
A qualidade do ar na capital mineira continua piorando, segundo estudo in�dito apresentado ontem pela Prefeitura de Belo Horizonte durante workshop do 2º Invent�rio de Emiss�o de Gases de Efeito Estufa, no Parque Tecnol�gico (BH-Tec). Os dados, referentes ao ano de 2010 e s� agora compilados, mostram que o patamar de emiss�es de di�xido de carbono (CO2), o principal g�s relacionado ao efeito estufa, alcan�aram 3,75 milh�es de toneladas. O n�mero � 18% maior que em 2007, ano do 1º invent�rio, quando 3,18 milh�es de toneladas do g�s t�xico haviam sido despejados. Em rela��o a 2000, as emiss�es subiram 45% . Mesmo com os resultados ruins, a prefeitura manteve a meta que tra�ou em 2009 de reduzir a polui��o e alcan�ar em 2030 n�veis de 12 anos atr�s.
Analistas da administra��o municipal consideram que o grande vil�o foi o salto na compra de ve�culos e a utiliza��o de transportes de combust�veis f�sseis, respons�veis por 71% das emiss�es em 2010. Os setores comercial, residencial e institucionais representaram 19% da polui��o lan�ada no ar. O tratamento de res�duos e de esgoto, por sua vez, contribuiu com 10% das emiss�es nocivas. O CO2, al�m de significar uma piora na qualidade do ar, contribui para o efeito estufa, pois ao se concentrar na atmosfera absorve a radia��o infravermelha do sol e que deveria se dispersar no espa�o. � um dos culpados por alguns cientistas pelo aquecimento que certas �reas v�m experimentando.
O aumento significativo da frota no per�odo refor�a a teoria de que o setor de transportes � o principal vil�o entre as fontes poluidoras. H� 12 anos havia 679 mil ve�culos emplacados na capital mineira, segundo a BHTrans. Em 2010, ano da compara��o, a quantidade praticamente dobrou, chegando a 1.340.071 (97%). S� este ano, o ritmo de emplacamentos at� setembro foi de 195 carros por dia, totalizando 1.496.604 unidades. Isso sem contar os ve�culos da Grande BH que circulam na cidade todos os dias. “Al�m de termos mais ve�culos, contribuiu tamb�m para aumentar as emiss�es o fato de a gasolina ter sido mais usada, por ser economicamente mais vi�vel do que o �lcool, que � menos poluente”, afirma gerente de Planejamento e Monitoramento Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Weber Coutinho. Os dados do invent�rio mostram que houve acr�scimo de 50% no uso de gasolina no per�odo 2000/2010.
O workshop serviu para apresentar os dados aos t�cnicos da prefeitura e do governo de Minas, a organiza��es n�o-governamentais e a entidades de defesa e preserva��o do meio ambiente. De acordo com Coutinho, outros dois encontros ser�o organizados at� abril do ano que vem, quando se espera que as solu��es para reduzir as emiss�es possam ser apresentadas. “O prefeito Marcio Lacerda (PSB) vai anunciar na �poca os resultados dos grupos de estudos e as medidas que ser�o adotadas para reduzir a polui��o do ar da capital”, diz Coutinho.
Mais carros
O doutor em planejamento de sistemas energ�ticos e coordenador do Centro de Pesquisas Hidr�ulicas e Recursos H�dricos da UFMG, Carlos Martinez, considera a situa��o alarmante. “A alta (nas emiss�es) � significativa. O resultado foi impulsionado pelo crescimento econ�mico, refletido no consumo de carbono por nossa depend�ncia dos combust�veis f�sseis”, avalia. Para o especialista, outro problema que contribuiu para �ndices de emiss�es altos, mesmo quando a economia n�o vai t�o bem, � a inefici�ncia dos autom�veis que aqui circulam. “Nossos ve�culos poluem mais que os que circulam em pa�ses mais exigentes. Esses ve�culos flex mesmo s�o terr�veis, pois n�o funcionam dentro da capacidade �tima com nenhum dos combust�veis”, compara.
A prefeitura admite que, para come�ar a reduzir as emiss�es nos pr�ximos anos, uma das principais medidas deve ser melhorar o transporte p�blico. “O metr� ser� uma grande solu��o pois polui pouco e leva mais pessoas, causando menos impactos do que se esses passageiros estivessem dentro de carros, por exemplo”, diz Weber Coutinho, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Ele reconhece que os meios de transporte oferecidos atualmente tamb�m precisam de melhorias. “Os passageiros precisam ter ofertas de seguran�a e conforto para serem atra�dos aos �nibus e outros meios de transportes. Outra medida que precisa ser tomada � fazer com que a frota circule com biocombust�veis, como o biodiesel, o g�s natural veicular e o �lcool”, enumera.