupo de controle nas provas finais do curso.

Bernacki diz que as t�cnicas t�m embasamento cient�fico e podem ser usadas por qualquer pessoa, inclusive estudantes brasileiros que queiram melhorar seu desempenho. H� planos para oferecer um curso espec�fico para estudantes internacionais que queiram se inscrever em universidades americanas.

Outro foco de estudos do pesquisador � na outra ponta do aprendizado: Bernacki est� pesquisando formas de ajudar professores e autores de material did�tico a formular com clareza que tipo de expectativas eles t�m em rela��o aos estudantes.

Por exemplo, "Qual n�vel de entendimento � preciso alcan�ar (em determinado curso)? E quais as ferramentas relevantes para isso? (...) Deixar isso mais transparente aos estudantes � muito importante", ele explica.

"A maioria de n�s � capaz de lembrar de alguma mat�ria que era desafiadora, mas que sab�amos qual percurso seguir, mas tamb�m mat�rias em que pens�vamos: 'Queria muito ter aprendido aquilo, mas nunca sabia qual era o objetivo nem entendia o que est�vamos aprendendo'. Isso costuma ser muito desafiador para os alunos e pode mudar o percurso de alguns deles."

Este texto foi publicado originalmente em bbc.com/portuguese/geral-64354629


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