
Atrasada em rela��o a outras capitais na ado��o de blitzes mais severas da Lei Seca, Belo Horizonte completa amanh� um ano de opera��es mais frequentes ainda com o desafio de alcan�ar n�meros t�o expressivos quanto Rio de Janeiro e S�o Paulo – as duas cidades endureceram antes a fiscaliza��o da norma. O balan�o de 12 meses da campanha Sou pela vida indica redu��o de 15,9% nos acidentes com v�timas nos fins de semana, mas a capital mineira, proporcionalmente, ainda aborda menos motoristas em compara��o com Rio e S�o Paulo e, como consequ�ncia, flagra mais condutores que desafiam as blitzes e insistem em misturar bebida e dire��o.
Uma das medidas para inibir quem dirige sob efeito de �lcool entra em funcionamento amanh�: haver� blitzes di�rias. Pelo menos num primeiro momento, por�m, n�o est� previsto aumento de efetivo de PMs nem a abordagem de todos os motoristas que passam pelas opera��es, pr�tica j� adotada por cariocas e paulistanos. A sa�da para garantir blitzes todos os dias sem aumentar a quantidade de PMs foi adaptar duas opera��es por turno j� feitas pelo Batalh�o de Tr�nsito �s segundas, ter�as e quartas. A partir de agora, a diferen�a � que esses policiais usar�o baf�metros nos pontos de bloqueio, um por noite. At� ent�o, numa situa��o suspeita, eles precisavam pedir o equipamento ao batalh�o. A unidade tem 11 aparelhos, mas s� oito est�o em funcionamento.
No Rio, desde o in�cio da Opera��o Lei Seca, em mar�o de 2009, apenas 0,78% dos motoristas flagrados pelo baf�metro beberam e 0,29% cometeram crime, com teor alco�lico acima de 0,34 mg/l. Na capital paulista, onde 639.167 carros foram abordados em quatro anos, o percentual de motoristas pegos com teor alco�lico mais alto foi de 0,75%. Os flagrados com teor mais baixo de �lcool no sangue foram 3,28% do total. Esses motoristas tamb�m pagam multa e t�m a carteira de habilita��o apreendida. Correm ainda risco de perder o direito de dirigir por um ano. Desde mar�o de 2010, como o Rio sempre fez, S�o Paulo tamb�m adotou um modelo ainda mais rigoroso, fiscalizando todos os motoristas parados no bloqueio. Em BH, a escolha � aleat�ria, sinal de que a opera��o ainda precisa ser aperfei�oada, segundo especialistas.
Rigor
“Quanto mais ostensivo for esse trabalho, melhor. Principalmente no primeiro momento, para o condutor saber que n�o vale a pena arriscar”, avalia o consultor de transportes Silvestre de Andrade Puty Filho. “O motorista precisa ter certeza de que a fiscaliza��o existe, � rigorosa e acontece a qualquer hora do dia, em qualquer lugar da cidade”, acrescenta. Para o especialista, o elemento surpresa e a presen�a ostensiva s�o essenciais para mudar a cultura e estabelecer um novo comportamento no tr�nsito, o que depende tamb�m de um processo cont�nuo e permanente.
Carlos Cateb, especialista em tr�nsito da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), avalia que � preciso n�mero maior de equipes nas ruas para fiscalizar a realidade da capital. Ele tamb�m � favor�vel � fiscaliza��o mais abrangente, que n�o deixa “escapar” ningu�m. “Quase n�o se v� blitz porque ainda � pouco. Quando o condutor percebe que a proposta � s�ria e que ele pode ser flagrado e punido, come�a a ter cuidado”, opina. “Claro que mais quatro blitzes por dia ajuda, mas para haver sucesso, como ocorre em outras cidades, � preciso ampliar o efetivo nas ruas e estradas”, finaliza.
� espera de concurso
A amplia��o do n�mero de bloqueios simult�neos na capital depende da contrata��o de mais policiais militares, segundo o subsecret�rio de Integra��o e Promo��o da Qualidade do Atendimento do Sistema de Defesa Social, Robson Lucas da Silva. Enquanto n�o h� concurso, o subsecret�rio pediu aos bombeiros que voltem a integrar as equipes ao menos nos fins de semana, nas quatro blitzes que ocorrem por noite de quinta a domingo. “No Rio, para ter uma ideia, a Opera��o Lei Seca tem 242 policiais militares � disposi��o das blitzes. Aqui, s�o s� 25, com mais seis ou oito guardas municipais”, conta. Ele admite que a quantidade de policiais � limitada inclusive para abordar todos os motoristas que passam pelos bloqueios, mas afirma que o efetivo, no momento, � suficiente para garantir a presen�a do estado e fazer cumprir a lei.