
Para Domingos, o resultado � fruto de tr�s pilares. “O primeiro � o interesse do estudante, o valor que d� ao conhecimento. O segundo diz respeito aos professores: nossos profissionais t�m capacidade t�cnica, sabem o conte�do, mas n�o somente isso, sabem trabalhar com a linguagem do jovem, sabem se comunicar e isso faz a diferen�a para prender a aten��o. O terceiro pilar � o projeto pedag�gico, no nosso caso o material did�tico � produzido pelo pr�prio grupo”, afirma o diretor.
Alunos da escola, os colegas Jo�o Lucas Machado, Felipe Gomes Campos e Jo�o Victor Campos cursam o terceiro ano e demonstram otimismo. Jo�o Lucas, carinhosamente chamado de Paulista, disse que a fam�lia veio para Belo Horizonte e ele n�o teve d�vidas na escolha do col�gio. “Estou aqui desde o primeiro ano. Sei que vou passar no curso de ci�ncias da computa��o da UFMG, pois em 2015 consegui tendo apenas a base do segundo ano”, afirmou. Felipe busca uma vaga em medicina na UFMG. “Vim de Patos de Minas com o prop�sito de fazer os �ltimos dois anos aqui no Bernoulli. Sabia que o ritmo � puxado, mas tinha boas informa��es”, contou. O primo dele, Jo�o Campos, quer uma vaga em engenharia de minas na UFMG ou UFOP. “O momento � de estudar para passar e decidi fazer o terceiro ano integrado aqui, pois o sistema de ensino oferece condi��es para uma boa prepara��o.”
DESTAQUE E DIFICULDADE Embora seja a escola p�blica de melhor coloca��o do pa�s no Enem, o Coluni, de Vi�osa, na Zona da Mata, tem suas condi��es degradadas ano a ano, devido � falta de investimentos. A afirma��o � da diretora em exerc�cio da institui��o, Renata Pires Gon�alves. “Desde 2007, somos a escola p�blica mais bem colocada, mas ca�mos do 10º lugar geral para o 33º, e isso � reflexo da falta de investimentos. Se nada for feito, a tend�ncia � que o n�vel do ensino p�blico desabe ainda mais e chegue ao ponto de nenhuma escola p�blica figurar entre as 100 primeiras coloca��es”, alerta.
De acordo com a diretora, o Coluni enfrenta dificuldades para manter o n�vel do ensino, sobretudo quando professores saem em licen�a para outras atividades e aprimoramento e falta pessoal qualificado para substitu�-los. “Chegamos ao ponto de ter de contar com monitores para substituir professores. S�o alunos que recebem bolsas para atividades complementares, mas que n�o deveriam lecionar”, afirma. A pr�pria estrutura necessita de investimentos, segundo Renata Gon�alves. “A situa��o est� t�o cr�tica que j� tivemos de retirar l�mpadas dos corredores da escola para substituir as que queimaram dentro das salas de aula”, disse.
Mesmo com tantas dificuldades, o destaque do col�gio federal se d� pela organiza��o e estrutura ainda funcional. “Temos um grupo de t�cnicos e docentes que s�o exclusivos. Alunos passam por processo seletivo com 15% de pontua��o extra para quem � do ensino p�blico. Nossos docentes t�m mestrado e doutorado, desenvolvem projetos. Conseguimos tamb�m atender no extraturno. Somos uma escola que funciona”, destaca.
A segunda institui��o p�blica de melhor coloca��o em Minas Gerais foi a Escola Preparat�ria de Cadetes do Ar de Barbacena, em 106º lugar no ranking do Enem, seguida do Col�gio Militar de Belo Horizonte, em 153º. Para o comandante e diretor de ensino da institui��o da capital, coronel Ricardo Luiz Signorini, a busca pelo aprimoramento tem sido constante. “Esse � o resultado de um processo que se inicia desde o sexto ano, mesmo a gente n�o visando especificamente ao Enem, nossa proposta pedag�gica norteia o trabalho dos professores, que por sinal � umas das chaves do sucesso: a maioria tem mestrado de doutorado”, afirma.
Abismo crescente entre redes de ensino
Mesmo n�o sendo ideal a compara��o de resultados do Enem de um ano para outro, por ser um per�odo muito curto para determinar uma tend�ncia, o abismo entre o desempenho do ensino privado e p�blico tem se agravado de forma percept�vel, assim como o desempenho em geral dos alunos brasileiros, na avalia��o da doutora em educa��o pela PUC RJ Andrea Ramal. “O resultado s� confirma o baixo desempenho dos alunos do ensino m�dio e o crescente abismo entre o ensino p�blico e o particular. Os col�gios que mais se destacam s�o aqueles que se concentram e formam turmas de elite. Os que buscam forma��es globais, mais diversificadas, n�o se destacam. Por isso o Enem precisaria mudar, bem como o pr�prio ensino m�dio”, sugere.
Para a especialista, o desempenho no exame � �til para ajudar a escolher uma escola para os filhos. “Mas n�o deve ser o �nico quesito”, destaca. Ainda de acordo com ela, a forma��o dos professores tamb�m fez a diferen�a nas notas m�dias. “Nas escolas em que os professores s�o formados nas �reas em que lecionam, os resultados foram melhores. O inverso tamb�m ocorreu: e um lugar em que o professor de matem�tica d� aulas de f�sica, por exemplo, os alunos tiveram notas mais baixas.”
Apenas 115 escolas de quase 15 mil em todo pa�s tiveram m�dia igual ou superior a 800 pontos na reda��o do Enem’2015. Dessas, a maior parte � particular e quatro s�o p�blicas. Esse desempenho se enquadra no n�vel 5, que � o mais alto grau de profici�ncia calculada para os estudantes. Nessas escolas, mais da metade dos alunos obteve nota acima de 800, em um total de mil pontos poss�veis.
Apenas em reda��o e ci�ncias humanas as notas do Enem melhoraram em rela��o � edi��o de 2014. O desempenho dos alunos foi pior em matem�tica, linguagens e ci�ncias da natureza.