(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Bacia do Rio Grande abriga o pior curso d'�gua do estado

Formada por emaranhado de afluentes que cortam 393 cidades, a bacia tamb�m ostenta os melhores indicadores de qualidade. Beleza de represas tamb�m contrasta com o lan�amento de esgoto in natura


postado em 11/07/2012 06:00 / atualizado em 11/07/2012 08:08

Córrego Liso tem leito tomado por espuma produzida pela mistura de substâncias químicas lançadas por curtumes e indústrias, além do esgoto doméstico: nata tóxica mancha uma região de grande beleza natural(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
C�rrego Liso tem leito tomado por espuma produzida pela mistura de subst�ncias qu�micas lan�adas por curtumes e ind�strias, al�m do esgoto dom�stico: nata t�xica mancha uma regi�o de grande beleza natural (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)


Andradas, Po�os de Caldas e S�o Sebasti�o do Para�so – Em meio � sombra de �rvores frondosas ou serpenteando pela vegeta��o r�stica do cerrado viajam as �guas que se encontram para formar o caudaloso Rio Grande, divisa natural entre Minas Gerais e S�o Paulo. A bacia de mesmo nome abrange 393 munic�pios, proporcionando um espet�culo contradit�rio no lado das Gerais. A regi�o dominada pelo Grande concentra a maior quantidade de cursos d’�gua com indicadores de boa qualidade, mas abriga tamb�m o pior do estado, o C�rrego Liso. Os bons �ndices ocultam ainda uma realidade assustadora: embora belas paisagens dominem o cen�rio, o esgoto dom�stico corre in natura para o leito dos rios em muitas cidades. E, nesse conflito entre a natureza e as agress�es, perde tamb�m S�o Paulo, que recebe as �guas sujas de Minas.

Dois dos pontos mais cr�ticos s�o Po�os de Caldas e Andradas, no Sul do estado. Em Po�os, a 470 quil�metros de BH, a expectativa � de que a esta��o de tratamento de esgotos (ETE) fique pronta ano que vem. Enquanto isso, mais de 95% dos dejetos chegam ao Rio das Antas, na bacia hidrogr�fica dos afluentes mineiros dos rios Mogi-Gua�u e Pardo. Do total, apenas 15% s�o tratados. Na cidade tur�stica, o problema � camuflado pelo relevo acidentado e salta aos olhos somente depois do ponto conhecido como Cascata das Antas.

“N�o temos problemas de altera��o da qualidade, porque estamos perto da nascente. Toda a �gua de Po�os nasce aqui. A ruim vai para S�o Paulo”, afirma o secret�rio-executivo do comit� da bacia, H�lio Scalvi. Se em Po�os interceptores impedem a mat�ria org�nica de circular pelo canal no Centro da cidade, na vizinha Andradas, o problema � escancarado. Em qualquer parte do munic�pio, canos de PVC e manilh�es despejam o esgoto nos cursos d’�gua, deixando como rastro sujeira e odor insuport�veis. N�o � raro ver sacolas de lixo, garrafas PET e outros dejetos dentro do C�rrego do Mosquito e do Rio Pirapetinga.

A situa��o Rio Grande abaixo s� n�o � pior por causa dos reservat�rios das usinas hidrel�tricas –16 ao longo da bacia. De acordo com o secret�rio-executivo do Comit� da Sub-Bacia do Rio Pardo, do lado paulista, Carlos Alencastre, o problema gerado pelo esgoto mineiro carreado ao longo do Pardo, Mogi-Gua�u e Sapuca�-Mirim (esse na sub-bacia do Rio Sapuca�) acaba se diluindo nas barragens. “As �guas do Pardo na nossa regi�o est�o melhorando a cada ano. O pessoal j� est� pescando dourado, que � um sinalizador de oxig�nio. Estamos muito otimistas em rela��o a ele”, diz. “J� o Mogi-Gua�u � o pior da nossa regi�o, porque tamb�m polu�mos”, completa.

Partindo do exemplo da cidade de Mogi-Mirim, que inaugurou uma ETE no in�cio do m�s, a expectativa � ter, nos pr�ximos quatro ou cinco anos, todo o esgoto do Mogi-Gua�u tratado. “Na estiagem, ele chega a n�veis cr�ticos de polui��o. Nos �ltimos anos, a luz amarela se acendeu”, relata. “Estamos buscando a universaliza��o do tratamento e a cria��o do Comit� do Grande ser� um grande salto nesse aspecto, pois teremos uma vis�o maior dos locais mais problem�ticos”, ressalta. O comit� federal ser� instalado no in�cio do m�s que vem e contar� com representantes mineiros e paulistas.

(foto: ARTE EM)
(foto: ARTE EM)


Descargas no Lago de Furnas

O tratamento de esgoto � preocupa��o n�o s� de S�o Paulo, mas ponto comum nas sub-bacias do Rio Grande. No entorno do Lago de Furnas, o desafio � n�o deixar o reservat�rio se degradar, pois o espelho d’�gua que atrai tantos turistas e enche a popula��o de orgulho j� acendeu o sinal de alerta. A represa, apesar de n�o ser considerada polu�da, tamb�m recebe alta carga de esgoto. Em Carmo do Rio Claro, dejetos s�o despejados em v�rios pontos do Ribeir�o Itapix�, que vai direto para o Rio Sapuca�, cujo significado, em tupi-guarani, � “rio que grita”. Assim como o Grande, ele grita em v�rios munic�pios por socorro, j� que seus afluentes est�o visivelmente contaminados.

Na regi�o de Furnas, 12 munic�pios j� t�m R$ 52 milh�es assegurados pela Funda��o Nacional de Sa�de para a constru��o de esta��es de tratamento. No total, 27 cidades apresentaram projetos e esperam recursos para reverter um problema comum: despejar esgoto diretamente no lago. � o que ocorre em Guap�, onde auxiliar de servi�os gerais Marcos Ant�nio Querino, de 36 anos, n�o se importa com o mau-cheiro, nem com o fato de pescar ao lado de um cano de descarga de dejetos. “J� passou da hora de resolver isso. E as pessoas tamb�m n�o colaboram: j� tirei muita sacola de lixo de dentro da �gua”, diz, garantindo que, apesar de tudo, o peixe do lago ainda � bom.

No lado dos afluentes do M�dio Grande, o esfor�o para a revitaliza��o tamb�m � grande e 60% da popula��o j� conta com tratamento, segundo o presidente do comit� da bacia, Francisco Pereira Landi. Alguns munic�pios est�o na etapa de constru��o de ETEs, outros em fase de estudos. O zoneamento ambiental do M�dio Grande, que deve ser conclu�do at� o fim do ano, � outro instrumento que fornecer� um raio-x completo da situa��o. S�o 12 pesquisadores e 21 estagi�rios trabalhando em 23 munic�pios.

Os n�meros iniciais mostram o potencial da regi�o e tamb�m o tamanho da aten��o necess�ria para cuidar de um patrim�nio de valor inestim�vel: j� foram cadastradas 17,8 mil nascentes e 17.360 quil�metros de extens�o de cursos d’�gua, numa �rea de 9.789 quil�metros quadrados.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)