
Depois do susto da noite de quinta-feira, faxina e contabilidade de preju�zos na manh� de ontem. Pela extens�o da opera��o limpeza, espalhada por toda a cidade, dava para ter no��o do alcance dos estragos provocados pela tempestade da noite de quinta-feira. Na Avenida Silviano Brand�o, um dos pontos mais atingidos, funcion�rios de lojas da via que separa os bairros Horto e Santa Tereza, na Regi�o Leste de Belo Horizonte, come�aram o expediente com rodos, vassouras, mangueiras e panos de ch�o nas m�os. Trabalho �rduo na tentativa de p�r fim � sujeira que restou do temporal do fim da tarde de anteontem, quando a �gua invadiu os estabelecimentos. M�veis, mercadorias, carros, computadores e eletrodom�sticos ficaram estragados. Ainda sem contabilizar as perdas, comerciantes se queixavam da falta de medidas da prefeitura para evitar os alagamentos. A reclama��o era a mesma entre moradores. Alguns tiveram que deixar suas casas �s pressas com medo da �gua. Funcion�rios da Superintend�ncia de Limpeza Urbana passaram toda a manh� varrendo ruas e retirando lixo que se acumulou ap�s a passagem da enxurrada.
Apesar de n�o estar na regi�o da cidade mais castigada pela chuva de anteontem – a Leste foi a quinta em acumulado de precipita��o, com 69,2 mm entre as 8h de quinta e as 8h de sexta-feira, segundo a Defesa Civil Municipal – ,a Avenida Silviano Brand�o se transformou em um verdadeiro rio de �gua barrenta e lixo no dia da tempestade. Em pouco mais de 20 minutos, carros foram arrastados e a �gua assustou pedestres.
A desagrad�vel not�cia de que a sexta-feria seria um dia dif�cil chegou por telefone para a dona da loja de m�veis Zabdi Interiores, Talita Cristina Rodrigues, de 25 anos, ainda durante a chuva. “Uma amiga me ligou dizendo que tudo estava alagado, desde o cruzamento com a Avenida Fl�vio dos Santos at� a Avenida dos Andradas. Fiquei apavorada. Quando cheguei hoje, o sof� mais caro da loja, de R$ 3,5 mil, estava com a base toda molhada”, contou a empres�ria ainda sem saber a que horas a faxina terminaria.
Assim como Talita, o comerciante Marco Aur�lio Gomes, de 52, ainda n�o tinha feito as contas do preju�zo. Na loja de m�veis dele, a Horto M�veis, camas, ber�os, estantes e sof�s foram atingidos pela �gua que entrou pelas portas da Avenida Silviano Brand�o e tamb�m pela parede que faz fundos com a Rua Pouso Alegre. “S� sei que vou ter um preju�zo muito grande. J� estou cansado disso. Todo ano � a mesma coisa. Em toda temporada de chuva perdemos produtos e pagamos a conta da falta de provid�ncias.”
Em 2009, a Avenida Silviano Brand�o recebeu obras de drenagem na esquina com Rua Felipe Camar�o, pr�ximo ao viaduto do metr�. Na �poca, forma investidos R$ 1,16 milh�o para amplia��o da rede que recebe �gua pluvial, na tentativa de resolver os constantes alagamentos. Mas ontem a �gua subiu quase dois metros no local. “Fizeram uma obra que n�o foi suficiente para acabar com o transtorno que enfrentamos todos os anos”, critica o comerciante Eustachio de Oliveira, de 75, que tem uma loja de tecidos e aviamentos na Rua Pitangui, na esquina com a avenida. Com funcion�rias, ele ontem retirava da loja produtos completamente encharcados. “Vou ver se d� para aproveitar alguma coisa. O que ficar estragado vou tentar vender com desconto de 50% ou enviar para doa��o.” N�o � a primeira vez que ele enfrenta o problema. Em 2008, conta, teve preju�zo de R$ 18 mil com as perdas provocadas pela chuva. O desfalque de ontem ainda n�o havia sido calculado.
PORTAS FECHADAS Por causa da limpeza, todos os lojistas afetados pelo temporal atrasaram o hor�rio habitual de abertura do com�rcio. Situa��o ainda pior enfrentou na loja de sapatos Lilu, na Avenida Gustavo da Silveira, no cruzamento com a Avenida Silviano Brand�o. O estoque j� vinha sendo refor�ado por causa do aquecimento das vendas do fim de ano, e parte dos produtos ficou completamente estragada. Todas as caixas de sapato e meias que estavam no ch�o foram atingidas pela �gua, que subiu pelo menos 20 cent�metros dentro do estabelecimento.
At� mesmo quem n�o � da regi�o foi afetado, caso do ambulante Alexandro Duarte Nogueira, de 40, que anteontem trabalhava no Horto vendendo cachorro-quente e bebidas. Com o alagamento, o carro dele foi arrastado. “Trabalhei tanto ontem para ganhar R$ 500 e vou gastar muito mais do que isso para consertar meu carro. Esses alagamentos na cidade s�o uma vergonha. N�o � a primeira vez que isso acontece. � preciso dar um basta.”
Enquanto a solu��o n�o vem, a comerciante Neia Guimar�es, de 43, prefere se adiantar. Ela, que precisou sair �s pressas de casa ontem, com medo da �gua, garante que vai procurar outro endere�o para morar. Est� no Horto h� pouco mais de um ano e j� viu a �gua subir duas vezes. “O propriet�rio disse que o problema tinha sido acabado ap�s a obra da prefeitura. Mas parece que a obra n�o foi bem feita ou n�o est� dando conta. N�o quero esperar para ver no que vai dar”, diz.

INTERDI��O Ontem, funcion�rios da Defesa Civil estiveram em um pr�dio na Rua Zirc�nio, 514, no Bairro Camargos, Regi�o Oeste da capital, para vistoriar o im�vel, onde um muro de conten��o cedeu por causa da chuva. Dos dois blocos que haviam sido interditados, um j� foi liberado. O outro permanece com acesso restrito, diante da recomenda��o da contrata��o de pessoal especializado para fazer obras de conten��o e reparo.
Pane el�trica
At� o fim da tarde de ontem, os danos provocados pelo temporal de quinta-feira na rede el�trica eram vis�veis em v�rios pontos de Belo Horizonte. Segundo a Cemig, durante a noite e a madrugada havia 171 funcion�rios trabalhando para restabelecer o fornecimento de energia. At� a manh� de ontem, esse n�mero mais que dobrou, chegando a 353. No entanto, at� o in�cio da tarde de ontem muitos estabelecimentos e resid�ncias em diversas regi�es permaneciam sem eletricidade. Por isso, clientes de bancos e de loterias n�o puderam sequer entrar em diversas ag�ncias. A expectativa da companhia era de que em pouco mais de 24 horas quase todos os pontos que tiveram seu fornecimento interrompido tivessem esse problema sanado. O dia foi de caos tamb�m nos sinais de tr�nsito. Pela manh�, a pane era completa na Avenida Nossa Senhora do Carmo, no Sion, Regi�o Centro-Sul. Aqueles que queriam atravessar a avenida ficaram sem ter o que fazer, por volta das 11h. Por volta das 12h30 agentes da BHTrans passaram a orientar a travessia dos cruzamentos.