Aridez faz parte da rotina das fam�lias no Norte e Nordeste de Minas

Como � a vida de uma fam�lia acostumada com a �gua encanada em casa que, de repente, fica sem abastecimento? Para testemunhar a dificuldade no dia a dia, a equipe do Estado de Minas acompanhou durante 24 horas a rotina do casal de pequenos agricultores Joel Joaquim dos Santos, de 47 anos, e Julia Menezes de Souza, de 42. Eles t�m dois filhos %u2013 Victor Raique, de 9, e Thyllon Rick, de 10 meses %u2013 e moram na comunidade de Ro�ado Velho, a um quil�metro da zona urbana de Mamonas. Pela manh�, logo depois de acordar, enquanto Julia faz o caf� e arruma Victor para a escola, Joel tira o leite e cuida dos animais. As primeiras dificuldades impostas pela seca aparecem logo cedo. O leite diminuiu e a ra��o precisa ser economizada, pois a lavoura de milho, de 5 hectares, foi quase toda perdida. %u201CEra para colher 120 ou 140 sacas. Colhi 20%u201D, conta. Para cuidar dos porcos, Joel transporta na cabe�a a �gua que apanha em um pequeno po�o no leito do Rio Cabeceiras, a 200 metros de casa. Ele lembra que j� viu o rio correr cheio o ano inteiro e que nadava nele, prazer que o filho Victor aparentemente nunca ter�. Ao meio-dia, Joel volta ao leito do rio, tangendo suas 16 reses para beber �gua. O trabalho � repetido no fim da tarde. Ele tem consci�ncia de que, com o pasto destru�do pelo sol forte, n�o vai conseguir manter o pequeno rebanho por muito tempo. %u201CQuero vender algumas vacas, mas n�o tem quem compre%u201D, lamenta. Ao longo do dia, a mulher cumpre as tarefas de casa tentando economizar �gua ao m�ximo, pois o caminh�o pode demorar at� tr�s dias para retornar. Antes de dormir, mesmo cansado, Joel tem que tem que encarar mais uma miss�o: com uma escada e um balde, sobe at� a caixa-d%u2019�gua, onde despeja toda a �gua que recebeu do caminh�o-pipa. Dali, ela chega � tubula��o do banheiro e da cozinha. A lida do dia s� muda de endere�o nas cidades da regi�o. Em Monte Azul, o pequeno produtor Ab�lio Joaquim da Silva, de 45, luta como pode para salvar o pequeno rebanho de 10 cabe�as. Sem pasto, ele alugou uma �rea de de um vizinho, onde a lavoura de algod�o n�o produziu e agora s� vai servir para tentar matar a fome do gado. De acordo com a Emater-MG, no per�odo de outubro at� a �ltima quinta-feira ca�ram apenas 418 milimetros de chuva na cidade de 22,3 mil habitantes e os preju�zos nas lavouras se aproximam de R$ 10 milh�es.