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Estado de Minas

Erros com crian�as colocam alerta na enfermagem

Novo caso de beb� que recebeu leite na veia exp�e m� conduta de enfermeiros, t�cnicos e auxiliares. Entre 2010 e 2011, den�ncias contra esses profissionais cresceram 20% em minas. este ano, m�dia � de tr�s queixas por semana


postado em 17/04/2012 06:00 / atualizado em 17/04/2012 07:17

Érica (ao lado do marido, Rogério), mãe de Alan, de 2 anos, está confiante em levá-lo para casa, depois do trauma da ingestão de ácido como sedativo(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
�rica (ao lado do marido, Rog�rio), m�e de Alan, de 2 anos, est� confiante em lev�-lo para casa, depois do trauma da ingest�o de �cido como sedativo (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

O drama vivido pelas fam�lias do menino Alan Breno, de 2 anos, que ingeriu �cido em vez de sedativo, h� 10 dias, e do beb� Davi Emanuel de Souza Lopes, de 4 meses, que recebeu alimenta��o � base de leite na veia, no domingo, � reflexo da inseguran�a cada dia maior nos hospitais e outras institui��es de sa�de em Minas. Dados do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren/MG) mostram que as den�ncias de m� conduta de enfermeiros, t�cnicos e auxiliares de enfermagem est�o aumentando, o que indica que os dois casos n�o s�o fatos isolados. Em 2010, foram 127 den�ncias, enquanto no ano passado esse n�mero aumentou 20,4%, passando para 153.

Os problemas v�o desde a falta de �tica de profissionais, passando pelo desrespeito aos pacientes e falta de aten��o at� a troca de medicamentos, entre outros. S� neste ano, foram 43 den�ncias (at� a �ltima sexta-feira), o que representa aproximadamente uma a cada dois dias. Autoridades reguladoras e especialistas apontam um problema amplo de falta de seguran�a nos hospitais, mas levantam fatores pontuais que prejudicam o servi�o dos trabalhadores da enfermagem. Outro problema � a precariedade dos cursos profissionalizantes, que inclusive levou o Minist�rio da Educa��o a fechar vagas.

O presidente do Coren, Rubens Schroder Sobrinho, acredita que os erros podem ser evitados por profissionais atentos e preocupados com a seguran�a dos pacientes, mas a sobrecarga de trabalho, a m� remunera��o e a falta de educa��o permanente em algumas institui��es contribuem para a desaten��o de quem trabalha numa enfermaria. “Por conta dos sal�rios ruins, muitos precisam de trabalhar em dois empregos, o que corresponde a uma jornada de at� 24 horas seguidas. Se voc� pensar que 95% desses profissionais em Minas s�o mulheres, que ainda t�m jornada dom�stica em casa, fica complicado trabalhar. Uma alternativa para melhorar � a promo��o de uma educa��o permanente na institui��o em que o profissional trabalha. N�o parar de aprender � uma forma de ter mais responsabilidade e aten��o para lidar com pacientes”, afirma o presidente da entidade que fiscaliza a atua��o de enfermeiros, t�cnicos e auxiliares.

A situa��o preocupante levou o Coren a criar um n�cleo de capacita��o para tentar diminuir os erros. Ainda n�o tem prazo para funcionar, mas deve ministrar cursos e palestras que melhorem o trabalho dos profissionais. “O conselho n�o � respons�vel por formar as pessoas, mas estamos tentando buscar sa�das para minimizar esse quadro. As categorias trabalham muitas vezes bem perto da morte, o que significa que um erro pode ser fatal”, acrescenta o presidente.

Segundo ele, o conselho est� apurando os �ltimos tr�s casos de maior repercuss�o, quando duas crian�as receberam leite na veia e outra ingeriu �cido em vez de sedativo. As puni��es v�o de advert�ncia verbal � cassa��o do direito de exercer a profiss�o. Em 2010 e 2011, 108 trabalhadores foram indiciados a cumprir uma dessas penas, o que mostra que os erros est�o aumentando.

Apesar de o problema normalmente estourar na m�o de quem tem o contato direto com os pacientes, caso dos profissionais da enfermagem, especialistas acreditam que a responsabiliza��o de funcion�rios espec�ficos � um erro, pois o problema � muito mais amplo e diz respeito a todo um processo que passa por outros respons�veis.

Para o presidente da Sociedade Mineira de Cl�nica M�dica, Breno Gomes, a sa�de ainda est� engatinhando quando o assunto � seguran�a do paciente. “O que vemos acontecer hoje � a falta de preocupa��o com erros que ocorrem durante o percurso, problemas que n�o recebem a aten��o necess�ria para identifica��o e corre��o. Em um avi�o, por exemplo, qualquer falha � registrada e estudada, para que as solu��es sejam encontradas. Precisamos mudar nossa cultura de que o erro � culpa de uma pessoa. Uma medida importante � criar comiss�es de seguran�a em cada institui��o ”, alerta o m�dico.

Ontem, o Hospital da Baleia admitiu que uma t�cnica em enfermagem trocou o leite do beb� Davi, internado h� oito dias com suspeita de pneumonia, por soro. Segundo o hospital, a profissional tem 27 anos de servi�o na institui��o e afirmou que n�o imagina o que pode ter causado o erro. Uma sindic�ncia vai apurar o caso e a profissional foi afastada para as investiga��es. Ela recebe cuidados psicol�gicos do hospital.

Tristeza e esperan�a


A m�e de Davi, Mariana de Souza Lopes, de 21, acredita que houve falta de aten��o da t�cnica em enfermagem. “Nossa tristeza � que ele estava respondendo bem ao tratamento antes desse problema. Agora, n�o tem previs�o de sair do CTI”, diz a manicure. O hospital garantiu que a prov�vel quantidade de alimentos � base de leite que pode ter entrado na corrente sangu�nea de Davi � de 5ml, conforme confirmado pela m�e do menino, que estava com ele quando percebeu o erro. Um boletim de ocorr�ncia foi registrado e o caso deve ser investigado pela pol�cia.

Segundo a assessoria de comunica��o da Pol�cia Civil, o caso de troca de sedativo por �cido no Hospital S�o Camilo, no Bairro Floresta, em que houve queimadura de terceiro grau no es�fago de Alan Breno, est� na fase de inqu�rito e os envolvidos devem come�ar a serem ouvidos amanh�. A crian�a saiu do CTI ontem e deve passar por endoscopia. A m�e, �rica Aparecida, 31 anos, comemorou. “Agora, � torcer para ele ir para a casa”, diz.

O presidente da Associa��o Sindical dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais (Asthemg), que re�ne enfermeiros e t�cnicos de enfermagem, Carlos Augusto dos Passos, reconhece a falta de aten��o dos profissionais, mas relata casos em que t�cnicos trabalham 36 horas seguidas, em virtude da m� remunera��o. “Eles recebem em torno de R$ 700 para trabalhar nos plant�es de 12 por 36 horas. O desgaste � muito grande”. O EM tentou contato com o Sindicato dos Enfermeiros de Minas Gerais e com o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Servi�os de Sa�de de BH e Regi�o, mas ningu�m foi encontrado para comentar o assunto.

(foto: Arte ME)
(foto: Arte ME)


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