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Estado de Minas

Cresce o n�mero de mulheres que trabalham ao volante

Em oito anos, n�mero de motoristas habilitadas em Minas cresce 61%, mais que o dobro do de homens


postado em 08/03/2011 07:10 / atualizado em 08/03/2011 08:19

Depois de transportar minério na BR-040, Edna Luzia Soares se tornou pioneira em dirigir caminhão de coleta de lixo em BH(foto: Euler Júnior/EM/DA Press)
Depois de transportar min�rio na BR-040, Edna Luzia Soares se tornou pioneira em dirigir caminh�o de coleta de lixo em BH (foto: Euler J�nior/EM/DA Press)


Foi-se o tempo em que mulher ao volante era algo extraordin�rio e sin�nimo de barbeiragem e preconceito. Hoje, ela se habilita cada vez mais %u2013 e mais cedo %u2013 para conduzir ve�culos, invertendo uma l�gica cultural de que o lugar dela � na cozinha, pilotando o fog�o. O avan�o do p�blico feminino dirigindo carros e pilotando motos em ruas de Belo Horizonte e rodovias comprova a nova realidade.

De acordo com dados do Departamento de Tr�nsito de Minas Gerais (Detran-MG), o n�mero de motoristas habilitadas cresceu 61% entre 2001 e 2009, passando de 198,2 mil para 319 mil. O �ndice � bem maior do que o registrado entre os homens no mesmo per�odo (25%), que de 448,7 mil subiram para 563,4 mil. Al�m desse crescimento, elas abocanham um mercado no ramo de transporte remunerado, at� ent�o restrito aos homens, e s�o consideradas mais prudentes pelos empregadores e autoridades de tr�nsito. Sem perder elementos do universo feminino, como o esmalte na unha e o batom, agora elas s�o motogirls, caminhoneiras, taxistas, motoristas de escolar, de coletivos e at� de caminh�o de lixo.

''A mulher dirige t�o bem ou melhor do que o homem. Ela pensa mais antes de se arriscar em uma manobra e � mais cautelosa no tr�nsito. Acho �timo esse crescimento de mulheres habilitadas porque mostra que tamb�m somos competentes'', orgulha-se a motorista Edna Luzia Soares, de 37 anos, que h� dois meses percorre ruas e becos de bairros, vilas e favelas da Regi�o Nordeste da capital, dirigindo um caminh�o de coleta de lixo. Pioneira no setor na capital, Edna � a �nica mulher contratada pela Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU) da prefeitura da capital para esse tipo de trabalho. ''Sou caminhoneira desde 2000, quando adquiri a habilita��o C para trabalhar transportando min�rio ao longo da BR-040. N�o acho que esse trabalho seja dif�cil ou que seja apenas para homens'', conta Edna.

O aumento da participa��o de mulheres no tr�nsito, de acordo com o delegado chefe da Divis�o de Habilita��o e Controle do Condutor (DHCC) do Detran, Anderson Fran�a, � resultado do crescimento de todos os setores da economia e da abertura de mercado de trabalho para o sexo feminino. ''O ve�culo garante a liberdade de ir e vir. As mulheres est�o mais independentes e avan�ando por �reas at� ent�o tidas somente como masculinas'', garantiu Fran�a. O delegado ainda faz um alerta: ''O homem precisa perceber que a mulher est� se destacando no tr�nsito n�o somente como condutora, mas como profissional. Como as estat�sticas mostram que a mulher se envolve menos em infra��es e acidentes e que dirigem com mais cautela, isso pode ser um fator a mais para a mulher ocupar um maior n�mero de vagas nesse tipo de emprego''.

Atentas ao bom desempenho do sexo feminino ao volante, transportadoras j� t�m ampliado o n�mero de funcion�rias na condu��o dos ve�culos. Na Braspress, por exemplo, empresa de encomendas urgentes com filiais em Minas e em v�rios estados brasileiros, o slogan ''Compet�ncia n�o tem sexo'' passou a ser um dos carros-chefe na hora da contrata��o. Dos atuais 757 motoristas, 264 s�o mulheres, ou seja, aproximadamente 35%. No site da empresa, um an�ncio � bem animador para a categoria: 39 vagas est�o abertas para motoristas do sexo feminino.

Nas salas de aula de autoescolas, elas tamb�m t�m estado em maior n�mero. No Centro de Forma��o de Condutores Moderna, no Bairro Santo Agostinho, na Regi�o Centro-Sul da capital, 70% do p�blico matriculado em janeiro e fevereiro � representado por elas. ''As mulheres est�o se habilitando mais porque hoje precisam ser multiprofissionais. Se s�o representantes comerciais, por exemplo, n�o precisam apenas vender, mas tamb�m ir dirigindo ao encontro do cliente'', explica a diretora da autoescola Moderna, Geralda Cl�udia Hip�lito Silva Braga, que tamb�m � especialista em educa��o de tr�nsito.

Segundo ela, a empresa tem registrado uma demanda crescente pela categoria A, espec�fica para a condu��o de motocicletas. ''� um p�blico novo, que tem surgido de uns dois anos para c�'', explica. Caso da estudante de arquitetura Tamires Litovetsky, de 20 anos, que j� tem habilita��o B para conduzir autom�veis e treina para acrescentar a categoria A � sua habilita��o. ''Tirei a carteira de carro porque preciso dela no dia a dia, mas a de moto � mais para o lazer, j� que quase todos de minha fam�lia, como minha m�e e meu av�, s�o motociclistas. Mas pelo que vejo, j� tem muita mulher tirando carteira A por necessidade, para trabalhar'', disse Tamires. Para ela, o avan�o do n�mero de mulheres na dire��o de coletivos ou em servi�os de motoentrega � muito positivo, ''apesar de ainda ser motivo de surpresa e admira��o entre os homens''.

Mas algo que se tornou t�o normal e at� mesmo um pr�-requisito para se conseguir um emprego nos dias atuais, j� foi visto como extravag�ncia pela sociedade, especialmente entre os homens. ''Tirar carteira e poder dirigir um carro era um privil�gio. Era um acontecimento tanto quanto fazer uma faculdade. Eram poucas as mulheres que tiravam a habilita��o, at� mesmo porque o marido n�o gostava. Eles achavam uma extravag�ncia. Falavam que ele j� dirigia, que levava os filhos � escola e que a mulher deveria ser dona de casa'', conta a aposentada S�nia Maria Schettino, de 64 anos. Desbravadora para a �poca, S�nia se habilitou na categoria A em 1971 e dos 40 anos de carteira ainda guarda prazeres. ''Adoro dirigir. Sair para passear, pegar a estrada. Sempre estive � frente para o meu tempo.''


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