
Imagens sacras talhadas pelo mestre Ant�nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho; quadros a �leo do s�culo 18 com cenas e personagens da �poca colonial brasileira; casti�ais, candelabros e rel�quias religiosas em ouro e prata. O patrim�nio que conta a hist�ria de Minas Gerais e fica abrigado em igrejas, santu�rios e s�tios est� vulner�vel � a��o de ladr�es desde que o Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG) n�o renovou os contratos de 2011 com as empresas de seguran�a que instalaram alarmes em 40 locais, por meio do programa Minas para Sempre. A den�ncia � do coordenador das promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico de Minas Gerais (CPPC), promotor Marcos Paulo de Souza Miranda. “Todos os dispositivos de vigil�ncia est�o inoperantes”, afirma. O instituto informou n�o ter not�cia do desligamento, mas tamb�m n�o soube dizer se os equipamentos est�o funcionando. O valor do contrato � de R$ 200 mil.
Segundo Miranda, o secret�rio de Estado de Defesa Social, Lafayette Andrada (PSDB), foi comunicado por telefone da situa��o e teria concordado em alertar as for�as policiais sobre a necessidade de estender a seguran�a aos locais hist�ricos at� que o Iepha-MG resolva a pend�ncia.
Tr�s igrejas tombadas pelo Iepha na Grande BH foram visitadas ontem pelo Estado de Minas. Em Sabar�, funcion�rios das igrejas de Nossa Senhora da Concei��o e de Nossa Senhora do Carmo confirmaram que o sistema de alarmes estava inoperante. No primeiro templo, os padres n�o quiseram falar sobre o assunto, mas uma secret�ria confirmou que h� dias n�o funciona o equipamento que monitora o movimento dentro da igreja. Faltam vidros nas janelas, outros est�o quebrados e uma das janelas, voltada para a rua, n�o tem grades.

Preciosidades
Na Igreja de Nossa Senhora do Carmo o sensor de alarme ficou sem uso por tanto tempo que teias de aranha que o cobriam foram escurecidas pela poeira acumulada no aparelho. Imagens hist�ricas de Aleijadinho, como a de S�o Sim�o Estoque e S�o Jo�o da Cruz, ficam expostas, bem como quadros a �leo, documentos do s�culo 18, casti�ais e candelabros de metais preciosos. Tudo est� sem a prote��o eletr�nica.
A Capela Nossa Senhora do Ros�rio, de Sumidouro, em Pedro Leopoldo, n�o � mais aberta durante a semana por medo de invas�es e roubos. De acordo com uma das guardi�s do templo, Nadir Correia, em 13 de julho ladr�es invadiram o local, desarmaram os alarmes, cortaram a energia, quebraram computadores que registravam imagens de seguran�a. Foram roubados o sistema de som e as galetas de prata usadas para vinho e �gua no ritual da eucaristia. “A gente fica preocupada com esse descaso. � a nossa hist�ria que vai se perdendo. Minha av� contava casos de coroa��es com uma santa que foi roubada. Desde o tempo dela, ningu�m mais da comunidade pode repetir o ritual que vinha de s�culos”, lamenta Vane�a Maria Soares, de 28 anos, que vive na comunidade Quintas do Sumidouro, onde fica a capela.
Absurdo
Enquanto n�o se resolve a quest�o de seguran�a, pessoas como ela, que moram perto da Capela de Nossa Senhora do Ros�rio tentam impedir os roubos. “Quando vemos carros estranhos ou gente que n�o � daqui, chamamos a pol�cia ou come�amos a aparecer nas ruas para evitar os roubos”, conta Vane�a. A estudante Gabriela Cristiane Dias, de 22, frequenta a missa na Igreja de Nossa Senhora da Concei��o, em Sabar�, e acha um absurdo o desligamento dos alarmes. “Sabar� n�o tem outras atra��es hist�ricas al�m das igrejas e o patrim�nio dentro delas. Se isso acabar, os turistas n�o vir�o mais. Ou os investimentos voltam ou os padres usam o d�zimo para a prote��o da pr�pria igreja”, sugere.
De acordo com o promotor que coordena o CPPC, 60% do patrim�nio sacro m�vel de Minas Gerais se perdeu em roubos e cole��es particulares. “Se n�o agirmos logo, mais se perder�. As quadrilhas agem em todo estado e s�o formadas por gente de for a. Os grandes polos de venda s�o Rio de Janeiro, Salvador e S�o Paulo”, afirma.
De acordo com o Iepha, nenhuma prefeitura nem o CPPC informaram sobre os desligamentos dos alarmes. Em nota, o instituto respons�vel pelo patrim�nio estadual informa que “todos os procedimentos burocr�ticos para renova��o dos contratos de manuten��o no sistema de alarme est�o sendo realizados”. No entanto, foi apresentada uma previs�o para sanar os problemas. A Secretaria de Estado de Defesa Social informou que o efetivo de policiamento foi ampliado em todas as cidades hist�ricas no per�odo de carnaval, o que contemplaria a necessidade de refor�o na seguran�a do patrim�nio.
…POL�CIA procura ladr�es no norte
A pol�cia j� identificou a quadrilha que roubou cerca de 20 pe�as sacras tombadas da Matriz de Santo Ant�nio, em Itacambira, no Norte de Minas, quarta-feira. “N�o vamos divulgar ainda de onde vieram, mas tivemos informa��es de que ainda est�o no Norte de Minas preparando outro roubo. As for�as policiais est�o avisadas, inclusive as rodovi�rias que participam de bloqueios”, afirma o coordenador das promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico de Minas Gerais, promotor Marcos Paulo de Souza Miranda. At� ontem apenas cinco imagens foram identificadas, a �ltima delas a de S�o Vicente F�rreo. De acordo com o promotor, quem leva as imagens pode ser processado por furto qualificado (pena de dois a oito anos), e quem compra, por recepta��o (tr�s a oito anos).