Melhorias no metr� de BH podem demorar quase quatro anos

Reduzir o intervalo entre viagens no hor�rio de pico para tr�s minutos. Essa ser� a realidade, segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), em Belo Horizonte, assim que a frota de 25 trens que leva 215 mil passageiros todos os dias entre as esta��es Vilarinho, em Venda Nova, e Eldorado, em Contagem, tiver mais 10 composi��es. O edital que prev� a contrata��o de novos trens para todo o pa�s j� est� pronto e deve ser publicado nos pr�ximos dias. No entanto, o novo superintendente da CBTU em BH, Nilson Tadeu Ramos Nunes, admite que, depois da publica��o, o projeto pode demorar at� 43 meses, ou tr�s anos e meio, para ser conclu�do. A compra prevista para Belo Horizonte est� avaliada em R$ 211 milh�es e, al�m de diminuir o intervalo no pico, pode possibilitar que mais vag�es sejam acoplados �s composi��es, aumentando a oferta de lugares para os passageiros, de acordo com a empresa.

“De imediato, a compra de carros vai aumentar a oferta em 50%. Mas a ideia � aumentar em 100%, mudando de quatro carros por trem para oito no pico. As esta��es j� foram dimensionadas para esse tipo de opera��o, mas ainda ser�o necess�rios alguns ajustes”, diz Nilson Tadeu Ramos Nunes, no cargo desde o dia 3. Segundo ele, o refor�o da linha 1 � a primeira a��o de sua gest�o, pois o gargalo de passageiros nos hor�rios de pico � muito grande e precisa de melhorias.

Atualmente, a composi��o em Belo Horizonte, que serve a �nica linha de metr� existente na capital (Vilarinho/Eldorado), com 28 quil�metros de extens�o, � composta de 25 trens. Cada trem possui quatro carros de passageiros, sendo dois motores e dois reboques. No hor�rio de pico, segundo a CBTU, os intervalos entre as viagens variam de quatro a sete minutos. Com a aquisi��o das 10 composi��es, o tempo de espera vai cair para tr�s minutos de intervalo entre a passagem de um trem e o pr�ximo. Ainda ser� poss�vel operar com composi��es maiores, que podem ser de oito carros, dobrando a oferta para os passageiros.

Usu�rio do metr� de segunda a sexta-feira para se deslocar at� o trabalho, e eventualmente nos fins de semana, para ir at� a Arena Independ�ncia, o analista de sistemas Ricardo Jos� Ferreira Zannato, de 34 anos, espera um melhor atendimento nos hor�rios de pico h� anos. “Entrar em um dos vag�es do metr� no fim da tarde � imposs�vel, fica lotado. E o fato de ficar t�o cheio tamb�m significa um calor insuport�vel. Precisamos de mais conforto com muita urg�ncia”, afirma Zannato. Ele � morador do Bairro S�o Paulo, Nordeste de BH, trabalha na Cidade Industrial, em Contagem, na Grande BH, e por isso o transporte mais vi�vel � o metr�. Zannato mora pr�ximo � Esta��o Minas Shopping e trabalha perto da Esta��o Cidade Industrial. “� um sistema muito r�pido, mas n�o � porque � mais veloz que temos que nos sujeitar a condi��es insalubres”, desabafa o analista de sistemas.

Plano de a��o

 H� menos de um m�s no cargo, Nilson Tadeu Ramos Nunes, que foi cedido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para exercer a nova fun��o de superintendente da CBTU na capital, afirma que pretende implementar algumas medidas � frente do �rg�o. “A principal prioridade � a Linha 1 e a adequa��o da demanda � capacidade. Tamb�m pretendo estreitar os la�os da empresa com a UFMG, por meio de duas parcerias que v�o contribuir para a evolu��o t�cnica do �rg�o”, explica Nunes.

Segundo ele, uma das iniciativas � um programa de capacita��o de profissionais, desde a base do sistema at� o topo, ou dos mestres de linha at� os engenheiros ferrovi�rios. “Precisamos repor o conhecimento que sai do processo com as aposentadorias e capacitar cada vez mais todos os envolvidos. As pessoas passam nos concursos, mas, muitas vezes, n�o entram com a capacita��o adequada, tanto no n�vel m�dio quanto no superior”, diz o superintendente.

O outro programa que ele pretende adotar em BH para se tornar um exemplo para todo o pa�s � de desenvolvimento tecnol�gico na UFMG. “Somos altamente dependentes de tecnologia externa quando o assunto � o transporte metroferrovi�rio. Temos uma universidade preparada que se encontra entre as melhores no ramo das patentes. A ideia � come�ar desenvolvendo pequenos componentes e evoluir para todo o sistema,” acrescenta.

Alerta para gargalos na expans�o

O novo superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Belo Horizonte, Nilson Tadeu Ramos Nunes, refor�a os alertas j� feitos pela empresa com rela��o aos projetos de expans�o do metr� divulgados pela Trem Metropolitano S. A. (Metrominas), empresa criada pelo governo estadual para desenvolver e implementar os novos projetos. Nunes acha muito complicada a implementa��o das linhas 2 (Barreiro/Calafate) e 3 (Savassi/Lagoinha) como vem sendo divulgado. Para ele, a liga��o Barreiro/Calafate � um caminho que ficaria pela metade, al�m de jogar em um sistema que j� sofre com gargalos uma demanda muito grande de passageiros vindos do Barreiro.

“O Barreiro � uma regi�o importante e � um de nossos objetivos dentro do contexto da Linha 1. Mas ainda estamos levantando todos os projetos antigos para saber o que � vi�vel ou n�o”, diz o superintendente. Ainda segundo ele, uma das possibilidades � criar um ramal que conecte a regi�o � j� existente linha 1. Sobre a conex�o subterr�nea prevista para ligar Savassi e Lagoinha, ele aponta problemas. “� complicado pensar nesse trecho dessa forma, por conta da manuten��o. Como seriam levados os trens at� o p�tio do S�o Gabriel para reparos ou consertos?”, acrescenta o professor.

Parceria

Segundo a assessoria de comunica��o da Secretaria de Estado de Transportes e Obras P�blicas (Setop), a Metrominas foi criada com o objetivo de ser o novo �rg�os gestor do metr� na Grande BH, em parceria com a iniciativa privada. De acordo com a Setop, ficou acertado que a linha 1 ser� transferida do governo federal para o estadual e a opera��o de todo o sistema ficar� a cargo da nova empresa.