A Pol�cia Militar vai abrir inqu�rito para apurar o envolvimento de policiais da 181ª Companhia de Lagoa Santa na morte do adolescente Igor Fernandes Batista de Souza, de 21 anos, e ferimentos no menor M.A., de 17, em suposto confronto armado �s 20h40 de sexta-feira. O caso ser� investigado pelo delegado regional da cidade, Almir de Carvalho. O crime ocorreu na Avenida Elvira Pereira da Silva, no campo de futebol do Bairro Vila Maria, em Lagoa Santa.
Segundo o comandante do 36º Batalh�o de Vespasiano, respons�vel pela regi�o, tenente-coronel Alex Fernandes da Silva, os policiais afirmaram ter sido recebidos a tiros durante uma abordagem a usu�rios de drogas no Bairro Vila Maria, em Lagoa Santa. Eles revidaram e, durante o tiroteio, Igor e o menor foram baleados. Familiares de M.A. informaram que o adolescente foi levado para o Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII e, em seguida, transferido para o setor de ortopedia do Hospital Galba Veloso. Parentes dos jovens estavam apavorados com poss�veis repres�lias.
Moradores do bairro estavam revoltados. M�es e donas-de-casa se concentraram diante do campo de futebol em que os jovens foram baleados e deram outra vers�o para o ocorrido. Uma moradora disse que estava na rua com os dois filhos menores quando viu a viatura passando e, logo depois, os policiais disparando: “Eles atiraram na porta e depois a abriram e arrastaram o Igor para fora”. As marcas de sangue estavam dentro e fora do vesti�rio. Vest�gios de tiros de grosso calibre eram vis�veis nas portas e paredes. A parte interna do vesti�rio foi lavada, segundo os moradores, pelos pr�prios policiais.
A dona-de-casa R., tamb�m vizinha do local, disse que viu tudo o que ocorreu. “O campinho faz fundo para minha casa e vi quando o militar atirou. O policial chutou o vesti�rio onde Igor e M.A. estavam e come�ou a atirar no port�o de ferro. Igor morreu de bra�os para o alto, sem poder se defender. Ouvi mais de 10 tiros”, afirma. Ela e outras amigas de Igor contaram que, logo ap�s os tiros, v�rias viaturas chegaram e isolaram a �rea: “Eles dispararam no mato, simulando troca de tiros, mas n�o havia mais ningu�m. Eu vi de perto. Meus filhos pequenos estavam na pracinha brincando e o militar n�o deu a m�nima import�ncia”, conta. D., vizinha das v�timas, disse que M.A. tentou fugir do vesti�rio e conseguiu ligar para a m�e. “Ele telefonou do celular, dizendo que seria morto. O policial ouviu, tomou o celular dele e lhe deu um tiro no joelho”, conta.
O tenente-coronel Alex da Silva disse que n�o houve qualquer queixa da comunidade em rela��o aos policiais e que n�o havia qualquer informa��o sobre poss�veis amea�as anteriores. As armas dos policiais que participaram da opera��o foram apreendidas e tamb�m um rev�lver 38 e uma cartucheira que estariam com os rapazes. O tenente-coronel disse ainda que os policiais n�o foram presos em flagrante porque n�o se sabe ainda de onde partiram as balas que atingiram os jovens.
Vel�rio
O sepultamento de Igor, no Cemit�rio Campo da Saudade, foi marcado por revolta. Amigos e vizinhos estavam indignados com o crime. O irm�o de Igor, o bombeiro militar Rodrigo de Souza, de 22, informou que ele havia sido detido por tr�fico de drogas e permaneceu preso por mais de um ano pelo crime. “Pelo que sei, meu irm�o n�o tinha arma nenhuma”, disse.
Moradores presentes no vel�rio contaram diversos casos de trucul�ncia envolvendo um policial da Cia. 181. “Ele mora no Bairro Vila Maria e � conhecido por fazer justi�a com as pr�prias m�os. Eles entraram no vesti�rio para matar. Na porta de ferro s� h� tiros de fora para dentro, e n�o o contr�rio. Reivindicamos uma investiga��o eficaz, que apure se houve abuso de poder por parte da PM”, disse uma testemunha, pedindo anonimato.