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Estado de Minas

UFMG promete punir at� com expuls�o os veteranos que insistirem com o trote

Toler�ncia zero com as brincadeiras envolvendo calouros no c�mpus, como o epis�dio ocorrido com estudantes de turismo


postado em 24/03/2012 06:00 / atualizado em 24/03/2012 07:05

Se depender da dire��o da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acabaram-se os trotes dentro do c�mpus da Pampulha. A pol�tica de toler�ncia zero foi decretada ontem � tarde pela dire��o da institui��o, tendo em vista os incidentes envolvendo o trote com conota��o sexual ocorrido na quinta-feira com um grupo de 20 calouras do curso de turismo, no pr�dio do Instituto de Geoci�ncias (IGC). Sujas de lama e tinta, as alunas teriam sido subjugadas por dois rapazes fantasiados de policiais que exibiam um cabo de vassoura com preservativo na ponta. Amarradas com cordas, elas teriam sido obrigadas a introduzir o objeto na boca.


A partir desse epis�dio, denunciado por outros universit�rios � imprensa, com base em fotos tiradas dos pr�prios celulares, a reitora em exerc�cio da UFMG, vice-reitora Rocksane de Carvalho Norton, convocou reuni�o interna na manh� de ontem, que culminou com a medida extrema da responsabilidade dos estudantes que participarem dos trotes, divulgada em nota oficial. Ela ressalta que atividades chamadas de trotes est�o ultrapassando limites aceit�veis e registra apelo aos estudantes para “que se abstenham de praticar a��es com tais caracter�sticas”.

A partir de agora, o aluno que promover trotes poder� levar desde advert�ncia a suspens�o das aulas por tr�s dias a seis meses a at� a expuls�o da universidade em casos mais extremos. As puni��es j� est�o previstas no Estatuto da UFMG, mas at� agora n�o eram aplicadas pela reitoria, que se limitava a monitorar os trotes estudantis. A institui��o segue a cartilha do Conselho Universit�rio, que pro�be trotes.

 “A universidade transigiu na regra para evitar que os alunos levassem os trotes para fora dos muros da universidade. Nesse momento, por�m, entende que ter� de adotar atitudes punitivas para evitar que epis�dios degradantes se repitam e possam colocar em risco os estudantes, tanto do ponto de vista f�sico quanto psicol�gico”, afirma o diretor de Assuntos Estudantis da UFMG, Luiz Guilherme Knauer. At� hoje, a pena mais grave aplicada foram seis meses de suspens�o das aulas.

Apesar de n�o ter sido revelado oficialmente o motivo, em 2009 a tentativa de fazer uma mecha loura nos cabelos de um calouro do curso de engenharia de automa��o, usando �gua oxigenada, quase cegou o estudante quando o produto escorreu at� os olhos.

No caso das novatas de turismo, a UFMG informa ter tomado todos os cuidados para evitar que elas passassem por situa��o degradante quando foram recebidas pelos veteranos no ritual de batismo na chegada � universidade. Durante o trote, monitorado pelos seguran�as do c�mpus, as calouras foram abordadas pessoalmente pela diretora do IGC, T�nia Mara Dussin, e nenhuma delas quis sair do trote. Em seguida, chamado pelos seguran�as, o diretor de Assuntos Estudantis passou pelo local. Recebeu das alunas o retorno de que estavam participando da recep��o espontaneamente. “Apesar de n�o ter verificado a situa��o de conota��es sexuais in loco no momento em que passei, as alunas n�o se opuseram a participar”, afirma. “� por isso que as calouras n�o podem ser punidas, porque de certa forma foram induzidas a participar do trote para serem aceitas na turma”, compara Knauer.

Na segunda-feira, ser� instalada comiss�o de sindic�ncia no IGC para apurar o caso, com a participa��o de tr�s a cinco pessoas, entre professores e funcion�rios escolhidos pela congrega��o, entre aqueles com menor v�nculo com o curso de turismo. Feito isso, a comiss�o ter� 30 dias, prorrog�veis por mais 30, para ouvir todos os calouros, veteranos e seguran�as que participaram do epis�dio. Dependendo do resultado, ser� instalada comiss�o de inqu�rito para punir os culpados. “Se ficar comprovado que ocorreu um quinto do que est� descrito nos jornais, vamos ter puni��es no c�mpus”, avisa Knauer.

O an�ncio de toler�ncia zero � criticado pela Uni�o Nacional dos Estudantes (UNE). “Os excessos t�m de ser combatidos, mas a universidade n�o pode adotar postura radical. � preciso dialogar com os estudantes e apostar em campanhas educativas e de conscientiza��o, pois os tradicionais trotes n�o podem ser simplesmente cortados. Trata-se de um costume passado de gera��o a gera��o e a UFMG n�o pode tratar o assunto como uma guerra”, diz o diretor de Rela��es Internacionais da UNE, Matheus Malta.

Como a��es que poderiam ser eficientes para coibir abusos, Matheus cita a ado��o de medidas socioeducativas. “H� exemplos interessantes adotados no Instituto de Ci�ncias Exatas (Icex) com alunos que passaram dos limites em trotes. Como puni��o, eles foram inclu�dos em eventos de recep��o de calouros dos semestres seguintes e foram ministradas palestras educativas com presen�a obrigat�ria. Outra a��o que d� bom resultado � a participa��o da dire��o da universidade e do movimento estudantil nos trotes, pois essa presen�a inibe excessos.” Ningu�m do Diret�rio Central dos Estudantes (DCE) da UFMG foi encontrado para comentar o assunto.


Tr�s perguntas para...

Luiz Guilherme Knauer

Diretor para Assuntos Estudantis da UFMG

1 - As alunas tinham consci�ncia da situa��o no momento do trote?

Na realidade, os novatos nem podem ser punidos pelo trote, ainda que concordem em participar, porque est�o de certa forma sendo induzidos a isso. O trote � um ritual de inicia��o na faculdade e possivelmente alguns desses jovens concordam em participar para fazer parte do grupo, para se encaixar.

2 - Por isso a UFMG proibiu o trote?

O trote sempre foi proibido pelo Conselho Universit�rio, h� 10 anos, 15 anos. Na verdade, a universidade de certa forma transigiu na realiza��o dos trotes para evitar que os alunos levassem as brincadeiras para fora dos muros da universidade.

3 - Quer dizer que a universidade entende que os estudantes passaram dos limites?

At� agora, ficava complicado tomar atitudes, porque os pr�prios alunos achavam normal certos tipos de comportamento. A gera��o Big Brother recebe mensagens que a levam a confundir o que � p�blico e o que � privado. Nesse momento, a universidade entende ser necess�rio adotar medidas punitivas para que esse epis�dio n�o se repita e para n�o colocar em risco, nem do ponto de vista f�sico nem psicol�gico, nenhum estudante.


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