Bab� dep�e nesta quinta-feira sobre beb� em coma

Ser� ouvida nesta quinta-feira na Delegacia de Prote��o � Crian�a e ao Adolescente (Depca), na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, a bab� E. V. S., de 31 anos, suspeita de ter cometido maus-tratos contra um beb� de dois meses e meio. A menina, filha da empres�ria A.H., de 39 anos, foi diagnosticada com a s�ndrome do beb� sacudido, que ocorre quando uma crian�a, geralmente lactente, � violentamente balan�ada gerando graves problemas cerebrais. Ela deu entrada h� 20 dias em estado de coma no Hospital Mater Dei, no Bairro Santo Agostinho, Regi�o Centro-Sul, onde permanece internada com les�es neurol�gicas e risco de ficar cega e com paralisia cerebral.

Apesar de ter recebido indica��o para trabalhar na casa da crian�a, a funcion�ria est� sendo considera a principal suspeita pela viol�ncia por ter sido a �nica pessoa que teve contato com a menina no dia em que ela passou mal. A bab� j� prestou depoimento uma vez e, segundo o delegado Geraldo Toledo, que est� � frente do caso, ela prestou informa��es incoerentes.

Outro forte indicativo de suspeita contra E. est� descrito no Boletim de Ocorr�ncia feito pela m�e junto � Pol�cia Militar. No documento consta que ap�s levar a menina ao hospital, a pedido da m�e que saiu do trabalho para encontrar a filha e a funcion�ria na unidade de sa�de, a bab� teria voltado ao trabalho, no Bairro Serra, na companhia do sobrinho da empres�ria para buscar a certid�o de nascimento da crian�a. Mesmo tendo ido sob orienta��o da patroa, a bab� n�o retornou ao hospital e nem mesmo ao trabalho. “Os pais acreditam que a bab� possa ter maltratado a menina. Ela j� dep�s, mas vou voltar a ouvi-la tendo em vista que os depoimentos da fam�lia e dos antigos patr�es trouxeram novos elementos � investiga��o”, afirmou Toledo.

Depoimento

Conforme o policial, no dia em que dep�s, E. negou que tenha sido agressiva com a menina. Disse que estava preparando a mamadeira da crian�a, enquanto ela estava no carrinho ao lado, e que de repente teria dado um gritinho. Ainda segundo o depoimento da bab� ao delegado, a menina teve uma convuls�o, momento em que ela ligou para a patroa comunicando o fato. Foi a� que a empres�ria a teria orientado a pegar um t�xi e dirigir-se com a crian�a at� o hospital. O fato ocorreu em 15 de junho.

Na unidade hospitalar, o beb� foi avaliado por neurologistas e oftalmologistas, passou por exames de resson�ncia magn�tica e tomografia que detectaram um co�gulo no c�rebro e o rompimento dos vasos anteriores dos olhos, o que pode causar cegueira. As informa��es constam em um relat�rio m�dico de 200 p�ginas anexadas ao inqu�rito. O caso foi denunciado � pol�cia pela dire��o do Mater Dei, dois dias depois da interna��o da crian�a.

De acordo com o delegado, se comprovada a culpa da bab�, ela pode responder por les�o corporal grav�ssima ou tentativa de homic�dio. A pena pode chegar a 20 anos de pris�o caso a den�ncia seja confirmada. Se ela n�o comparecer � delegacia hoje, o investigador afirmou que pode pedir a pris�o preventiva dela. Emocionalmente abalados, os pais da crian�a n�o est�o se pronunciando sobre o caso. No trabalho da empres�ria, uma funcion�ria informou que desde o dia da interna��o ela fica praticamente o dia inteiro no hospital.

Palavra de especialista
"Nunca balancem as crian�as"
Marislaine Lumena de Mendon�a
Pediatra do Hospital Jo�o XXIII

“A s�ndrome do beb� sacudido � resultado de uma situa��o de agress�o contra a crian�a, quando ela � severamente balan�ada. Isso causa consequ�ncias s�rias, j� que o c�rebro do beb�, ainda muito fr�gil, balan�a fortemente dentro da caixa craniana rompendo vasos sangu�neos e provocando les�es neurol�gicas. Como resultados imediatos, a crian�a pode ter convuls�es, v�mitos, letargia e entrar em coma. A longo prazo, a crian�a pode ficar cega (devido ao rompimento dos vasos sangu�neos anteriores aos olhos), ter paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento, les�es na coluna vertebral e, em casos graves, pode levar ao �bito. Diante de tantos riscos, a recomenda��o aos pais � que nunca balancem as crian�as. A orienta��o n�o � t�o difundida por especialistas, mas deve ser seguida como um regra geral. Nos casos em que a crian�a estiver chorando muito, os pais ou a pessoa que estiver com a crian�a deve-se acalmar e pedir ajuda para conter o choro sem irritar-se com o beb�.”