O coordenador do curso de engenharia civil da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Guilherme Guimar�es, explica que j� existe tecnologia nacional que permite maior estabilidade das edifica��es em caso de tremor. “As constru��es na cidade devem privilegiar materiais mais resistentes, por�m mais flex�veis. A estrutura das obras dever� ter capacidade para suportar tamb�m esfor�os horizontais”, opina.
Segundo ele, os pr�dios dever�o contar com estrutura de p�ndulos que possam a garantir a sustenta��o e tamb�m amortecedores nas funda��es. “Isso pode ser feito com materiais como o a�o, instalado em sistemas como se fossem molas para diminuir o impacto”, explica. Guilherme Guimar�es salienta que foram justamente as condi��es prec�rias na estrutura de diversas casas que provocaram danos em im�veis da Vila Atl�ntica , bairro mais atingido pelo tremor de maior magnitude registrado no final de semana. Seis casas foram condenadas e duas interditadas pela Defesa Civil, sendo que 18 pessoas est�o desabrigadas e 10 desalojadas.
Os especialistas tamb�m apontam a falta de preparo do pa�s para o monitoramento e preven��o dos efeitos dos tremores, como aponta o t�cnico do Observat�rio Sismol�gico da UnB Andr� Menezes. “O Brasil n�o est� imune a terremotos. Tanto Montes Claros quanto Goi�s est�o sujeitos a ocorr�ncia de sismos. � preciso reformar os investimentos e recursos t�cnicos para atender o Brasil inteiro”, afirma Menezes. Ele ressalta que o Observat�rio Sismol�gico da UnB conta com apenas seis t�cnicos especializados para o monitoramento dos fen�menos em todo territ�rio nacional, sendo que existem 22 esta��es sismogr�ficas espalhadas pelas cinco regi�es do pais.
Causas
Conforme o professor George Sands de Fran�a, tamb�m do Observat�rio Sismol�gico da UnB, a exist�ncia da falha geol�gica em Montes Claros, bem como sua dimens�o e profundidade, ser� confirmada com a instala��o de uma rede de sismogr�fos na regi�o. Segundo ele, para alcan�arem melhores resultados os estudos devem ser feitos imediatamente ap�s os tremores, por�m o munic�pio ainda n�o possui esse tipo de equipamento.
No ano passado foi anunciada uma parceria entre o governo do estado, a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e o Observat�rio Sismol�gico da UnB para instala��o de uma esta��o sismogr�fica. Ontem, a reitoria da Unimontes disse que todas as provid�ncias j� foram tomadas em rela��o ao projeto, inclusive com a identifica��o dos equipamentos que dever�o ser importados dos Estados Unidos, mas a aquisi��o dos aparelhos ainda est� na depend�ncia de libera��o de recursos pela Funda��o de Amparo � Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), no valor de R$ 142 mil.
Pedreiro ter� casa demolida
Um dos atingidos pelo tremor na Vila Atl�ntica foi Wedson Gomes de Aguiar, de 38 anos. A casa dele sofreu v�rias rachaduras nas paredes e foi condenada pela Defesa Civil. Ontem, com tristeza, o pedreiro se viu obrigado a deixar a resid�ncia e buscar acomoda��o tempor�ria na casa de sua av�. Wedson, que � casado e pai de uma filha, diz que comprou a casa por R$ 25 mil e somente depois da compra percebeu que a constru��o n�o tinha nenhuma estrutura de pilares para a sustenta��o das paredes. Comprometida pelo abalo s�smico, a casa ter� de ser demolida.
MEM�RIA: Terremoto em Itacarambi
Em 9 de dezembro de 2007 o Brasil registrou a primeira morte causada por terremoto, a da menina Jessequele Oliveira Silva, de 5 anos. Registrado no povoado de Cara�bas, a 35 quil�metros de Itacarambi, no Norte de Minas, o tremor de 4.9 graus na escala Richter provocou a retirada de 76 fam�lias que moravam no lugarejo. O esvaziamento de Cara�bas foi recomendado pela Defesa Civil, tendo em vista que pequenos abalos continuavam a ocorrer e a qualquer momento poderia haver outro tremor de maior magnitude. Depois do maior tremor, foi registrada uma s�rie de outros pequenos abalos na localidade, todos atribu�dos � movimenta��o de uma falha geol�gica existente no subsolo da regi�o, com cerca de quatro quil�metros de extens�o e um quil�metro de profundidade.