Nem tudo na vida � planejado. Que o diga Fernanda Torquetti. Nas v�rias voltas em que a vida d�, ela se descobriu designer de acess�rios. Sem programar, associou seu trabalho ao upcycling, dando novo uso a estoques parados.
Sorte a nossa. O destino a levou a criar pe�as aut�nticas, que unem a est�tica brutalista de elementos da constru��o civil, como parafuso e porca, com a delicadeza do artesanal.
Para come�ar, Fernanda foi estudar moda imaginando que desenharia roupas. Mas a� a vida mostrou que havia outras possibilidades. No meio da faculdade, surgiu uma vaga de est�gio na Mary Design, de Mary Arantes, onde trabalhou por quatro anos, e ela se apaixonou pelo mundo dos acess�rios.
“L� consegui enxergar como funcionava uma ind�stria e entendi o acess�rio enquanto linguagem de moda muito interessante e menos �bvia”, relembra.
Fernanda criou para outras marcas de acess�rios antes de se dedicar ao trabalho autoral. Na verdade, isso nem passava pela sua cabe�a.
(foto: Luiza Ananias/Divulga��o)
Por insist�ncia do amigo Davi Leite, que � stylist, aceitou desenvolver pe�as para um editorial e se empolgou com a ideia, surpreendida por muitos elogios.
Mais uma vez, o destino apontou um caminho nunca antes planejado.
“N�o tinha tempo nem recurso financeiro para ir fundo nas cria��es, ent�o peguei materiais em desuso na f�brica de um amigo que estava fechada e tinha um estoque gigantesco”, conta. No meio, havia pe�as usadas na constru��o civil, como porca e parafuso.
Nisso, veio o insight do upcycling, pilar importante da marca que nasceria com o nome Fernanda Torquett (o sobrenome passou a ter escrita diferente por uma quest�o de numerologia). De novo, o acaso direcionou os seus passos.
Hoje, de 30% a 40% da mat�ria-prima s�o sobras ou descartes de ind�strias. A designer est� sempre em busca de materiais sem uso que possam ganhar novo significado.
“Upcycling � uma maneira de tentar fazer alguma diferen�a no planeta, respeitando o meio ambiente.”
(foto: Luiza Ananias/Divulga��o)
Por um tempo, Fernanda usou o estoque parado de um fornecedor de resina. At� que um dia ele falou que n�o conseguiria mais e essa casualidade a impulsionou a construir uma identidade mais forte para a marca.
“Isso foi muito bom, porque mudou o estilo das minhas pe�as. Tive que correr atr�s de outros insumos.” E assim chegou a retalhos de f�rmica e acr�lico.
Nessa mesma �poca, ela passou a criar os seus pr�prios metais (em lat�o com banho). Ou seja, desenha praticamente todos os elementos que comp�em as pe�as.
Como exemplo, o ziguezague que aparece por cima de bases coloridas. Al�m disso, descobriu a t�cnica da resina l�quida, que, depois de ser pintada � m�o, fica com um aspecto vitrificado.
A sobreposi��o � uma caracter�stica marcante dos acess�rios. Todas as pe�as s�o constru�das em camadas, l�gica que remete ao trabalho do pai, que era pedreiro.
“S� percebi depois de um tempo que as minhas cria��es s�o muito conectadas com os meus pais, que estava ressignificando a mem�ria e o fazer deles”, comenta.
(foto: Luiza Ananias/Divulga��o)
O uso de parafusos e porcas, que virou marca registrada, tamb�m resgata essa mem�ria. Na pr�xima cole��o, o universo da constru��o civil vai se materializar em cabos de a�o.
Pelo lado da m�e, que era artista pl�stica e ceramista, Fernanda enxerga a delicadeza do feito � m�o, de pintar pe�a por pe�a, de pensar em cada detalhe e cuidar para que o acabamento seja primoroso.
Quando era crian�a, ela frequentava muito o ateli� de cer�mica e isso a influenciou bastante.
No momento de criar as pe�as, a designer deixa o acaso se manifestar, chegando ao resultado de forma muito intuitiva.
Fernanda diz ser “uma observadora do ser humano e da natureza”, tanto que o seu trabalho tem muito a ver com o que est� vivendo e sentindo e com as pessoas que est�o ao seu redor. A busca por materiais tamb�m aponta caminhos.
A hist�ria da cole��o Ori � curiosa. Relaciona-se com as conex�es da vida e mostra como o acaso pode ser inspirador.
(foto: Luiza Ananias/Divulga��o)
Fernanda descobriu que uma amiga mexicana tinha um estoque “gigante” de pedras (opalas feitas de resina) e decidiu us�-las.
A est�tica do M�xico acabou influenciando todo o trabalho. As formas geom�tricas remetem aos astecas e as cores foram pensadas para combinar com as pedras.
J� a cole��o Al�fia nasceu de uma conversa com um amigo que cria abelhas. Se voc� observar, as pe�as lembram as asas desses animais que a encantaram: as camadas est�o o tempo todo em movimento.
O pr�ximo lan�amento se conecta com o momento da gesta��o do seu filho.