
A pandemia pode ter a ver com esses n�meros, j� que o isolamento e o t�dio foram favor�veis � produ��o e ao consumo excessivos de m�dia. S� no TikTok, aplicativo de v�deos curtos que foi, tamb�m, o mais baixado em 2021, os usu�rios passaram 90% de tempo a mais em compara��o com 2020.
“nomofobia”, que se refere ao medo irracional de permanecer sem o celular. O termo tem origem na express�o em ingl�s “no mobile” junto ao sufixo “fobia”, e n�o se trata de um diagn�stico m�dico formal, apesar de estar associado a outros tipos de transtorno.
A const�ncia do uso de celulares com acesso � internet acabou criando um novo v�cio: a depend�ncia digital. Para abordar este assunto, psic�logos e psiquiatras utilizam o termo Nomofobia n�o � um simples v�cio, de acordo com a psic�loga Mariete Duarte. Ela explica que a depend�ncia digital reflete e pode ser identificada no comportamento do indiv�duo, que pode apresentar sintomas de ansiedade mental e f�sica, como taquicardia, cora��o acelerado, inquieta��o e, em casos mais extremos, sudorese e tremores.
Para Duarte, n�o � a quantidade de tempo gasto com a tecnologia em si que � o mais preocupante, mas sim o fator que causa a necessidade de estar sempre conectado: as atividades que envolvem tecnologia – uma bomba de est�mulos visuais e sonoros – tendem a causar prazer quase que imediato por conta da libera��o de dopamina – que cai na mesma velocidade, fazendo com que a sensa��o n�o se sustente e o usu�rio v� atr�s de est�mulos com uma frequ�ncia cada vez maior.
“A utiliza��o do smartphone leva � libera��o de dopamina, neurotransmissor respons�vel pela sensa��o de prazer e bem-estar. Com esse uso excessivo, o corpo ativa a subst�ncia com mais frequ�ncia e pode gerar uma depend�ncia emocional. E sair desse v�cio � t�o dif�cil quanto se livrar da depend�ncia relacionada ao �lcool e outras drogas”, alerta ela.
A nomofobia tamb�m interfere na capacidade cognitiva e mental, principalmente durante a inf�ncia e a adolesc�ncia, enquanto o corpo ainda est� em forma��o. A exposi��o prolongada aos dispositivos digitais diminui a capacidade de aten��o e memoriza��o, uma vez que o dependente deixa de desempenhar essas habilidades nos estudos e, mais velhos, no trabalho.
Segundo a psiquiatra e especialista em neuroci�ncias Nina Ferreira, no entanto, o problema n�o est� na tecnologia, mas no espa�o que dedicamos a ela dentro da nossa rotina.
“Esse h�bito tira a pessoa de outras �reas importantes da vida. Quando falamos de crian�as e adolescentes, que est�o formando a personalidade, elas n�o criam habilidade de conv�vio social se apresentam esse quadro. Em casos mais graves, ainda podem desenvolver ansiedade e depress�o”, explica ela.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Panorama Mobile Time/Opinion Box, cerca de 49% das crian�as com idade entre 0 e 12 anos tinham um celular pr�prio em 2022, representando uma alta de 5% em rela��o a 2021. O principal motivo para este fen�meno seria justamente a pandemia, j� que as aulas remotas exigiam que as crian�as passassem mais tempo em frente a um dispositivo.
“O celular possibilita comunica��o e facilidade nas atividades cotidianas, por�m � necess�rio ter cuidado. Algumas a��es simples, mas importantes, podem educar e prevenir a utiliza��o abusiva de dispositivos eletr�nicos”, afirma Mariete.
A psic�loga e a psiquiatra defendem que � poss�vel fazer uma reeduca��o de h�bitos para que os sintomas da nomofobia possam ser aliviados, como a diversifica��o de hobbies e da rotina e a pr�tica de exerc�cios f�sicos.
“Uma dica valiosa � acostumar a crian�a e/ou o adolescente a fazer as refei��es sem o uso de dispositivos. Os pais, claro, t�m que dar o exemplo. Outra recomenda��o � n�o deixar que o jovem v� para a cama com o celular. A luz azul do aparelho bloqueia a produ��o de melanopsina, um fotorreceptor que ajuda na regulamenta��o dos ritmos card�acos e regula o organismo”, afirma Mariete.
“Essa mudan�a no cotidiano � essencial para educar o indiv�duo a precisar menos da tecnologia para sentir prazer, conseguir realizar as tarefas di�rias com aten��o e ter um c�rebro sem d�ficit de serotonina, dopamina e de outros neurotransmissores”, complementa Nina.