
N�o h� lugar no espelho d’�gua de 42 quil�metros quadrados da Lagoa da Pampulha que escape � polui��o. A constata��o visual dos frequentadores do cart�o-postal da capital mineira foi confirmada pelo �ltimo laudo do Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam), referente a janeiro, fevereiro e mar�o deste ano. Durante os levantamentos feitos a partir da coleta de amostras em 26 esta��es nos mananciais da bacia, o reservat�rio apresentou em todos os exemplares n�veis de coliformes fecais (presentes no esgoto dom�stico) acima do tolerado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
Nunca um levantamento do Igam havia mostrado contamina��o t�o sistem�tica a ponto de comprometer 100% das amostras. No ano passado, por exemplo, os coliformes estavam presentes em 92% das esta��es, sendo que em 2010 eram 87%. No que se refere ao �ndice de qualidade da �gua, tamb�m medido pelo Igam, o n�vel considerado “bom” virtualmente desapareceu: caiu de 4% em 2011 para zero em este ano. Somados, os n�veis “ruim” e “muito ruim” tamb�m tiveram queda – de 75% para 65%. Nos estudos realizados desde 2007, a qualidade da �gua jamais mereceu a classifica��o “excelente”. Ontem, o governo do estado iniciou os preparativos para uma sonda que vai monitorar em tempo real a qualidade da �gua do lago.
O laudo do Igam aponta que os poluentes mais t�xicos encontrados na bacia da Pampulha s�o o nitrog�nio amoniacal, fen�is, cianeto livre e zinco. O nitrog�nio, que � um nutriente para as plantas, em grandes quantidades pode levar ao processo de superpovoamento de algas nos rios e lagos. As elevadas concentra��es de nitrog�nio amoniacal e fen�is verificadas na Bacia da Pampulha est�o associadas aos lan�amentos dos esgotos dom�sticos dos munic�pios de Belo Horizonte e Contagem, al�m dos efluentes industriais, particularmente de ind�strias que apresentam elevada carga org�nica nos efluentes como aliment�cia, t�xteis e papel, bem como das interfer�ncias dos aterros sanit�rios presentes na regi�o. Os resultados de cianeto livre e zinco total refletem os impactos dos lan�amentos de efluentes industriais como de empresas t�xteis, metal�rgicas e galv�nicas presentes principalmente no munic�pio de Contagem.
Sem melhorias
Para Jos� Fernandes, professor de liminologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o estudo do Igam mostra que n�o houve medidas efetivas desde 2007 que tenham contribu�do para despoluir o lago. “Do ponto de vista cient�fico, pouco se alterou ao longo dos anos. As modifica��es em termos de qualidade de �gua foram pequenas e s� demonstram que nenhuma a��o concreta resultou numa melhoria efetiva das �guas”, disse. Diante dos resultados, o professor classifica a lagoa como “muito polu�da”. “Os dados mostram uma �gua de p�ssima qualidade. A presen�a dos coliformes fecais em todas as amostras s�o sintomas do despejo de esgoto dom�stico. � da� que vem o mau cheiro que domina a orla”, diz.
Outro detalhe importante � a an�lise do C�rrego da Pampulha, que tira �gua do reservat�rio e a leva para a bacia do Ribeir�o da On�a. “A alta concentra��o de coliformes e de outros poluentes acima dos par�metros da legisla��o mostra que a polui��o que entra n�o fica contida na Pampulha, mas continua a migrar”, avalia Jos� Fernandes. Outro problema pouco conhecido � a contamina��o dos sedimentos, uma vez que o Igam s� analisa a qualidade da �gua.