A ado��o de um regime comum para a ortografia do portugu�s em todos os pa�ses lus�fonos p�e fim ao afastamento do Brasil e de Portugal quanto �s normas sobre a escrita do idioma de Machado de Assis e de E�a de Queiroz. Ao longo do s�culo 20, os dois pa�ses modernizaram separadamente a maneira de escrever, fizeram suas regras pr�prias mas apenas, mais de uma vez, ensaiaram aproxima��o.
Isso foi obtido em 1990, com a assinatura do acordo que s� come�a a ser ratificado neste s�culo. Angola, Cabo Verde, Guin�-Bissau, Mo�ambique, S�o Tom� e Pr�ncipe, e Timor Leste n�o criaram normas pr�prias paralelas, assim como fizeram Brasil e Portugal, porque tiveram independ�ncia mais recentemente.
Em artigo publicado no Boletim da Academia Galega da L�ngua Portuguesa, o linguista luso Jo�o Malaca Cateleiro afirma que a separa��o das ortografias brasileira e lusitana come�ou em 1911, quando Portugal fez, “� revelia” do Brasil, sua primeira reforma ortogr�fica. “Come�a uma diverg�ncia na maneira de ortografar a l�ngua, uma vez que n�s come�amos a seguir um determinado tipo de ortografia e o Brasil tinha uma regra fixa”, confirma o escritor Vasco Gra�a Moura, tamb�m portugu�s.
Ele destaca que no Brasil tamb�m havia um movimento para reformar a maneira de escrever o portugu�s. “Eu conhe�o uma carta de M�rio de Andrade dizendo que vai escrever como se fala, e n�o vai seguir a grafia [adotada] do lado de c� do Atl�ntico”.
O diretor-executivo do Instituto Internacional da L�ngua Portuguesa (IILP), o brasileiro Gilvan M�ller de Oliveira revela que os dois Estados optaram por ter normas divergentes, que dificultasse o entendimento de um ao outro quase como estrat�gia mercantilista de composi��o de normas. “Para que o nosso livro n�o circulasse aqui e o livro de Portugal n�o circulasse l�. As nossas hist�rias econ�micas s�o o contr�rio da livre circula��o da mercadoria”.
Jo�o Malaca Cateleiro registra que ao longo do s�culo 20 foram v�rias as tentativas de resolver as diverg�ncias ortogr�ficas entre Portugal e o Brasil, protagonizadas pela Academia das Ci�ncias de Lisboa e pela Academia Brasileira de Letras. “As datas mais mais relevantes s�o as de 1931, 1943, 1945, 1971/1973, 1986 e 1990, sendo esta �ltima a do Novo Acordo Ortogr�fico [em vig�ncia]”
De acordo com Vasco Gra�a Moura, o movimento de maior aproxima��o antes da assinatura em 1990 foi em 1945, quando os dois pa�ses subscreveram a reforma, mas o Congresso brasileiro negou a ratifica��o e n�o houve, portanto, nenhum reflexo no Brasil. “Grande parte das regras daquela reforma corresponde sensivelmente ao que ainda hoje est� em vigor em Portugal”, diz fazendo refer�ncia ao per�odo de transi��o do atual acordo, que em Portugal termina em 2015.