
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tomou ontem uma decis�o que vai afetar todos os estudantes que pleiteiam uma vaga na institui��o, assim como os professores que os preparam. O vestibular tradicional, da forma como � conhecido desde 1970, quando foi uniformizado pelo governo federal, foi banido do calend�rio e ser� integralmente substitu�do pelo Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem). A divis�o de vagas ocorre agora pelo Sistema de Sele��o Unificada (Sisu). Isso quer dizer que a partir da sele��o deste ano para os alunos que v�o entrar em 2014 n�o haver� mais segunda etapa, que era composta de provas abertas e espec�ficas para cada curso.
“� um dia hist�rico, de mudan�a social significativa, um avan�o na uniformidade de tratamento para todas as pessoas, independentemente da regi�o onde moram, da condi��o social; e mais: isto aqui � uma universidade p�blica, � um patrim�nio do povo brasileiro”, disse o reitor Cl�lio Campolina. Durante mais de quatro horas, o Conselho Universit�rio se reuniu para decidir sobre a ades�o da universidade ao Sisu. No fim da tarde, os conselheiros votaram: 40 foram a favor, dois contra e dois se abstiveram.
Segundo o reitor, foram feitos estudos para avaliar a efic�cia do Enem como m�todo unificado de sele��o no pa�s. Campolina considerou que o exame tem qualidade para selecionar os futuros alunos da federal, em uma avalia��o que coincidiu com o dia em que a corre��o de reda��es de alunos contendo erros graves foi questionada nas redes sociais. Apesar das cr�ticas, o representante da UFMG avaliou que o novo sistema n�o vai diminuir a qualidade dos profissionais formados pela institui��o futuramente.
S�o 6.600 vagas, que no ano passado foram disputadas por cerca de 19 mil pessoas, em um processo que coleciona cr�ticos e defensores ferrenhos e que agora deixa de existir. A previs�o � de que, com o Sisu, esse n�mero de concorrentes aumente, j� que o sistema � aberto para todo o pa�s e o aluno n�o precisa sair do estado de origem para pleitear uma vaga em Minas. A universidade, por�m, ainda n�o estima em quanto essa disputa pode aumentar. Ao todo, s�o 96 cursos ofertados, alguns com turnos pela manh� e � noite. Apenas para os candidatos a m�sica e ao curso de belas-artes e artes c�nicas o Sisu n�o valer�, porque as provas de aptid�o permanecem. Esses estudantes far�o testes de habilidade espec�fica na segunda etapa. “O Enem � uma prova muito bem feita e � uma forma democr�tica. Brasileiros de qualquer lugar ter�o a mesma oportunidade”, afirmou Cl�lio Campolina.
No ano passado, a maior universidade de Minas teve com o vestibular uma receita de cerca de R$ 5 milh�es, que compensou as despesas. De acordo com Cl�lio Campolina, uma das vantagens de adotar o Enem � o fim dos gastos, pois o exame n�o representa custos para a UFMG. O reitor avalia que a tend�ncia � de que outras institui��es importantes no pa�s entrem para o Sisu este ano, e que o Brasil tenha um sistema unificado como outros pa�ses, a exemplo dos Estados Unidos. O reitor nega que tenha havido press�o do Minist�rio da Educa��o para ades�o, e avalia que a mudan�a n�o afeta a autonomia universit�ria, defendida por ele e por representantes de outras institui��es p�blicas de ensino superior. “A universidade n�o � obrigada a fazer parte do sistema. Se o adotou, foi porque quis. Avaliamos que � o melhor e o mundo inteiro adota esse tipo de modelo unificado. N�o h� press�o do MEC, os reitores s�o aut�nomos”, afirmou.
Pelo Sisu, o aluno escolhe at� duas institui��es para se inscrever e concorre com a nota de corte para cada curso. O sistema n�o � adotado por todas as universidades p�blicas do pa�s. Algumas o usam para escolha de parte dos alunos. A Universidade Federal do Paran�, por exemplo, preenche apenas 10% das vagas pelo Sisu, assim como a Unifesp, com 82%, e a federal do Rio de Janeiro, com 90%. H� tamb�m federais que, mesmo tendo o exame do ensino m�dio como primeira fase da sele��o, ainda n�o fazem parte da unifica��o, como a do Rio Grande do Sul.
Fala, candidato
Luiz Augusto Pereira, de 17 anos, Estagi�rio
N�o foi bom, pois vai valer a nota elevada para escolha do curso, pelo Sisu, e n�o a afinidade do candidato com as mat�rias da �rea. Com isso, deve cair a qualidade de muitos aprovados, que n�o passar�o por provas espec�ficas.
B�rbara M. Alves, de 20, Servidora p�blica
Acho que melhorou. Sem ter que estudar mat�rias espec�ficas do curso, fica mais f�cil conseguir ingressar na UFMG, sem se preocupar com a prova aberta na segunda etapa. Agora � se preparar bem para o Enem, para somar muitos pontos.
Nathalia C. Peixoto, de 16, Estudante
� positivo, pois agora � se concentrar no Enem, j� que a pontua��o elevada vai garantir a vaga no curso escolhido. N�o vai ter mais aquela tens�o de tr�s, quatro dias de provas abertas, e isso alivia bastante para quem est� se preparando.
Igor A. Machado, de 18, A. administrativo
Pensando em quem n�o tem tempo de se preparar para as mat�rias espec�ficas, fica mais f�cil. Por�m, a segunda etapa � quando o candidato demonstra que est� preparado para a �rea que escolheu, que tem conte�do espec�fico para o curso.