
Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Ad�lia Prado, Lima Barreto... Para o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem), n�o � exigida a leitura de nenhuma obra espec�fica, mas o conhecimento da literatura brasileira tornar� o candidato mais apto para a prova de linguagens, c�digos e suas tecnologias. Mais do que uma prova t�cnica, o teste busca identificar habilidades que s�o constru�das quando se � um leitor contumaz. Na quarta reportagem da s�rie, o Estado de Minas traz informa��es sobre essa prova, que tem 45 quest�es, sendo 40 de portugu�s e literatura e cinco de l�ngua estrangeira.
“Muitos estudantes t�m uma no��o equivocada: pensam que o portugu�s � deles, que eles dominam. Mas n�o s�o leitores, n�o leem livros, jornais ou revistas”, alerta a professora de portugu�s do Col�gio Bernoulli Solange Carvalho Brum. Para ela, pelo fato de o Enem n�o pedir a leitura pr�via de obras liter�rias, muitos alunos acham que n�o � preciso investir nessa dire��o. “Quando ele fizer a prova, ter� um choque cultural ao se deparar com textos desses autores. O Enem requer um conhecimento pr�vio dos escritores”, completa.
O objetivo � testar a habilidade de interpreta��o de texto dos alunos, mas, muitas vezes, esse vi�s � entendido de forma equivocada pelos candidatos. “Existe um mito de que a prova n�o cobra conte�do. Tem mat�ria, sim, que � testada por meio da habilidade de leitura”, pontua a professora de reda��o e portugu�s do Col�gio Bernoulli Jana Rabelo.
A prova � realizada no mesmo dia de reda��o e matem�tica e suas tecnologias. S�o 5 horas 30 minutos para fazer as 90 quest�es objetivas e o texto dissertativo-argumentativo. Os candidatos ter�o uma hora a mais que no primeiro dia. Mas, pelo fato de o aluno ter que resolver o mesmo n�mero de quest�es fechadas e ainda ter que escrever um texto argumentativo, � preciso dividir o tempo com sabedoria, para poder se dedicar a todas com qualidade e sem sacrificar nenhuma delas.
DIVERSIDADE Na prova de l�ngua portuguesa, as quest�es tratam da varia��o lingu�stica – como a l�ngua se modifica ao longo do tempo, em diferentes espa�os e frente �s quest�es sociais. “Os alunos devem principalmente evitar demonstrar preconceito lingu�stico. � necess�rio reconhecer e valorizar as diferentes variedades, a partir de diversidades sociais e et�rias”, diz a professora Jana Rabello.
Outro conte�do inclui os mecanismos de coes�o textual, como pronomes e conjun��es. O conhecimento sobre a reda��o n�o � avaliado apenas na prova espec�fica de escrita. A prova de linguagens e c�digos tamb�m cobra a teoria da reda��o, com quest�es objetivas sobre estrat�gias argumentativas. Os alunos devem perceber quais estrat�gias s�o utilizadas nos textos.
O aluno precisa reconhecer argumentos de autoridade, baseados em dados, e saber distinguir os g�neros textuais, como carta, artigo de opini�o, editorial. “O Enem ama explorar textos h�bridos, como um poema em forma de carta, um texto injuntivo que superficialmente parece ser informativo”, diz Jana Rabello. “A prova tamb�m costuma abordar as mudan�as que a internet trouxe para a comunica��o e para as rela��es sociais”, acrescenta a professora.
A prova de literatura versa sobre movimentos liter�rios brasileiros. O modernismo � um dos mais recorrentes, em especial a rela��o que estabelece com a pintura e o teatro. Mas o aluno precisa ficar atento tamb�m � m�sica popular, aos ritmos e dan�as brasileiros. “S�o quest�es em que os alunos costumam ter dificuldade, por n�o terem repert�rio”, diz Jana. Tamb�m s�o cobradas fun��es e figuras de linguagem, como met�fora, meton�mia e sinestesia. “� um conte�do cobrado aplicado a textos liter�rios e n�o liter�rios”, pontua a professora.
TEMPO A aluna do 3º ano do Col�gio Bernoulli Helena Rodrigues Gon�alves Costa, de 18 anos, gosta de portugu�s e literatura. Ao longo do ano, ela j� fez oito simulados, o que lhe ajuda na administra��o do tempo. “O Enem � uma prova de resist�ncia f�sica e que exige que o emocional esteja minimamente equilibrado”, avalia. Ela tem encarado rotina puxada de estudos. De segunda-feira a s�bado, estuda pela manh�, mas fica no col�gio at� as 21h para sistematizar o conte�do que foi ensinado em sala de aula e fazer exerc�cios. Tamb�m aproveita os plant�es de reda��o para tirar d�vidas.
J� �lvaro Lucca Torres Brand�o, de 18, aluno do 3º ano do Col�gio Bernoulli, recomenda tranquilidade no dia da prova. “� importante n�o exagerar. Sinto que n�o adianta nada estudar muito se na hora da prova n�o tiver calma. Tenho colegas que tiram acima de 94% em simulados, mas que, no dia da prova, por estarem estressados, n�o se saem bem”, afirma. O jovem fica 12 horas na escola e tenta, nesse tempo, rever o conte�do e fazer exerc�cios de forma que n�o leve tarefas para casa. L�, procura relaxar, ler os livros de literatura e se manter atualizado com o que acontece no mundo.
DICAS
» Focar conte�dos que aparecem com mais frequ�ncia na prova, como varia��o lingu�stica, tipos e g�neros textuais, fun��es e figuras de linguagem. Tamb�m � importante dar uma olhada nas principais rela��es sem�nticas.
» Na literatura, muito foco no modernismo e na rela��o desse movimento com outros per�odos da hist�ria brasileira.
» Neste momento final, prestar muita aten��o ao tempo para a realiza��o das quest�es. � bom cronometrar e testar
quanto se gasta. � essencial administrar o prazo.
Na hora H
» Respire e se acalme. � importante recuperar a tranquilidade para fazer a prova. Nos primeiros momentos, a tend�ncia � achar que n�o se sabe nada. Pode dar o famoso branco, que passa se o aluno conseguir voltar ao eixo.
» Prestar muita aten��o � fonte dos textos-base. Essa informa��o pode ajudar a resolver a quest�o e at� mesmo solucion�-la.
» Grife e sublinhe os termos dos textos-base e dos comandos das quest�es. Investir nessa marca��o ajudar� a economizar tempo e facilitar� a fixa��o do que est� sendo exigido na quest�o.