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Estado de Minas

Quase um ano depois de acidente que matou cinco, Anel continua sem reforma


postado em 25/12/2011 07:03

Se no Bairro Dona Clara, na casa de Laura Gibosky, a atmosfera � de renascimento, n�o longe dali, no Anel Rodovi�rio, cen�rio de trag�dia para muitas fam�lias, o clima � de revolta. Enquanto os pais da menina, emocionados, falavam sobre as dificuldades e o milagre da vida, moradores de vilas vizinhas, liderados pelo movimento M�es do Anel, erguiam flores brancas e faixas com pedidos de socorro para quem vive pr�ximo � rodovia. Acompanhada de perto pela Pol�cia Rodovi�ria Federal, a manifesta��o paralisou trecho pr�ximo ao Viaduto S�o Francisco por cerca de 10 minutos.

Apesar de novos radares instalados nos 26 quil�metros de asfalto, os n�meros deste ano assombram: s�o 2.741 acidentes, com saldo de 912 feridos e 33 mortos at� a �ltima quarta-feira. Ainda que os indicativos sejam inferiores aos dados de 2010 – que apontaram 3.055 ocorr�ncias, com 39 mortes e 1.271 feridos –, a situa��o se torna mais dram�tica com o adiamento das obras de renova��o da rodovia, anunciado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), para 2013. “� triste ver minha fam�lia virar estat�stica”, diz Ricardo de Carvalho, pai de Laura.

‘Atrocidade’ Para o casal de advogados que teve a filha por um fio na trag�dia de 28 de janeiro, e perdeu a parente Ana Fl�via, de 2 (leia mem�ria), o ocorrido “n�o foi um acidente, foi uma atrocidade”. Ricardo e Priscila Gibosky n�o d�o conta de esconder o sentimento de revolta com a irresponsabilidade, com o descaso e com a impunidade em casos como o da pequena Laura: “N�o d� para conformar com a maneira como tudo aconteceu. Uma coisa � perder o freio a 60 quil�metros por hora, outra � na velocidade em que a carreta estava. N�o me conformo com a falta de apoio da transportadora e do governo. Nenhum telefonema. Nada. A seguradora se negou a pagar qualquer indeniza��o. Buscamos o apoio do SUS e at� hoje nada”, diz o professor.

Pai e m�e ainda n�o tiveram tempo para pensar nas medidas cab�veis contra os respons�veis. “A gente decidiu concentrar nossas for�as na recupera��o de Laura. Ainda n�o sabemos o que fazer”, diz Ricardo. Juntos, esperam que o pa�s acorde para a necessidade de mais rigor na legisla��o, com puni��es mais severas para motoristas infratores, al�m de maior n�vel de consci�ncia por parte de todos os motoristas. “� um absurdo o que acontece e a gente vive escutando. As pessoas acham rid�culo tomar um chope s� e n�o poder dirigir. Dizem que podem tomar dois, tr�s e que est� tudo bem. Tudo o que envolve essa irresponsabilidade ao volante � um absurdo”, desabafa Priscila. “E estes caminhoneiros, sabemos bem como andam dopados, � base de rem�dios para n�o dormir”, pontua o professor advogado.

Testemunha de trag�dias

O borracheiro L�cio Reis, de 60, sabe bem das trag�dias que marcam o Anel Rodovi�rio. Em abril, mais de dois meses passados do acidente que envolveu a fam�lia Gibosky – entre tantas outras –, por volta das 19h de um dia de semana, depois de ouvir um estrondo, L�cio correu para as margens do “matadouro de asfalto”. A cena que encontrou fez com que o comerciante nunca mais se aproximasse de acidente algum. “Foi muito impressionante, muito triste e isso me marcou profundamente”, diz, em tom embargado.

Pausa para suportar a lembran�a. Ao chegar no carro arrebentado por outro caminh�o truculento, m�e e tr�s filhos presos sob as ferragens. Vida apenas num garoto de 6 anos. “Ele ainda gritava, chorava muito. N�o pude fazer nada. Aos poucos se calou”, conta, entristecido. Todos mortos. Sobrevivente apenas o pai, que deixou o carro para buscar combust�vel. “Ao voltar, o homem n�o tinha mais a fam�lia. Acho que nunca vou esquecer isso”. � beira da estrada, diz n�o ter est�mago para mais tristezas no lugar.

L�cio � outro que n�o consegue entender tanta demora para que o Anel Rodovi�rio seja reestruturado. “Isto � um absurdo. N�o � poss�vel que o Anel, com tantos casos graves de acidentes, n�o seja prioridade”, considera. Na Borracharia Ba�, o motorista que pede para n�o ser identificado entra na conversa e diz n�o estar nem um pouco satisfeito com o adiamento das obras. Para ele, todo o Anel Rodovi�rio � uma trag�dia anunciada. “Pensa bem: voc� tem quatro pistas e de repente isso cai para duas. Quem conhece o trecho vem com cuidado, mas e os carreteiros que n�o conhecem? Quando descobrem j� n�o podem fazer mais nada e v�o para cima dos carros pequenos. A�, � um desastre atr�s do outro”, opina.

Motorista de carreta livre

O motorista Leonardo Faria Hil�rio, de 25 anos, que dirigia a carreta Volvo placa AFL 4394, de Mundo Novo (MS), respons�vel pelo acidente que matou Ana Flavia Miglioranca Gibosky, de 2 , Marcelo Ferreira dos Santos, de 12, a av� dele, Maria da Concei��o dos Santos, de 60, M�rcia Iasmine de Azeredo Villas Boas Sales, de 44, e Eduardo de Souza Oliveira, de 40, e feriu, al�m de Laura Gibosky, outras 11 pessoas, foi autuado em flagrante por homic�dio doloso eventual, esteve preso por duas vezes, foi liberado e aguarda o julgamento em liberdade.


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