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Estado de Minas

Portadores de sofrimento mental comemoram avan�os

No Dia da Luta Antimanicomial, ex-pacientes de hospitais psiqui�tricos mostram que � poss�vel retomar a vida depois de d�cadas de maus-tratos, desprezo e preconceito


postado em 18/05/2011 06:00 / atualizado em 18/05/2011 07:30

"Tenho TV, roupa, sapato. L� n�o tinha nada. Eles tomavam de mim. Agora, vou a Caldas Novas, Bras�lia, passeio muito. Comemoro anivers�rio, ganho presente", Elza Campos, de 64 anos (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)


Elza faz compras no mercado enquanto Margarida mostra orgulhosa os croch�s que bordou. Rog�rio corta o cabelo ao mesmo tempo em que Bento se encanta com a TV. O casal Nilta e Adelino viaja de avi�o e Sebasti�o ouve m�sica e lava a lou�a. Atividades corriqueiras da vida de qualquer ser humano se tornam grandes feitos e, principalmente, encantam essas pessoas. Todas egressas de manic�mios, que, depois de passar boa parte da vida internadas, tentam ressurgir das cinzas.

 

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“Tudo � novo e diferente. Eles t�m medo de andar na rua, n�o sabem como comprar uma blusa. H� aqueles que ficam surpreendidos com pequenas coisas, como uma porta girat�ria, um caixa eletr�nico ou um simples abacaxi. E inacredit�vel voc� chegar ao s�culo 21, na era da globaliza��o, e uma pessoa nunca ter se deparado com uma fruta que est� presente no nosso cotidiano. Para voc� ter uma ideia do tipo de vida que eles tinham”, conta Fl�via Vasques, psic�loga da coordena��o de sa�de mental de Barbacena, cidade do Campo das Vertentes que ficou famosa durante d�cadas como reduto da loucura.

Nesta quarta-feira, Dia Nacional da Luta Antimanicomial, data em que se comemoram os 10 anos da reforma psiqui�trica que implementou a Lei 10216/2001 para proteger e estabelecer os direitos de portadores de transtornos mentais, o Estado de Minas mostra as evolu��es do

tratamento de portadores de sofrimento mental e o que ocorre com quem passou a vida trancafiado em uma institui��o e tenta recome�ar a viver. “Quando a pessoa sai do manic�mio h� um preconceito. Depois que ela come�a a circular pela cidade, conviver em sociedade, essa imagem inicial vai mudando. � como ressuscitar um morto” resume a coordenadora em sa�de mental de Barbacena, L�cia Helena Barbosa.

Uma das op��es para quem deixou o sanat�rio s�o as resid�ncias terap�uticas, projeto do governo federal que funciona em todo o pa�s. Em Belo Horizonte, h� 23 delas atendendo 192 pessoas. J� Barbacena tem 28, com 164 pacientes. Essas casas s�o destinadas a pessoas com transtorno mental que passaram por longa interna��o psiqui�trica e ficaram impossibilitadas de retornar � fam�lia. “A maioria dos pacientes n�o tem mais parentes vivos ou a fam�lia n�o os quer de volta. Da� a import�ncia dessa iniciativa”, diz a coordenadora das resid�ncias terap�uticas em Barbacena, Leandra Vilhena. As casas s�o mantidas com recursos anteriormente destinados a leitos psiqui�tricos. Cada uma abriga de uma a oito pessoas e elas recebem cuidados 24 horas por dia de uma equipe multidisciplinar com enfermeiros, psic�logos e psiquiatras.

 

 

A hist�ria do tratamento mental em Minas se confunde com a de Barbacena. Veja fatos e datas marcantes

 

A semente

O primeiro hospital psiqui�trico de Minas foi criado em 1903, como Assist�ncia aos Alienados do Estado de Minas Gerais, onde antes funcionava um sanat�rio particular para tratamento de tuberculose. O “hosp�cio", segundo registros ist�ricos, fica nas terras da antiga Fazenda da Caveira, cujo propriet�rio era Joaquim Silv�rio dos Reis, conhecido como o delator da Inconfid�ncia Mineira.

A meca dos loucos

Segundo historiadores, outro motivo teria levado o hospital para a cidade: quando da escolha da nova capital mineira, Barbacena foi preterida por n�o contar com recursos h�dricos satisfat�rios. Assim, ganhou, como pr�mio de consola��o, o Hospital dos Alienados, depois, Hospital Col�nia de Barbacena. A cidade se transformou em famoso reduto nacional da loucura. Chegou a ter sete hospitais psiqui�tricos. Hoje, abriga tr�s.

Mem�rias do c�rcere

Em 1996, foi inaugurado o Museu da Loucura, que funciona diariamente no Hospital da Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Seu objetivo principal � resgatar a hist�ria do lend�rio Hospital Col�nia. O acervo � composto por textos, fotografias, documentos, equipamentos, objetos e instrumenta��o cir�rgica, que relatam a hist�ria do tratamento ao portador de sofrimento mental.

Mudan�a de ares

De cidade dos loucos para cidades das rosas: Barbacena que, no passado, vivia infestada de urubus atra�dos pela cheiro dos cad�veres dos pacientes, hoje exala perfume de flores cultivadas em grandes estufas .


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