(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

EM testa ciclovia chamada Rota da Savassi e mostra rotina de quem usa bicicleta


postado em 13/08/2011 07:01 / atualizado em 13/08/2011 10:39

(foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
(foto: Beto Magalh�es/EM/D.A Press)
Vida de ciclista � assim: antes de tudo, saud�vel e prazerosa, mas tamb�m arriscada, cheia de obst�culos e muito, muito solit�ria. S�o as impress�es de quem, pela primeira vez, topou o desafio de usar a bicicleta como meio de transporte, em uma cidade montanhosa que planeja tra�ar por seu mapa 138 quil�metros de ciclovias at� 2020. N�o � pouco: seria o suficiente, com sobras, para ir pedalando da capital a Divin�polis, na Regi�o Centro-Oeste. Com seis pistas exclusivas para bikes, Belo Horizonte ganhar�, at� o fim do m�s, mais duas rotas, a da Savassi e a da Avenida Am�rico Vesp�cio, chegando a 29,4 quil�metros de vias. O investimento de R$ 1,2 milh�o nessas pistas, apenas este ano, � aposta da prefeitura para incentivar cidad�os a deixar o carro na garagem.

O Estado de Minas aderiu � proposta e, com a meta de fazer um test-drive nos dois sentidos da chamada Rota da Savassi, enfrentou, de bike e capacete, o tr�nsito da capital mineira. Nos 2,8 quil�metros de pista, da Rua Professor Moraes at� a Avenida dos Andradas, os obst�culos e o desrespeito chamaram a aten��o, muito mais que a quantidade de ciclistas. Isso na rota mais central da cidade, que, al�m das pedras pelo caminho, tem seu tra�ado em uma �rea dominada por ve�culos.
S�o exatamente eles que representam o principal desafio para quem pretende pedalar pela cidade. E ele come�a antes mesmo de se chegar � ciclovia. A experi�ncia de pedalar por ruas e avenidas tira em parte os encantos do que � andar de bicicleta nos tempos de inf�ncia, aquela sensa��o de liberdade, de sentir o vento no rosto sem preocupa��o com o motorista mais apressado ou o motoqueiro menos educado.

Quando a inten��o � usar a bike como transporte numa metr�pole, � preciso administrar tamb�m sentimentos de medo e inseguran�a. Embora o objetivo do poder p�blico seja incentivar a alternativa, as ciclovias ainda s�o como ilhas na cidade, atendendendo um n�mero restrito de ciclistas, ainda sem conex�es entre as rotas. Para chegar at� elas, � preciso enfrentar o tr�nsito feroz de ruas e avenidas dominadas por motos, carros, �nibus e quase nenhuma bike. Enquanto o C�digo de Tr�nsito Brasileiro (CTB) aponta que � dever de carros e demais ve�culos proteger o ciclista, na pr�tica, quem est� de bicicleta parece invis�vel aos olhos dos seres motorizados.

N�o � f�cil se convencer de que, como estabelece o CTB, na aus�ncia de ciclovias, o lugar de bicicleta � na rua, na faixa da direita e no mesmo sentido dos carros. Basta seguir pela Avenida Get�lio Vargas, no Bairro Funcion�rios, na Regi�o Centro-Sul de BH, para ser fechado por um �nibus e, instintivamente, buscar ref�gio no passeio, junto dos pedestres. “O motorista n�o reconhece a bicicleta como ve�culo. �nibus e t�xis n�o respeitam mesmo ”, afirma a m�dica V�vian Andrade, de 29 anos, que desde 2008 adotou o transporte movido a pedais para ganhar agilidade no tr�nsito e fugir de engarrafamentos.

Al�vio

Atravessar a Avenida Afonso Pena junto dos ve�culos significa conviver com outro inc�modo: a impress�o � de que n�o h� tempo para completar a travessia antes que o sinal feche. Frente a esses contratempos, a chegada � ciclovia da Savassi, na Rua Professor Moraes, quase esquina com Avenida do Contorno, � reconfortante. O trajeto, exclusivo para ciclistas e projetado para garantir a seguran�a de quem optou por usar a magrela no tr�nsito, contempla a Avenida Bernardo Monteiro, passando pela Avenida Caranda� e Rua Piau� at� chegar � Avenida dos Andradas.

