
Em menos de um m�s, este � o terceiro flash mob (festas instant�neas convocadas por meio das redes sociais) programado para Belo Horizonte. O primeiro, a Cobre Folia, foi marcado para 10 de fevereiro, em frente � Fumec, no Bairro Cruzeiro. A Pol�cia Militar, depois de uma reuni�o com o Minist�rio P�blico e a prefeitura, ocupou preventivamente o local e a festa n�o ocorreu. O segundo, a Cidade Love, ocorreu s�bado no Cidade Nova e resultou em vandalismo e baderna.
Al�m da PBH, a Comiss�o de Monitoramento de Eventos Esportivos e Culturais (Comovec), ligada � Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) est� vigiando a festa marcada para a Pra�a do Papa. “Temos dois investigadores acompanhando as redes sociais 24 horas por dia. Se mudarem o local do evento meia hora antes, temos como saber”, informou uma fonte da Comovec. A PM deve ocupar a Pra�a do Papa ou qualquer outro local para onde a festa for marcada bem antes da chegada dos participantes, como foi feito na Cobre Folia.
Agentes da Guarda Municipal v�o multar os carros que estacionarem em local proibido nas imedia��es da festa. Os fiscais da Regional Centro-Sul v�o atuar, com base no C�digo de Posturas, inviabilizando a montagem de estruturas de palco e o funcionamento de som automotivo acima do limite fixado pela Lei do Sil�ncio, al�m de proibir a presen�a de ambulantes vendendo cerveja e salgadinhos. “Se a festa tivesse licen�a da prefeitura, a PM estaria l� para apoiar. Como n�o tem, vamos nos estruturar para que o evento n�o ocorra”, alerta o tenente-coronel Luiz Jos� Francisco Fialho Filho, comandante do 22ª Batalh�o da Pol�cia Militar, respons�vel pelo policiamento da regi�o.
Desafio
No Facebook, o tom de alguns jovens que confirmaram sua presen�a no evento � de desafio. “Acho que nem o Bope vai segurar dessa vez, vai bombar”, disse um rapaz, enquanto outro afirmou que “vai dar problema com a PM se ela descobrir que estamos roubando a cena”. Poucos s�o os que lembram que � preciso preservar o local do evento e evitar atos de vandalismo como os ocorridos s�bado no Cidade Nova.
A falta de espa�o para as manifesta��es espont�neas dos jovens � outro ponto da quest�o que o vereador Arnaldo Godoy (PT) defende. “� preciso sentar e pensar o que fazer em rela��o a essas manifesta��es, buscando uma solu��o, diz o pol�tico, autor da Lei nº10.277, de 2011, que determina que a prefeitura n�o pode interferir na realiza��o de eventos nas pra�as da cidade, desde que n�o atrapalhem o tr�nsito de pedestres nem tenham som alto ou obstruam o tr�nsito. A lei n�o estabelece n�mero m�nimo de participantes do evento, nem a exig�ncia de um car�ter pol�tico ou cultural.
Protesto contra Saint Patrick
A Associa��o dos Moradores do Bairro Anchieta (Amoran) divulgou nota oficial protestando contra a realiza��o da festa de Saint Patrick’s Day, programada para 17 de mar�o no Parque JK, na Avenida Bandeirantes, Bairro Sion. No documento, o presidente da entidade, Saulo Lages Jardim, diz que os usu�rios do Parque JK “se sentem vilipendiados por n�o termos recebido uma consulta pr�via quanto � realiza��o do evento. Seria no m�nimo de bom tom consultar a vizinhan�a”, diz o l�der comunit�rio.
Saulo Lages manifesta preocupa��o com os riscos de realiza��o de um evento de grande porte no parque, “que recentemente foi reformado, recebendo novos equipamentos que servem � popula��o”. Acrescenta que o local agora est� prestes a ser exposto � depreda��o, como o que ocorreu na Pra�a da Liberdade �s v�speras do carnaval e o que houve na Savassi no ano passado, quando da realiza��o da edi��o 2011 do Saint Patrick’s Day.
A Amoran tamb�m manifesta temor da ocorr�ncia de problemas no tr�nsito e na seguran�a, antes, durante e depois da festa, “pois � not�rio que aquele espa�o do JK n�o est� preparado para grandes p�blicos como tamb�m n�o tem localiza��o adequada para abrigar um evento deste vulto que, no ano passado, recebeu pelo menos 35 pessoas, de acordo com informa��es dos pr�prios organizadores”.
Ao concluir, o representante da Amoran diz que a entidade n�o � contr�ria � realiza��o desse tipo de festividade, que deve ser aplaudida, “desde que se fa�a com planejamento e respeito aos cidad�os e � pr�pria cidade. Reconhecemos que Belo Horizonte deve investir na realiza��o de eventos que cativem o interesse nacional. Contudo, tamb�m � fundamental que tais eventos sejam direcionados para locais adequados, estruturados para receb�-los. Improvisos e tentativas, como provam experi�ncias anteriores, podem ser extremamente prejudiciais ao patrim�nio p�blico e ao bem estar dos cidad�os, de um modo geral.

MEM�RIA: �lcool, drogas e barulho
Em 27 de fevereiro do ano passado, o Estado de Minas publicou reportagem mostrando que a Pra�a da Papa, um dos endere�os mais nobres da capital, havia se transformado em territ�rio sem lei. Grupos de jovens, muitos menores de 18 anos, ocupavam o local nas madrugadas de quinta a domingo para ouvir funk a todo volume e consumir bebidas alc�olicas e drogas.
Moradores da regi�o chegaram a ser amea�ados por frequentadores armados desses encontros. Os invasores paravam os carros e as motocicletas nas entradas das garagens, impediam as pessoas de entrar e sair e ainda as amea�avam de agress�o e de morte caso reclamassem do inc�modo. Sujeira, garrafas e latas jogadas nos canteiros e jardins completavam o quadro de vandalismo.
Depois da reportagem, a Pol�cia Militar e representantes da Regional Centro-Sul se reuniram para definir a��es que coibissem o desrespeito. O policiamento foi refor�ado e a presen�a dos grupos de v�ndalos na regi�o foi reprimido.
PALAVRA DE ESPECIALISTA: RAFAEL BARROS, ANTROP�LOGO E CONSELHEIRO MUNICIPAL DA REGIONAL CENTRO-SUL
Espa�o de conviv�ncia
“A cidade � um espa�o de conviv�ncia e de uso coletivo. O que � p�blico � do p�blico e n�o pode ter a proibi��o como uma prerrogativa. Se voc� considera um espa�o como sendo seu e pode usufruir dele, voc� passa a cuidar. H� um processo de educa��o das pessoas. Na Constitui��o, existe a garantia de se manifestar politicamente no espa�o p�blico. Por outro lado, eventos sem conota��o pol�tica devem seguir as estruturas normativas da prefeitura. Uma cidade de mais de 2 milh�es de habitantes tem de ter par�metros m�nimos para continuar existindo”.