
“N�o espere perder um amigo para mudar sua atitude”. A mensagem, entre outras exibidas no fim de semana em manifesta��o por cerca de 300 amigos e parentes do estudante F�bio Pimentel Fraiha, de 20 anos, morto em um acidente na madrugada do dia 15, tentava alertar os motoristas a n�o dirigir depois de beber. Os manifestantes protestaram contra a impunidade nos crimes de tr�nsito e percorreram 3,5 quil�metros, da Pra�a da Liberdade, no Bairro Funcion�rios, Regi�o Centro-Sul, ao local do desastre, no trevo do Bairro Belvedere, onde prestaram uma homenagem � v�tima.
F�bio morreu na hora, ao ter seu Ford Focus atingido violentamente pela Land Rover dirigida pelo estudante de odontologia Michael Donizete Louren�o, de 22, que apresentava sinais de embriaguez, segundo a pol�cia, mas na hora recusou-se a fazer o teste do baf�metro e s� oito horas depois fez exames no Instituto M�dico Legal. Imagens de uma c�mera de vigil�ncia entregues � pol�cia mostram a Land Rover e outro carro em alta velocidade antes do acidente.
M�e de F�bio, a servidora p�blica Ana Cristina Franco Pimentel conta que a manifesta��o foi organizada por amigos do estudante. “Queremos chamar a aten��o de todas as pessoas para que esse tipo de trag�dia pode ocorrer. A pessoa sai de casa sabendo que n�o pode associar bebida e dire��o, e ainda assim faz isso, sabe que est� cometendo uma infra��o, um crime de tr�nsito. Ela sabe que n�o vai acontecer nada”, acrescentou, ao defender puni��es mais severas. Ela preferiu n�o falar sobre seus sentimentos em rela��o ao motorista da Land Rover, temendo qualquer injusti�a, mas defende que todo mundo deva ser responsabilizado pelos seus atos. “Ele atropelou a nossa fam�lia inteira. Conseguiu acabar com a minha fam�lia toda”, lamentou.
Para o pai de F�bio, o empres�rio J�lio C�sar Fraiha, de 49, o movimento idealizado pelos amigos do filho, em ades�o a tantos outros movimentos j� existentes, no sentido de recrudescimento de medidas punitivas para motoristas homicidas, tem como objetivo demonstrar a indigna��o da sociedade civil e a mudan�a de atitude no tr�nsito, o que pode garantir um futuro melhor para todos. “Essa gera��o, da qual o meu filho fazia parte, pode e deve buscar modifica��es grandes e profundas, n�o s� na conduta das pessoas, mas na vis�o pol�tica dos governantes. Antes de mais nada, falta vontade pol�tica para mudan�a de situa��es extremas e tr�gicas como essa”, disse.
Solidariedade no sofrimento
Parentes de outras v�timas do tr�nsito prestaram solidariedade � fam�lia de F�bio. A professora e cantora L�via Tucci, de 57, perdeu a m�e, de 81 anos, em acidente de tr�nsito e fez quest�o de participar do protesto. “Sei realmente o que se passa no cora��o desses pais”, disse, lembrando que a m�e foi atropelada no dia 10, em Palho�a (SC). Segundo ela, a m�e respeitava as leis e sempre passava na faixa de pedestre, onde foi atropelada por um motoqueiro. “Temos que fazer alguma coisa para mudar as leis de tr�nsito. H� pessoas que ainda acham que dentro de um carro podem tudo”, disse.
O estudante Bernardo Junqueira, de 19, conta que at� hoje n�o consegue se acostumar com a perda do amigo F�bio. “Temos de mudar as leis e fazer com que as pessoas que bebem e matam no tr�nsito paguem pelo crime na pris�o. � triste saber que tr�s dias depois de matar o F�bio, o motorista pagou fian�a e est� solto, livre para fazer tudo de novo”, disse. Segundo Bernardo, muitos amigos dele tamb�m bebiam e dirigiam antes da morte de F�bio, mas depois do acidente tomaram consci�ncia do erro. “Minha recomenda��o � para que todos peguem t�xi”, acrescentou Bernardo.