A BHTrans ainda trabalha na implanta��o da via, prevista para ficar pronta dia 27. “Estamos em obras a partir da Avenida Caranda� at� a Andradas, mas, no restante, s� faltam alguns detalhes de sinaliza��o para arrumar”, diz o supervisor do programa Pedala BH, da BHTrans, Mauro Luiz de Oliveira. Mas o para�so de trafegar numa �rea especial para bicicletas logo se desfaz. Mesmo antes de inaugurado, o trecho est� sendo invadido pelo desrespeito, que espalha pedras pelo caminho dos ciclistas.

Na Rua Professor Moraes, motoristas insistem em invadir a pista de bikes para estacionar. “Tenho que deixar os pacientes na cl�nica e n�o tem lugar para parar. N�o tenho outra op��o”, justifica Jos� Francisco Costa, de 53, na dire��o de uma van. A constante entrada e sa�da de ve�culos das garagens tamb�m deixa ciclistas em apuros. Logo no in�cio do percurso, a equipe do EM ficou presa entre dois carros. Para conseguir passar, foi obrigada a desviar pela pista de ve�culos.

Mas a invas�o nas ciclovias n�o tem sido apenas de motoristas. Pedestres tamb�m tomam conta do espa�o e, curiosamente, transformaram trechos em pista de caminhada. “Antes ia para a Pra�a da Liberdade, mas agora tenho caminhado por aqui”, diz o aposentado Adnylson Luiz Rocha, de 68, que n�o tem medo de ser atropelado por ciclistas. “� muito dif�cil eles passarem.” T�o dif�cil que tem gente que at� transformou a pista em �rea de trabalho. O trecho entre as ruas Aimor�s e Timbiras exige habilidade no guidom, pois � preciso desviar de baldes e tapetes deixados no meio da ciclovia pelo lavador de carros.

Mais adiante, um obst�culo inusitado. �s quintas-feiras, na Avenida Caranda�, � dia de feira de frutas, verduras e biscoitos. A constru��o da pista para bicicletas n�o alterou a rotina dos comerciantes, que, agora, montam as barracas em cima da ciclovia. “Estamos aqui h� 30 anos e a prefeitura nem nos consultou”, reclama o feirante V�tor Paulo Gon�alves, de 47.

Pedalar � vi�vel, mas n�o � f�cil

Um dia pedalando em Belo Horizonte � suficiente para derrubar o mito de que o relevo da cidade n�o combina com bicicleta. A marcha do ve�culo ajuda a amenizar o tranco da subida e h� �reas menos �ngremes bem adequadas � rotina sobre duas rodas, contanto que o ciclista tenha disposi��o e f�lego. A camisa fica suada, mas quem encara o desafio tem como recompensa os benef�cios para a sa�de. Afinal, al�m de meio de transporte, a bicicleta � exerc�cio f�sico. “Comecei a andar de bicicleta porque � mais r�pido do que carro. Al�m disso, acabo relaxando e fazendo meu exerc�cio. Quando vou trabalhar, levo uma muda de roupa na mochila”, conta a m�dica V�vian Andrade.

De cima de uma bicicleta, o olhar sobre Belo Horizonte se transforma. A vontade de admirar as �rvores se confunde com a surpresa de descobrir que a Rua Piau� � mais �ngreme do que voc� imaginava. A todo momento, o ciclista tem que tomar decis�es: escolher a rua com menos tr�nsito, seguir pela avenida mais plana, tudo sem esquecer as leis de tr�nsito. Mas sobre duas rodas a gente descobre tamb�m, rapidamente, que a cidade est� longe de incorporar a ideia da ciclovia.

A Regi�o Hospitalar � um exemplo dessa descoberta. “Estamos perdidos com essa ciclovia. E o estacionamento?”, queixa-se Aline Alves, de 29, que toda semana leva a m�e para sess�es de quimioterapia na Santa Casa de BH. A Rota da Savassi, ciclovia que ser� inaugurada dia 27, passa bem atr�s do hospital, onde hoje h� vagas de estacionamento rotativo. Queixas ouvidas e continuando a pedalar, foi bem perto dali que a equipe do EM tamb�m descobriu que bicicleta estraga e que, ao contr�rio do carro, n�o tem seguro que d� jeito. A solu��o � empurrar a magrela, que, nessas horas, j� nem � t�o magra assim.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)