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Estado de Minas

Pris�es de policiais n�o levam paz ao Vale do A�o

Para familiares de rep�rteres executados e outros profissionais de imprensa do Vale do A�o, deten��o de policiais � s� primeiro passo. Cabo da PM seria o pr�ximo alvo de for�a-tarefa


postado em 21/04/2013 06:00 / atualizado em 21/04/2013 08:03

Ipatinga – A pris�o preventiva de dois policiais civis que s�o investigados por envolvimento com o grupo respons�vel pelo assassinato de dois jornalistas e por mais de 20 homic�dios no Vale do A�o n�o foi suficiente para trazer de volta a seguran�a a familiares das v�timas e integrantes da imprensa da regi�o. A dupla foi presa pela for�a-tarefa composta por policiais de Ipatinga e de Belo Horizonte, na tarde de sexta-feira. Para quem se sente amea�ado pela a��o do suposto esquadr�o da morte, as investiga��es – que ontem teriam resultado na pris�o de um cabo do 14º Batalh�o da PM, n�o confirmada oficialmente pela Pol�cia Civil – s�o apenas o primeiro passo de um longo trabalho.


O fato de um dos presos ser m�dico-legista trouxe ainda mais suspeitas aos familiares do fot�grafo Walgney Carvalho, de 43 anos, executado no �ltimo domingo, em Coronel Fabriciano. “Ele trabalhava para os legistas e para os policiais da per�cia, al�m de entregar fotos e informa��es para os jornais. N�o sei at� onde isso pode ter rela��o com essas pris�es”, disse uma parente do rep�rter fotogr�fico que pede para n�o ser identificada. “N�o sei o que pode ter ocorrido com ele. Estamos no escuro, sem saber de nada das investiga��es. Mesmo com as pris�es, ainda n�o d� para sentir seguran�a”, disse. Ontem, as duas delegacias permaneceram fechadas.

De acordo com a Comiss�o de Direitos Humanos (CDH) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), h� pelo menos 20 policiais envolvidos em mais de 20 homic�dios denunciados pelo rep�rter do Jornal Vale do A�o Rodrigo Neto, morto na madrugada de 8 de mar�o, e por seu colega, o fot�grafo Walgney. “Ainda vai levar tempo para termos seguran�a para trabalhar. As pris�es s�o um in�cio, mas muito mais ter� de ser feito. N�o adianta tamb�m prender, como se fez antes, e a Justi�a n�o condenar os envolvidos”, declarou ontem um dos participantes do Comit� Rodrigo Neto, formado por jornalistas da regi�o para acompanhar o desenrolar das investiga��es.

Antes das pris�es, o chefe da Pol�cia Civil de Minas Gerais, delegado Cylton Brand�o da Matta, afastou dois delegados das chefias de departamento e nomeou o subcorregedor, delegado Elder D’�ngelo, para a chefia do 12º Departamento, que coordena o trabalho de seis delegacias regionais: Ipatinga, Jo�o Monlevade, Itabira, Caratinga, Manhua�u e Ponte Nova. Juntas, essas regionais comandam a Pol�cia Civil em 97 munic�pios. Ele acumular� o cargo de chefe e de subcorregedor. O delegado regional, Walter Felisberto, que estava afastado por problemas de sa�de, foi trocado pela delegada Irene Ang�lica Franco e Silva Guimar�es, que estava no Departamento de Crimes contra a Vida. Cinco testemunhas da regi�o foram levadas para locais seguros em outros estados.

Exilados

Uma parente pr�xima do rep�rter assassinado, que n�o quer aparecer por medo de repres�lias, tamb�m declara que as pris�es est�o longe de lhe devolver a paz. “Ainda mais depois do que aconteceu no �ltimo domingo (a morte do fot�grafo). Estou apavorada. Em p�nico. N�o sei de nada que possa comprometer a nossa seguran�a, mas ainda assim a gente perde toda a confian�a”, desabafou. De acordo com a mulher, a s�rie de assassinatos e a impossibilidade de contar com a pol�cia local a obrigaram a ficar exilada e com medo, juntamente com o filho.

Rep�rteres locais tamb�m n�o consideram que o ambiente tenha melhorado. “Estamos cumprindo nossa obriga��o, mas com medo. N�o queremos nos expor al�m da obriga��o, porque nossas vidas est�o em jogo e n�o h� ningu�m que possa assegur�-las, nem mesmo o poder p�blico”, diz um profissional de um dos tr�s jornais di�rios de Ipatinga.

Inquieta��o entre parentes das v�timas

 

Mototaxista Juninho seria um dos executados pelo esquadrão(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Mototaxista Juninho seria um dos executados pelo esquadr�o (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Apesar de todo o aparato de investiga��o montado no Vale do A�o e das primeiras pris�es, familiares das v�timas de assassinatos denunciados pelo rep�rter Rodrigo Neto n�o se sentem livres das a��es do que consideram um grupo de exterm�nio que age na regi�o. Pior ainda � a situa��o daqueles cujos crimes n�o integram os 14 inqu�ritos investigados pela pol�cia, j� que o jornalista preparava mais mat�rias sobre v�timas do mesmo grupo criminoso, como tem mostrado o Estado de Minas. “Quando colaborei com a pol�cia, durante as investiga��es sobre a morte de meu irm�o, recebi v�rias amea�as”, lembra um dos oito irm�os do mototaxista Diunismar Vital Ferreira, o Juninho, de 41, umas das v�timas dos crimes que Rodrigo Neto ainda iria denunciar nas p�ginas do jornal em que trabalhava.

“Recebi mensagens no celular de telefones sem identifica��o que diziam: pare de tentar descobrir o que aconteceu, ou voc� ser� o pr�ximo”, lembra. Diante disso, o irm�o de Juninho simplesmente parou de se envolver no caso. “Tenho filho. Gostava demais do meu irm�o, mas o que pude fazer, j� fiz. Meu depoimento est� l� (com a pol�cia). Agora, que eles fa�am seu trabalho e prendam os assassinos”, cobra.

Juninho foi morto em 2007 numa padaria da Avenida Macap�, no Bairro Veneza I, no meio de clientes e funcion�rios. Um motociclista de capacete entrou no estabelecimento e acertou seis dos 11 tiros disparados no seu alvo. Segundo testemunhas, a v�tima estava namorando uma mulher que tamb�m tinha caso com um capit�o da Pol�cia Militar. Um dia antes de ser assassinada na padaria, a mulher o amea�ou. “Ela disse: ‘De hoje voc� (Juninho) n�o passa’”, lembra o irm�o da v�tima.


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