
e de sua filha, Aline.
Menotti tem 8 anos e muita hist�ria na fam�lia. No ano passado, com s�rio problema nos rins, esteve � beira da morte e foi parar no CTI. Passou 10 dias no Centro de Tratamento Intensivo de um hospital de medicina veterin�ria avan�ada no Bairro Carlos Prates. Marilda, que tamb�m tem o d�lmata Apolo, n�o economizou para salvar seu akita. Obteve desconto, juntou recursos e parcelou o montante. � muito grata ao apoio dos doutores Awilson Viana, Rodrigo Rabelo, Ana de Souza e Fl�vio Medeiros. Uma junta m�dica solid�ria ao drama de Marilda, que somou esfor�os pela vida do Menotti. "Lembro-me bem de quando o doutor Awilson me ligou e pediu que fosse at� a cl�nica. Foi terr�vel. A gente sempre pensa o pior. J� era tarde da noite. L�, ele me disse que o caso era grave e que a solu��o seria encaminh�-lo para uma outra cl�nica especializada em tratamento intensivo. N�o tive d�vidas. O que eu queria era o melhor para o Menotti. Seguimos com urg�ncia para o hospital. L�, ele ficou internado por 10 dias", conta.
Para a veterin�ria Ana Augusta de Souza, hist�rias como a de Menotti comprovam a import�ncia que os animais t�m hoje na vida das pessoas. A doutora, encantada pela profiss�o, mostra as depend�ncias da cl�nica especializada, com CTI, laborat�rio e salas de fisioterapia e acupuntura, que ela ajuda a administrar e busca ser refer�ncia no atendimento de urg�ncia em Minas Gerais. H� at� ber�o com bichos de pel�cia para os pacientes em p�s-operat�rio. Lista casos de cuidados especiais como os da Belinha, do Fritz, da Lua, do Neg�o e do Dudu. Todos, claro, chamados pelo nome. "Para n�s, n�o existe nenhuma diferen�a. Nossa equipe tem o maior carinho por todo paciente que a gente recebe. Eles s�o tratados como pessoas", afirma. De fato, n�o parece ser diferente. Durante a visita do Estado de Minas ao hospital, Ursa, bela cadela labradora, de cor chocolate, recebia massagem e tratamento fisioter�pico com equipamento de ponta. Ao ouvir a doutora dizer seu nome, serena, a paciente abanou o rabo e chegou a “sorrir”. Do lado de fora, na Rua Patroc�nio, o motorista da fam�lia de Ursa esperava pelo fim da sess�o para lev�-la para casa.
Salva-vidas
Rodrigo Rabelo, com doutorado na Espanha e experi�ncia internacional em tratamento intensivo, consultor em diversas regi�es do Brasil, acredita em parcerias para levar adiante seu conceito diferenciado de urg�ncia. Ele trabalha com �ndices progn�sticos de sobrevida em pacientes graves. Foi ele quem fez a matem�tica das chances de sobreviv�ncia de Menotti, com um rim atrofiado e o outro comprometido, com quadro grave de complica��es – o c�o chegou a passar dias sedado, com a barriga aberta, protegida por tela especial. Conta que j� passou dias de carnaval no bloco cir�rgico para salvar Toquinho, o pinscher da Isabela, que veio de Arax�, de avi�o, em estado muito grave. Tudo pelos animais.
Eutan�sia, nem pensar. Dr. Rodrigo fala com a convic��o de salva-vidas e admite o recurso apenas em casos insol�veis. "A eutan�sia em veterin�ria � um escape de incompet�ncia e inefici�ncia t�cnica brutal. Para quem n�o tem experi�ncia, sacrificar � tirar o peso das costas", critica. Entregue ao of�cio, apaixonado por animais, especialmente pelos c�es, o m�dico trouxe da R�ssia sua mais leal companheira: a cadela Nica. Uma doberman, presente recebido num congresso em Moscou. Foram 1, 5 mil euros para traz�-la para o Brasil. Antes, moraram juntos seis meses na Espanha. Dividiram uma quitinete de 60 metros quadrados em Madri, onde Rodrigo terminava o doutorado. Nica tem passaporte e tudo. � a mascote do doutor.
