A menos de 10 dias da volta �s aulas, fam�lias abrigadas em escolas p�blicas de Al�m Para�ba e Guidoval v�o ser transferidas para barracas na semana que vem. Doados por uma organiza��o n�o governamental (ONG) inglesa, a ShelterBox, os abrigos chegam com a promessa de suportar frio, calor, tempestade e ventania. S�o feitos para receber 10 pessoas, com 25 metros quadrados, e podem durar at� dois anos. Mas esse prazo se transformou em medo para os moradores. Eles temem ser esquecidos pelo poder p�blico, depois de resolvido o “problema” das prefeituras, ao garantirem um “lar” para os desabrigados.
A previs�o � de que 100 barracas cheguem �s cidades mineiras e a Sapucaia, munic�pio fluminense vizinho a Al�m Para�ba, na quarta-feira. Ainda n�o se sabe como ser� feita a divis�o. As barracas v�m em uma caixa, que cont�m tamb�m forro imperme�vel para o piso, cobertores t�rmicos, panelas, ferramentas, gorros e luvas. A contrapartida exigida pela ONG � que as prefeituras as instalem em �rea com banheiro e cozinha. Criada em 2000, a ShelterBox � “adotada” pela rede internacional Rotary Club, com unidade em Al�m Para�ba.
Segundo o representante da ONG, David Hatcher, que visitou o Brasil para conhecer os locais atingidos pelas chuvas, j� foram distribu�das 110 mil barracas em 70 pa�ses assolados por 160 desastres em 11 anos. “Ao ver as trag�dias, o criador das pe�as pensou em desenvolver algo resistente para abrigar pessoas em situa��es de emerg�ncia”, relata, citando o Haiti como um dos pa�ses atendidos. No Brasil, a ShelterBox j� entregou suas doa��es no Rio de Janeiro, Esp�rito Santo, Pernambuco e Alagoas.
MEDO As prefeituras j� tratam a transfer�ncia das fam�lias como algo certo, mas elas n�o querem trocar os atuais abrigos de concreto por lonas. “Estou desesperada com essa possibilidade. Minha m�e sofreu derrame e n�o sai da cama. Como vou fazer com ela? S� quero ir para a minha casa”, diz C�ssia Maria Oliveira, de 30 anos, que viu destru�do o telhado do im�vel em que vivia em Guidoval com seis pessoas. � a segunda enchente que enfrenta com a fam�lia. O pequeno Carlos V�tor de Oliveira, de 4, n�o se lembra da primeira, mas j� quer esquecer a atual.
Mas o maior medo de C�ssia n�o � uma nova chuva capaz de levar a barraca ou as dificuldades com a m�e. � o esquecimento. As fam�lias levadas para as barracas da ONG no Rio, Esp�rito Santo e Pernambuco j� foram retiradas, mas, em Alagoas, ainda h� abrigados nas lonas. Desde junho de 2010, quando as chuvas mataram 29 pessoas no estado, as fam�lias passam seus dias em barracas, � espera de novo lar.
O diretor da filial brasileira da ShelterBox, Jos� Luiz Machado, diz que as autoridades s�o sempre avisadas sobre a condi��o provis�ria das barracas. “Elas s�o feitas para abrigar pelo menor tempo poss�vel. Prevemos um tempo m�ximo de dois anos para encontrarem um novo lar. Quando doamos o material, conversamos com as prefeituras sobre a condi��o de apenas emerg�ncia das barracas”, afirma.