
A reportagem do Estado de Minas percorreu cidades peruanas e descobriu que homic�dio �, no momento, a principal linha de investiga��o de autoridades do pa�s para as mortes dos brasileiros. Mais: o Minist�rio P�blico local j� tem dois suspeitos e n�o descarta a hip�tese de envenenamento, uma vez que os corpos dos brasileiros n�o apresentavam sinais de viol�ncia. “Abrimos investiga��o por homic�dio contra dois homens e tentamos localiz�-los para que deem declara��es”, disse a promotora provincial de Cumba, Mariela Gurreonero. Os dois suspeitos s�o os peruanos Jes�s S�nchez e Juan Zorrilla Bravo, este um l�der comunit�rio que j� participou de manifesta��es contra hidrel�tricas na regi�o. Em uma delas, funcion�rios da empresa que faz estudos sobre hidrel�trica foram expulsos de uma cidade pr�xima � zona na qual os brasileiros morreram (leia sobre hidrel�tricas no Peru na p�gina 28).
A promotora decidiu investig�-los com base em informa��es prestadas � pol�cia pelos dois engenheiros peruanos que acompanharam M�rio Bittencourt e M�rio Guedes no trabalho de topografia na localidade conhecida como Pozo Negro, a cerca de 800 quil�metros de Lima. O EM teve acesso aos depoimentos. Neles, os engenheiros peruanos sugerem que tanto Juan Zorrilla Bravo como Jes�s S�nchez agiram de maneira suspeita durante o incidente (veja arte). Zorrilla, dizem, confundiu peruanos que realizavam a busca aos brasileiros. S�nchez, amigo de Zorrilla e dono de uma cabana no in�cio da estrada, ofereceu �gua ao grupo no come�o da caminhada. Pelo menos M�rio Bittencourt, apontam os depoimentos, tomou imediatamente sua �gua.
Passo a passo Os relatos dos engenheiros peruanos Jos� Antonio Suazo Bellaci, de 38, e Fausto Edurino Li�an Turriate, de 55, ambos a servi�o da Companhia Energ�tica Vera Cruz, d�o detalhes sobre o que ocorreu na trilha. Eles e os brasileiros, contratados da Leme Engenharia, come�aram a caminhada na �rea da floresta �s 9h30 do dia 25 de julho, segunda-feira. Um motorista que havia levado o grupo ficou esperando no carro. De acordo com os depoimentos, logo depois do come�o da caminhada eles pararam em uma cabana no in�cio da estrada para beber �gua e conversaram com Jes�s Sanchez, tratado agora como suspeito.
Os depoimentos d�o conta de que, por volta de 12h, Bittencourt se cansou e reclamou de dor na perna. Ele teria ficado sentado � beira da estrada, enquanto o trio seguiu um trecho de subida. Depois de meia hora, o grupo voltou e percebeu que o mineiro n�o estava mais no local. Os peruanos afirmaram � pol�cia que nenhum deles ficou preocupado porque acreditavam que o engenheiro tinha voltado para o carro. Desse mesmo ponto, os dois peruanos seguiram em uma pequena trilha para saber se o caminho chegava a um rio. M�rio Guedes teria decidido ficar � espera da dupla. Pouco mais de uma hora depois, ent�o, os peruanos voltaram e tamb�m n�o encontraram Guedes. Os engenheiros peruanos dizem s� ter percebido que os brasileiros tinham desaparecido quando um deles ligou para Lu�s Ugaz, respons�vel pela log�stica do trabalho de campo. Ugaz levou �gua e cerveja aos peruanos e, perguntado sobre os brasileiros, disse que n�o os havia visto na trilha. Por volta das 14h, o grupo, ent�o, decidiu se separar. Ugaz subiu a estrada e os engenheiros peruanos seguiram em dire��o ao carro.

Os corpos s� foram achados na manh� de quarta-feira, em avan�ado estado de decomposi��o numa estrada abandonada em dire��o ao Rio Mara�on. A necropsia nos corpos realizada no Peru constatou edema cerebral e edema pulmonar, o que refor�ou entre familiares a suspeita de envenenamento, que pode provocar esses incha�os. Novos exames ser�o realizados no Peru e em Belo Horizonte. A promotora peruana Mariela Gurreonero n�o descarta envenenamento. “� poss�vel que (a morte) seja por alguma subst�ncia”, disse. “Mas esperamos resultados dos exames”, acrescentou. (Colaborou Paula Sarapu)