Cl�udia e os cinco gigantes
Dogue alem�o � ra�a imponente, uma das mais altas do mundo – o c�o pode pesar mais de 100 quilos e ultrapassar dois metros. A psicopedagoga Cl�udia Gouveia Motta Guimar�es tem cinco. Todos com nome, sobrenome e identidade eletr�nica por meio de chip subcut�neo. Ela, o marido e a matilha moram em Nova Lima, no Condom�nio Pass�rgada, em terreno de 3 mil metros, com 450 metros de �rea constru�da. Toda a casa foi pensada especialmente para a conviv�ncia com os cachorros, que t�m livre acesso a todos os c�modos do lugar. M�veis planejados e material de constru��o escolhido para o conforto dos dogues.
� uma bela hist�ria, que come�ou com uma cadela de nome Shaika, h� 8 anos. Cl�udia queria um c�o d�cil, mas que impusesse respeito. Encontrou no dogue alem�o tudo o que precisava. Encantou-se pela filhote Shaika. Logo depois, para ajudar um amigo, m�dico que foi estudar no exterior, ela recebeu como h�spede tempor�rio outro c�o da mesma ra�a: Yuri. Acabou ficando com ele. Yuri adoeceu e "partiu". Shaika ficou t�o triste que ganhou o Czar, vindo de S�o Paulo, como novo companheiro. Com ele, teve nove filhotes, mas, infelizmente, n�o resistiu ao parto. Cl�udia se desdobrou para dar conta dos pequenos �rf�os. Teve a ajuda de uma cadela pastor-alem�o, que, carinhosamente, assumiu o ninho.
Da ninhada, cinco foram doados, depois de sele��o rigorosa para a escolha dos donos – houve at� reprovados. Ficaram em Pass�rgada Joe, Tosten, Catarina e Indiana. Joe teve vida curta: morreu de infarto. A perda da Shaika foi mais dif�cil de superar. "Com a morte da Shaika, quem tamb�m ficou muito triste foi o Czar. A�, trouxe a Daphine para fazer companhia pra ele", conta. Daphine, este ano, teve bico de papagaio na coluna, chegou a tomar morfina e teve que ser sacrificada. "Foi terr�vel", lamenta. Cl�udia, por op��o, n�o tem filhos. A psicopedagoga, h� anos, passa a maior parte do tempo com crian�as com algum tipo de dificuldade de aprendizagem. S�o horas di�rias de dedica��o ao trabalho, citado com especial carinho. J� os c�es s�o a fam�lia da especialista e do marido. � assim para Cl�udia e seus cinco gigantes. � assim para Marilda e a filha, f�s do Menotti, "irm�o" de estima��o do Apolo, um d�lmata muito “gente boa”.
Segundo no ranking
Pesquisa realizada pela Associa��o Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de Estima��o (Anfalpet) indica que o mercado pet mundial movimentou, em 2010, US$ 76 bilh�es. No Brasil, j� s�o contabilizados 34,3 milh�es de cachorros – fora os cerca de 20 milh�es largados � pr�pria sorte. O que deixa o pa�s, em popula��o canina, atr�s apenas dos Estados Unidos.
Palavra de especialista
F�bio Borges
Psicanalista
Desamparo e transfer�ncia
� preciso tomar cuidado com os exageros. Algumas pessoas vivem exclusivamente por conta de seus animais. Essa � a parte ruim. O ideal � contrabalan�ar as coisas. Mas encontrar esse equil�brio n�o � f�cil. A conviv�ncia com os cachorros faz muito bem, especialmente �s crian�as. Elas estabelecem uma rela��o muito mais simples com seus bichos. Os mais velhos costumam se perder nessa rela��o. N�o � dif�cil entender isso. Est� em Darwin, em Freud. O humano � naturalmente desamparado. � uma esp�cie que, desde pequena, precisa do outro. O que vem acontecendo nos �ltimos tempos, muito em fun��o da solid�o das pessoas e de uma s�rie de refer�ncias semidestru�das, � que o homem vem tentando preencher isso com os animais. Assim como tenta preencher com gente. S� que os animais, em princ�pio, s�o mais acess�veis e mais fieis. A�, ocorre uma transfer�ncia de sentimentos. J� tive cachorros. Perdi recentemente, h� uns cinco meses, o Ode, um labrador, e at� hoje, muitas vezes, me pego procurando por ele quando chego em casa.