(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Prefeitura de Mariana dever� reconstruir Capela de Santana

Minist�rio P�blico estadual entra com a��o para obrigar a preservar rel�quias do s�culo 18


postado em 07/06/2012 09:16 / atualizado em 07/06/2012 09:41

Mariana - S� mesmo a Justi�a para restituir � primeira vila, cidade, capital e diocese de Minas um peda�o amputado da sua hist�ria. O Minist�rio P�blico estadual entrou ontem com uma a��o com pedido de liminar contra a Prefeitura de Mariana, para reconstitui��o da Capela de Nossa Senhora de Santana do Morro do Gog�, de 1712, mais conhecida como Capela de Santana, e prote��o do acervo do templo cat�lico guardado h� quatro anos no Centro Cultural Arquidiocesano Dom Frei Manoel da Cruz, antigo Pal�cio dos Bispos, e no almoxarifado da Executivo municipal.

Presidente da Associação dos Moradores do Bairro Morro de Santana, o artista plástico Eduardo Campos fez maquete de madeira da capela(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Presidente da Associa��o dos Moradores do Bairro Morro de Santana, o artista pl�stico Eduardo Campos fez maquete de madeira da capela (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
A estrutura barroca composta de pe�as de madeira e pedra de cantaria percorreu um longo e sinuoso caminho desde o fim da d�cada de 1960, que incluiu a desmontagem e retirada da maior parte da constru��o do Morro de Santana, a quatro quil�metros do Centro, em condi��es jamais esclarecidas, transfer�ncia para Belo Horizonte e retorno para Mariana.

Na a��o ajuizada pelo promotor de Justi�a da comarca de Mariana, Ant�nio Carlos de Oliveira, e pelo coordenador das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico/MG (CPPC), Marcos Paulo de Souza Miranda, foi pedido que o acervo seja posto, em 30 dias, em galp�o adequado, pois a madeira, devido � umidade no Pal�cio dos Bispos, est� sujeita a degrada��o, informou Marcos Paulo. “Tentamos acordo com a prefeitura, desde 2008, para resolver a quest�o, sem sucesso”, explicou o coordenador do CPPC, adiantando que o templo dever� ser reerguido em 12 meses a partir da decis�o judicial. Marcos Paulo observa que o material n�o � mais 100% original, pois, ao longo do tempo, pe�as foram incorporadas ao acervo, como as origin�rias da capela da regi�o de Manja L�guas, em Piranga, na Zona da Mata, e elementos art�sticos produzidos na capital.

Outras medidas solicitadas � Justi�a se referem a pesquisas arqueol�gicas no Morro de Santana, servi�o a ser feito em 120 dias por profissionais habilitados, delimita��o do cemit�rio pr�ximo � antiga capela e instala��o de museu com objetos encontrados na regi�o. “Os moradores da comunidade do Gog� est�o sempre encontrando material ali”, informou o promotor. Diante da import�ncia cultural, o munic�pio tombou o conjunto paisag�stico e arquitet�nico dos morros Santana e Santo Ant�nio, por meio do Decreto 4.481/2008, e a mesma provid�ncia est� em andamento no Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan).

Os promotores querem ainda audi�ncia p�blica, com a comunidade de Gog�, para discuss�o de um novo projeto de reconstitui��o da capela. O anterior, feito pelos arquitetos J� Vasconcelos e Altino Caldeira, foi rejeitado pela comunidade e pelo Conselho Municipal do Patrim�nio Cultural, segundo o presidente da Associa��o dos Moradores do Bairro Morro de Santana, o artista pl�stico, restaurador e professor Eduardo Campos. “Temos esperan�a na volta da Capela de Santana e confiamos na Justi�a. S� ela pode resolver a situa��o. Fazemos abaixo-assinados, divulga��o em caminhadas e festejamos Santana a cada 26 de julho, com missa e prociss�o. Tememos que essas pe�as, guardadas h� tanto tempo, se deteriorem”, diz Eduardo, que fez maquete de madeira do templo para um pres�pio. Ele cita outro fator que complica o caso: “Um dos grandes problemas � que o terreno onde ficava a igreja � de interesse da minera��o, mesmo declarado de preserva��o arqueol�gica.” No in�cio do ano passado, a associa��o dos moradores entregou ao MP um abaixo-assinado, com 300 nomes, pedindo ajuda para recuperar o seu bem religioso e cultural mais valioso.

Mist�rio e reviravoltas

A hist�ria de Gog� se arrasta h� mais de quatro d�cadas, com mist�rio, sumi�o e reviravoltas, que deixam moradores “a ver navios” diante da aus�ncia da capela. As obras de reconstitui��o, com recursos municipais, deveriam ser iniciadas no segundo semestre de 2010, mas a mudan�a de prefeitos na cidade – foram sete trocas de comando nos �ltimos tr�s anos e meio e o atual chefe do executivo � Roberto Rodrigues (PTB) – impediram a concretiza��o do projeto.

A secret�ria municipal de Cultura e Turismo, Walk�ria Carvalho, afirma que a prefeitura est� atenta ao caso, mas s� vai se manifestar quando notificada pela Justi�a. De antem�o, ela diz que disp�e de um laudo do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), de 3 de novembro de 2008, no qual um t�cnico diz que as pe�as guardadas n�o s�o da capela primitiva do Gog�. No primeiro andar do Pal�cio dos Bispos/Museu da M�sica, a chefe do Departamento de Patrim�nio da prefeitura, historiadora �rica Meyer, admite que ali n�o � o melhor lugar para guardar o material.

Em 2004, o Estado de Minas publicou s�rie de reportagens sobre a capela, desde que ela foi retirada de Mariana para ser remontada, no in�cio da d�cada de 1970, na sede da empresa Mendes J�nior, no Bairro Estoril, Regi�o Oeste de BH. Em 1999, a empresa doou as partes do templo � UFMG – por se tratar de uma institui��o laica, a universidade repassou o material, guardado no c�mpus da Pampulha, � PUC Minas, que, por sua vez, n�o chegou a reconstru�-lo.

Em janeiro de 2008, a Prefeitura de Mariana obteve o direito de reaver o acervo da capela, mediante termo de devolu��o assinado por Marcos Paulo de Souza Miranda, com apoio da arquidiocese. Marcos Paulo ainda se impressiona com a trajet�ria da capela: “Essa � a hist�ria mais emblem�tica do patrim�nio cultural de Minas. O templo sempre teve grande significado cultural e religioso para os moradores e foi retirado de uma das cidades coloniais mais importantes do estado”, resume o coordendor do CPPC.

No in�cio de 2010, o projeto de J� Vasconcelos e Altino Caldeira foi apresentado � comunidade e ela ficou sabendo, entre outros aspectos, que a nova constru��o n�o seria id�ntica � anterior. Na �poca, os arquitetos da prefeitura explicaram que “o mais importante estava no resgate do tamanho (volumetria) da capela, s� poss�vel gra�as ao piso de pedra que n�o foi arrancado”.

Vamos-vamos

Antiga �rea de minera��o, o povoado de Gog� j� se chamou “Vamos-Vamos”. No entanto, no s�culo 19, os ingleses que operavam a Mina de Santana n�o conseguiam falar corretamente o nome, optando pela tradu��o em ingl�s (o verbo go significa ir). Da�, ficou a dupla denomina��o.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)