PF investiga a venda de falsa vacina da gripe su�na em Minas

A falsifica��o de rem�dios pode ter chegado � vacina que combate o v�rus H1N1. A Ger�ncia Regional de Sa�de (GRS) de Coronel Fabriciano investiga a suposta venda clandestina das doses em Dom Cavati, no Vale do Rio Doce. Uma farm�cia da cidade, que tem cerca de cinco mil habitantes, foi flagrada comercializando a vacina supostamente produzida pelo laborat�rio Sanofi Pasteur, fornecedor do Minist�rio da Sa�de (MS). O local foi fechado, no in�cio da noite, pela Pol�cia Federal. A distribui��o das doses em outros munic�pios do Vale do Rio Doce tamb�m ser� apurada. A vacina seria entregue por uma empresa sediada em Governador Valadares. Uma equipe da GRS chegou ontem a Dom Cavati para investigar a den�ncia.

As doses da vacina, comercializadas desde o m�s passado a R$ 39, eram acondicionadas numa geladeira juntamente com insulina (medicamento usado para o controle da diabetes). Um cartaz, afixado na entrada do estabelecimento, anunciava � popula��o a novidade, que j� estava dispon�vel ao grupo de risco em postos de sa�de p�blica. A Prefeitura de Dom Cavati recebeu do governo federal 570 doses da vacina para serem distribu�das gratuitamente � popula��o na terceira etapa da campanha de imuniza��o. “N�o sabia que era proibido vender esse medicamento. Sou filho da terra e n�o fiz isso por maldade. Imaginava que o governo tinha autorizado em farm�cias a venda da vacina”, contou o dono da farm�cia, Adailson Louzada Melo. Ele disse ter comprado 20 doses da vacina. Adailson foi detido pelos agentes da Pol�cia Federal e levado para prestar esclarecimentos em Governador Valadares.

Segundo o comerciante o medicamento teria sido vendido a donos de farm�cia de outras cidades da regi�o. O fornecedor, identificado apenas como J�lio C�sar, seria dono de uma distribuidora de rem�dios no Bairro Jardim P�rola, em Valadares. Por�m, no endere�o indicado, funciona um bar, cuja propriet�ria, que se diz ex-mulher de J�lio C�sar, garantiu que nunca houve venda e distribui��o de rem�dios no estabelecimento. "Estamos separados h� um ano e n�o sei dele. Aqui sempre funcionou um bar e jamais vi rem�dios por aqui", disse a mulher, que se identificou apenas como Denise. De acordo com ela, o ex-companheiro est� morando em Belo Horizonte, mas n�o soube dizer onde. A reportagem tentou entrar em contado pelo telefone com o suposto fornecedor, mas as liga��es ca�ram na caixa-postal.

Na pequena Dom Cavati, quem pagou pela vacina est� assustado. O vigilante A.B.E., de 35 anos, levou o filho de 7 para ser imunizado. Depois da not�cia de que o medicamento vendido no estabelecimento era proibido, ficou preocupado. “Voltei na farm�cia e o dono me garantiu que a vacina � de boa proced�ncia. Por enquanto o meu filho est� bem, mas estamos monitorando qualquer rea��o dele. Agora s� vou tomar a vacina no posto de sa�de”, comentou o vigilante.

Pelo menos oito doses teriam sido vendidas num per�odo de 20 dias. Ontem, o dono da farm�cia investigada informou que entregou as ampolas a um funcion�rio da empresa e pediu o ressarcimento do dinheiro investido no produto, cerca de R$ 280. “Tive a garantia do fornecedor, de quem compro rem�dios h� mais de 10 anos, de que a vacina � legal. Mas, diante do que aconteceu, devolvi as doses”, afirmou. Adailson tamb�m garante que nenhuma pessoa que tomou o medicamento teve rea��es adversas.

A chefe do setor de Imunologia da GRS de Governador Valadares, M�rcia Cordeiro, afirmou que os exemplares da vacina encontrada na farm�cia t�m diferen�as grotescas das doses fornecidas pela Sanofi Pasteur ao Minist�rio da Sa�de. Uma delas seria a embalagem, que diferentemente do que ocorre com o produto entregue aos munic�pios, tem a f�rmula descrita em portugu�s e cores diferentes. “Esses detalhes sugerem que a medica��o � falsa. A embalagem � bem diferente da que recebemos. Mas � claro que precisa ser analisada mais detalhadamente”, contou.

A assessoria de imprensa do laborat�rio Sanofi Pasteur informou que a vacina contra a gripe A n�o est� dispon�vel no mercado para a rede privada. Disse que a previs�o de comercializa��o do produto � somente a partir do pr�ximo m�s e que vai apurar a proced�ncia das doses encontradas na farm�cia de Dom Cavati.

J� a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) informou que, se forem comprovadas as irregularidades, a farm�cia poder� ser fechada e o propriet�rio pode ter que pagar uma multa de at� R$ 1,5 milh�o, prevista na Lei 6.437 da Anvisa. O org�o informou ainda que at� agora s� tr�s laborat�rios est�o autorizados a comercializar a vacina no pa�s: Instituto Butantan, GlaxoSmithKline (GSK) e Sanofi Pasteur. Desses laborat�rios, dois s� venderam para a rede p�blica (Butantan e Glaxo) e n�o v�o ofertar para o setor privado.